Clássico Atletiba volta a movimentar a cidade

Quem estava com saudades do maior clássico do Estado, pode comemorar. Coritiba e Atlético fazem hoje, a partir das 18h, no Couto Pereira, o primeiro duelo de um ano que pode entrar para a história do confronto. Após duas temporadas separados no Brasileirão, com apenas um Atletiba disputado (2 a 2 na Baixada, ano passado), a dupla pode se encontrar até nove vezes em 2008. É a retomada da maior tradição do futebol paranaense.

Por enquanto, três confrontos estão confirmados. Além do jogo de hoje, alviverdes e rubro-negros se enfrentarão duas vezes pelo Brasileiro. Mas o destino pode colocar outros seis clássicos no caminho dos rivais. Mas este é o primeiro, e mesmo em uma fase preliminar, vale muito. Principalmente para quem estará no banco – os ?novatos? em Atletibas Dorival Júnior e Ney Franco.

Só no estadual, outras quatro partidas podem acontecer. Se os dois se classificarem para a 2.ª fase, e ficarem no mesmo grupo, serão mais dois duelos. Caso ambos avancem, podem se encontrar novamente na decisão, com o troféu sendo disputado em outros dois Atletibas.

Ainda há a possibilidade de o Coxa topar com o Furacão na Copa do Brasil. Se isso acontecer, serão mais dois duelos de parar a cidade, já que os caminhos dos arqui-inimigos só se cruzam na final. Seria a primeira vez que o Atletiba decidiria um título nacional.

Como tudo isso pode ficar apenas no âmbito das possibilidades, o melhor é aproveitar ao máximo o clássico desta tarde. Será a 347.ª vez que Coritiba e Atlético estarão frente a frente em um campo de futebol, contando torneios oficiais, amistosos e os jogos de 15 minutos do antigo Torneio Início.

Para o Coxa, será a primeira possibilidade de medir forças com um adversário da Série A nacional, após a conquista do título da Segundona.

A juventude e a qualidade do trio Henrique (que está indo pro Palmeiras), Pedro Ken e Keirrison é mais uma vez a principal aposta da torcida alviverde.

O Furacão tenta manter uma invencibilidade de cinco jogos sobre o rival. A última derrota foi há três anos, no estadual de 2005.

Os colombianos Valencia e Ferreira e o zagueiro-artilheiro Rhodolfo carregam as maiores esperanças da galera rubro-negra. E são quatro anos de invencibilidade jogando no Alto da Glória – apesar de nos últimos dois anos não terem acontecido jogos no campo do Coxa. Mas vale na hora da discussão entre os torcedores, que depois de muito tempo retomaram as ?provovações? que antecedem os Atletibas.

Cautela e caldo de galinha

Foto: Valquir Aureliano

Do lado do Furacão, igualmente no banco, outro novato entra para a história: Ney Franco também encara pela primeira vez o arquirrival.

Só que, desta vez, a disputa verbal não chegou aos clubes. Mesmo as diretorias preferiram a cautela nos dias que antecederam o clássico. A definição de carga de ingressos não gerou polêmicas, as torcidas organizadas acataram as orientações da Polícia Militar sem reclamações, os dois times se prepararam sem sustos (são os únicos com três vitórias no Paranaense) e as equipes estão definidas, ao contrário dos mistérios inacreditáveis de clássicos anteriores – que tiveram desde Jorjão escalado de centroavante no Coritiba até Abel Braga impedindo os jogadores do Atlético de assinarem a súmula.

A tranqüilidade da semana tem muito a ver com o estilo de trabalho dos dois técnicos -nomes emergentes no cenário nacional. Do lado coxa, Dorival Júnior chegou há pouco, mas conhece a tradição do Atletiba por ter sido jogador alviverde. Seu estilo sereno e afeito à aparições contrasta com seu antecessor, o ?fulgurante? René Simões. Do lado atleticano, Ney Franco arranca elogios até dos rivais pelo seu jeito concilador e pela qualidade no trabalho.

São dois profissionais que gostam de bom futebol – Ney Franco fez do Ipatinga uma equipe de nível (e a continuidade do que fizera levou o time mineiro à Série A) e Dorival Júnior montou um Cruzeiro muito ofensivo no ano passado.

Nas entrevistas dos últimos dias, foram enfáticos ao dizer que esperam uma grande partida no Couto Pereira.

E é possível acreditar neles.

Pedro Ken tem a missão de reger o meio-de-campo

Foto: Valquir Aureliano
Cobiçado por vários clubes, ?japonês? quer se firmar como craque no Alto da Glória.

Alguns clubes até tentaram, mas nenhum conseguiu convencer a diretoria do Coritiba e o próprio meia Pedro Ken de que é hora de deixar o Alto da Glória. Polivalente, atuando ano passado em várias posições, este ano o piá do CT da Graciosa deverá se fixar na real posição. Uma chance de se consolidar como craque e maestro alviverde. Nas graças da galera ele já caiu e a pressão para que os dirigentes o mantivessem no elenco deu resultado. Pelo menos por enquanto, o ?japonês? pretende continuar brilhando com a camisa do Coxa e, quem sabe, no Atletiba de hoje, às 18h, no Couto Pereira.
?Aqui no Couto voltei à minha posição, mas no último jogo eu tive que marcar um pouquinho mais e não saí muito para o jogo. Depende da partida, mas o principal desse ano é que eu não estou saindo muito do meio e indo para a lateral?, analisa o jogador. Bem diferente de 2007, quando ele era lateral, ala, volante, meia e até atacante. ?Jogar sempre no meio-de-campo facilita para mim e eu espero poder corresponder e fazer a minha parte. Se eu sou o maestro ou não, não sei, quem tem que dizer é o pessoal?, aponta.

Regularidade

Diante do Atlético, o maestro Pedro Ken garante que não há favorito. ?Não tem favoritismo e você pode esperar de tudo. Sabemos que eles estão bem, é uma equipe que manteve a base do ano passado e que está vindo de um ano bom?, diz. Mas, como não poderia ser diferente, ele quer o Coritiba mantendo o 100% em casa. ?Esperamos nos preparar bem e nos concentrarmos porque será difícil e temos que manter a regularidade dentro de casa?, destaca.

De qualquer forma, para hoje, ele não faz projeção do que pode acontecer. ?Cada clássico é diferente um do outro. Às vezes, o jogo será um pouco mais cadenciado ou então daqueles que vai mais na vontade e na dedicação. Não dá para saber.

Por isso, temos que estar prontos para o que vier do outro lado?, afirma. E nem a juventude coxa contra a experiência rubro-negra parecer pender para um lado.
?O time jovem no ano passado conseguiu chegar. Lógico, com a ajuda da experiência, mas a juventude foi muito importante na conquista do título da Série B?, finaliza Ken.

Elenco renovado e cheio de estreantes

Depois da saída de vários jogadores veteranos no final do ano passado, o Coritiba rejuvenesceu sensivelmente e o primeiro reflexo é a estréia de vários jogadores no Atletiba. Além disso, outros titulares só disputaram a Série B e pegam o arqui-rival hoje pela primeira vez. Entre os estreantes em clássicos estão o goleiro Edson Bastos, o lateral-direito Gilberto Flores, o zagueiro Jéci, o volante Careca, o meia Renatinho e o atacante Hugo, além do próprio técnico Dorival Júnior, que só sabe como é o confronto como jogador. Por isso, ninguém esconde a vontade de entrar em campo.

?Atletiba é diferente, não é? Você escuta várias coisas, as pessoas falam que é diferente. Eu joguei no júnior e tive a oportunidade de ganhar os dois jogos, no Couto e no CT?, aponta o atacante Hugo.

Juventude

Isso também vale para Renatinho, que tem apenas 19 anos e três jogos no time principal do Alviverde. ?Vai ser uma emoção muito grande, poder entrar e ver essa torcida. Tem que ter a cabeça fria, fazer um bom trabalho e aquilo que
o treinador pede?, revela.

De acordo com Dorival Júnior, a maior experiência do Atlético pode ser um diferencial, mas a juventude coxa-branca também tem sua vantagem. ?Tem os prós e os contras, mas é tudo isso que faz e embeleza um clássico como esse. Nós temos que valorizar cada vez mais porque são partidas importantes, aquelas que todos nós esperamos e que gostamos de atuar?, finaliza o treinador, que não faz nenhum mistério e mantém a base que vem atuando no Paranaense.

A única alteração será a entrada de Ricardinho no lugar de Carlão. O zagueiro Henrique, negociado com o Palmeiras, fará sua despedida do Coxa. (RS)

Colaborou Cahuê Miranda

Personagens que podem selar a sorte do clássico

Na teoria, ele seria um ?coadjuvante de luxo? das estrelas Pedro Ken e Keirrison. Mas Henrique é o personagem alviverde do Atletiba. Ele fará sua última partida com a camisa do Coritiba, e certamente – pelo seu espírito de luta e pelo fato de ser um torcedor coxa – vai querer sair do clube com uma vitória sobre o maior rival. Seria o presente dele, ou melhor, seria o cartão de despedida do zagueiro na véspera de seu anúncio como jogador do Palmeiras.

Herança

O torcedor atleticano é exigente com seus camisas 9. Ser o centroavante do Atlético é ter a obrigação de honrar a tradição de anos – pensando só nos últimos tempos, é herdar a camisa que foi de Lucas, Washington e Alex Mineiro (sem contar Kléber, que era o 11). Rodrigão vive essa pressão, ainda mais com a ?sombra? Marcelo Ramos a lhe incomodar no banco. Se tiver a calma necessária – e se for devidamente municiado -, Rodrigão pode decidir o Atletiba. (CT) 

Foto: Valquir Aureliano

Meia é o responsável pela criação das jogadas ofensivas e cobranças de bola parada.

Netinho quer fazer a diferença no clássico

Se detalhes decidem clássicos, no Atletiba de hoje, às 18h, no Alto da Glória, Netinho espera decidir em favor do Atlético. O camisa 10 é o responsável por armar jogadas e criar lances de perigo ao adversário. No caso do Furacão, são dos pés dele que originam-se as cobranças de bola parada, jogadas exaustivamente treinadas por Ney Franco e que têm dado as vitórias ao time da Baixada.

Se nas assistências o meia está satisfeito com o seu aproveitamento, no decorrer dos jogos ele ainda acredita que tem muito a evoluir. E não há confronto melhor para mostrar serviço do que um clássico. Ele relembra que durante sua passagem pelo Náutico (2006), foi em um clássico contra o Sport que ele começou a mostrar seu bom futebol o que lhe rendeu muito prestígio no Nordeste do País. ?Clássico pode ser um divisor de águas. É onde aparecem os grandes jogadores?, afirmou Netinho, complementando que uma vitória fora de casa, num clássico, eleva a moral do jogador e do grupo para o restante da competição.

O camisa 10 fará praticamente sua estréia em Atletibas, pois só participou de um deles, no ano passado, e atuando por oito minutos. Ele diz estar ansioso por iniciar um jogo tão importante e que pretende atuar bem, relembrando seus melhores momentos. ?No Atlético ainda não mostrei toda a minha qualidade, mas venho ajudando de alguma forma. Espero que hoje possa me soltar ainda mais?, confessou.

Sobre o rendimento nas cobranças de bola parada ele atribui esse bom momento ao treinamento exaustivo que tem realizado e também a boa fase dos zagueiros que têm completado bem seus cruzamentos. ?São 50, 60 cobranças de cada lado e a perna da gente fica até a ficar inchada. Mas no jogo tem dado resultado e a bola parada tem sido decisiva para nós em partidas difíceis?, explicou.

Mas uma coisa tem incomodado Netinho: a falta de gols. O armador não marca desde setembro do ano passado, quando fez seus únicos gols na temporada 2007. ?Incomoda, mas tem que ter tranqüilidade. Eu me cobro bastante, familiares e torcida também. Fico feliz com minhas assistências, mas é sempre bom marcar gols?, afirmou. Para ele, no clássico de logo mais, a torcida verá em campo um jogador diferente das últimas partidas, um armador que vai se doar ao máximo, chamar a responsabilidade pra si e, quem sabe, marcar gols.

Então, se clássico é decidido em detalhes, que as cobranças de bola parada de Netinho sejam essa diferença. É o que a nação rubro-negra espera.

Objetivo é manter o tabu no Couto Pereira

Manter o tabu no Couto Pereira é um dos objetivos do Atlético hoje. A última derrota do time da Baixada no estádio do rival foi em 10 de abril de 2004, jogo válido pelo Paranaense.

De lá pra cá foram mais dois confrontos na casa do adversário e ambos vencidos pelo Atlético e com o mesmo placar – 2 a 1. Para o jogo de logo mais, o Atlético não tem segredos e vai pra cima do Verdão com o time que já é conhecido do seu torcedor.

Mas engana-se quem pensa que o Furacão entra em campo carregando certo favoritismo devido aos últimos triunfos sobre o Alviverde. O técnico Ney Franco, inclusive, usa a estratégia de empurrar a responsabilidade de vitória para o rival, principalmente por jogar em casa. ?Estamos trabalhando em cima desse favoritismo do Coritiba para chegarmos lá e surpreender. Nossa equipe vai ter atitude e sabemos bem como jogar?, analisou Franco.

Nem mesmo a possibilidade de ter iniciado o trabalho deste ano com um elenco conhecido e pouco modificado, situação diferente do Coritiba, é encarado por Ney Franco como uma vantagem sobre o técnico adversário. ?O Dorival é estudioso. Deve ter acompanhado o Coritiba na temporada passada e já teve a oportunidade de dirigir a equipe dele por três vezes. Então, não vejo nenhuma vantagem para o treinador do Atlético nessa questão (de conjunto). Há outros detalhes que igualam o jogo, como o mando de campo, e são os jogadores que podem desequilibrar?, comentou.

Sobre a vantagem atleticana nos últimos confrontos, o comandante atleticano não leva em conta. ?É coisa antiga e clássico é feito de detalhes. Vence quem tiver mais vontade e disposição aliada a força física. E também a parte tática, sabendo jogar com a bola e marcando bem o adversário? finalizou. (CB)

Coritiba x Atlético

Horário: 18h

Local: Estádio Couto Pereira

Coritiba

Édson Bastos; Gilberto, Henrique, Jeci e Ricardinho; Careca, Rodrigo Mancha, Pedro Ken e Renatinho; Keirrison e Hugo

Técnico: Dorival Jr.

Atlético Paranaense:

Vinicius; Danilo, Antonio Carlos e Rhodolfo; Jancarlos, Valencia, Claiton, Netinho e Michel; Ferreira e Marcelo Ramos (Rodrigão)

Técnico: Ney Franco

Árbitro: Maurício Batista dos Santos

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