O clima de Atletiba tomou conta da discussão sobre a Copa do Mundo de 2014 em Curitiba. Vereadores ligados ao Coritiba querem incluir o Couto Pereira no projeto de lei que institui potencial construtivo à Arena da Baixada. Iniciativa que já recebeu reposta negativa da prefeitura.

continua após a publicidade

A proposta foi apresentada ontem, em audiência pública na Câmara Municipal, pelo vereador Felipe Braga Cortes (PSDB), que é conselheiro do clube alviverde. “Uma comissão do Conselho Deliberativo procurou vereadores para apresentar um substitutivo que contemple o Coritiba”, explica.

O documento altera a mensagem enviada pelo prefeito Luciano Ducci na súmula e em três artigos. Com as mudanças, o texto instituiria potencial construtivo também ao Couto Pereira, “no valor de até dois terços do valor orçado para obras de adequação do estádio para treinamentos técnico-coletivos e amistosos pré-Copa do Mundo e de centro de treinamento a ser utilizado para preparação física das seleções nacionais”.

Assim, o valor máximo dos títulos que serão cedidos pela prefeitura sobe de R$ 90 milhões para R$ 180 milhões. “Estamos monitorando essa questão junto com a bancada do Coritiba. O processo sempre foi conduzido para que todos tivessem o mesmo benefício”, diz Cortes.

continua após a publicidade

Na cópia do documento distribuído à imprensa, o campo reservado aos nomes dos vereadores que apresentam o substitutivo está em branco. Durante a audiência de ontem, nenhum outro parlamentar se manifestou a favor da proposta.

A ideia, porém, foi descartada pelos representantes da prefeitura que participaram. “Não vejo sentido em isonomia. Não estamos dando um recurso ao Atlético, mas para viabilizar a Copa do Mundo na cidade. Os outros clubes não estão participando”, defende o presidente do Instituto de Planejamento Urbano (Ippuc), Cléver de Almeida.

continua após a publicidade

“Para treinamentos, talvez alguns locais sejam contemplados com recursos federais ou mesmo do Estado”, completa a secretária municipal de Urbanismo, Suely Hass.

Barrado

O líder do prefeito na Câmara, Mário Celso Cunha (PSB), que é conselheiro do Atlético, descartou a possibilidade de o substitutivo ser aprovado na Casa. “Qualquer substitutivo descaracteriza o projeto de lei e inviabiliza o convênio assinado com o governo do estado e a prefeitura. Parece que esse é o objetivo. Se for oficialmente apresentado, será derrubado em plenário”, garante.

Mario Celso, porém, não descartou a possibilidade que Coritiba e Paraná Clube recebam algum benefício no futuro. “Mas para isso tem que haver projetos. Se futuramente forem apresentados, pode ser que recebam o benefício”, conclui.

Populares pedem voz na Copa

A ação popular na discussão sobre os projetos ligados à Copa também gerou polêmica na audiência pública. Entidades de classe, associações e ONGs cobraram da prefeitura e do governo do Estado mais participação e a apresentação de projetos alternativos à Arena da Baixada.

O secretário especial do Estado para assuntos da Copa, Algaci Túlio, questionou o momento das cobranças. “Faz dois anos que se fala na realização da Copa do Mundo em Curitiba. Nenhuma entidade apresentou qualquer proposta ao governo.”

A colocação de Algaci foi rebatida aos gritos por alguns que acompanhavam a audiência. “Ninguém nos procurou”, “não fomos ouvidos”, responderam.

Participaram da audiência representantes de entidades como Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Sindicato dos Arquitetos e até do Movimento Nacional da População de Rua.

“Gostaria de citar o exemplo da Bahia, que pega moradores de rua e os capacita como guias tur&ia,cute;sticos. Poderíamos ter um convênio com a prefeitura para dar capacitação a estes desabrigados”, destacou o representante do movimento, Vilmar Rodrigues.