O advogado José Cid Campêlo Filho, ex-vice-presidente do Atlético, abriu os depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo ontem na Assembleia Legislativa, mas sem apresentar novidades relacionadas às denúncias que fez sobre má gestão de recursos na reforma da Arena da Baixada. Em outubro, ele trouxe à tona o favorecimento do presidente do clube e da CAP S/A, Mário Celso Petraglia, a familiares na escolha de prestadores de serviços.
Logo após o depoimento, foi sugerido que Cid entregue cópias de toda documentação relacionada às contratações da Kango Brasil Ltda, que tem Mário Celso Keinert Petraglia como sócio, e da Carlos C. Arcos Ettlin Arquite(c)tura, de propriedade de Carlos Arcos, respectivamente filho e primo de Mário Celso Petraglia.
Por esse motivo, o presidente do Atlético já está convidado pela CPI para, na próxima terça-feira, prestar depoimento, mas sem a comissão utilizar de convocação ainda. “Se eu estou sendo apontado como mau gestor de dinheiro público, eu faria questão de falar e fica aqui o convite”, explica Fábio Camargo (PTB), presidente da CPI. O deputado Gilberto Ribeiro (PSB) também questionou a moralidade de se contratar familiares quando há recursos público envolvidos. “Eu não posso ter parente aqui porque mexo com dinheiro público. Aqui é uma coisa e lá é outra?”, diz.
Ontem também ficou definido que representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vão ser convidados a participar de todo o processo e a condução das obras, assim como o Tribunal de Contas do Paraná tem feito. “O presidente [do TC] Fernando Guimarães, disse que vem pessoalmente nos entregar os contratos e vamos torná-los públicos”, afirmou Fábio Camargo, que assim como os outros parlamentares quer a transparência dos contratos o mais breve possível.
Transparência também voltou a ser cobrada por Cid Campêlo, que recebeu uma notificação extrajudicial da CAP S/A para não falar mais sobre o assunto. “Pedem para eu não falar com a imprensa. Mas nunca que eles vão me calar”, afirma Cid.
Na Câmara
Hoje, a comissão de Urbanismo e Obras Públicas da Câmara Municipal voltará a discutir o repasse à CAP S/A de R$ 60 milhões em títulos de potencial construtivo determinado pelo prefeito Luciano Ducci (PSB), por meio de decreto publicado no dia 30 de outubro. Os vereadores convidaram representantes do Ministério Público e da Secretaria Municipal de Urbanismo para participarem da reunião. “Queremos ter o entendimento. O que muda é que não tínhamos uma posição do Tribunal de Contas de que o dinheiro de potencial construtivo é público”, explica o vereador Felipe Braga Côrtes (PSDB). Os R$ 60 milhões em títulos serão repassados à CAP S/A em parcelas anuais, num prazo
de 12 anos.