Os últimos dias na cidade de Chapecó foram de muito sol e calor. Neste sábado (3), chegaram a chuva e o frio e o clima fez com que a melancolia fosse ainda mais forte no adeus dos moradores da cidade aos ídolos da Chapecoense. Mesmo assim, não faltaram apoio e demonstração de amor dos torcedores, que não mediram esforços para saudar aqueles que viraram heróis da cidade.

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Os portões da Arena Condá foram abertos às 7h30, mas bem antes já havia torcedores na fila para entrar no estádio. Sarita Maria Lopes, 51 anos, e sua filha, Pamela Lopes, 29, foram as primeiras a chegar. “Estamos aqui desde às 22h de ontem (sexta-feira)”, contou a mãe, com a camisa da Chapecoense e uma capa de chuva.

Frio e chuva não foram suficientes para impedir que elas participassem da despedida dos jogadores e membros da comissão técnica do time, vítimas do acidente aéreo com o avião que levava a delegação da Chapecoense na última terça-feira (no horário de Brasília) para Medellín, na Colômbia, para o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana. “A gente andava na rua e encontrava com eles. Eram pessoas muito do bem e farão muita falta para a gente”, contou Pamela.

Solidariedade foi a palavra mais ouvida nos últimos dias em Chapecó e sábado não foi diferente. Vizinhos do estádio levaram café e biscoitos para as duas fanáticas torcedoras, que fizeram vigília no estádio. “Agora vamos vir mais nos jogos para ajudar na reconstrução desse clube maravilhoso”, disse Sarita.

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As filas para entrar nos dois portões que foram reservados para os torcedores davam voltam no estádio. Psicólogos voluntários foram destacados para dar suporte aos familiares dos jogadores e jornalistas presentes à Arena Condá. Muita pessoas passaram mal e precisaram de atendimento.

As camisas da Chapecoense predominavam, mas também tinham pessoas com uniformes dos rivais Avaí, Figueirense e Joinville, Flamengo, Santa Cruz, Cruzeiro, São Paulo, Palmeiras, Coritiba, Internacional. Todos unidos. A Chapecoense conseguiu até isso.

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Entre o verde e branco das camisas, a mãe Franciele tomava conta dos pequenos Erik, 9 anos, Luiz Otávio, 3, e Emanuele, 2. “Tentamos ir ao aeroporto, mas a polícia não deixava chegar perto. Viemos para a arena e chegamos na fila às 4 horas”, disse.

Choro

A chuva atrapalhou, mas não espantou os moradores de Chapecó. Durante o cortejo fúnebre, do aeroporto até o estádio, muitas pessoas saíram de suas casas e foram às ruas para aplaudir a passagem dos corpos. O trajeto de aproximadamente nove quilômetros durou cerca de uma hora.

Dentro do estádio, torcedores não paravam de gritar e cantar músicas que tanto apoiaram o time durante os jogos na Arena Condá e que viraram homenagens. Quando o mascote da Chapecoense entrou no gramado, recebeu muitos aplausos do público.

O prefeito de Chapecó Luciano Buligon, que desistiu de viajar com a delegação do clube momentos antes do embarque, discursou no estádio com a camisa do Atlético Nacional da Colômbia e foi bastante aplaudido pelo público.

Quando o primeiro caixão entrou no estádio, a torcida começou a gritar “o campeão voltou”. Houve muito choro. Os gritos se alternaram com palmas e um profundo silêncio.

Os caixões foram carregados por militares e colocados na área reservada. Familiares, então, puderam se despedir ao lado dos corpos das vítimas.