CBF ignora contestação de juíza gaúcha

Rio – A CBF já declarou o Corinthians oficialmente como campeão brasileiro de 2005 e ignora qualquer contestação. Portanto, a decisão da juíza da 1.ª Vara Cível de Porto Alegre, Munira Hanna, que impediria a CBF de adotar medidas administrativas ratificando a conquista do Timão, não está sendo levada em consideração pelo Departamento Jurídico da entidade.

?Não recebemos nada oficialmente da Justiça.

Além do mais, o presidente (Ricardo Teixeira) está viajando e somente ele pode receber qualquer intimação em nome da CBF?, explicou o assessor Jurídico da entidade, Valed Perry. Sobre a eventualidade de o vice-presidente Nabi Abi-Chedid assumir interinamente o cargo de mandatário da confederação, o advogado explicou que isso não é necessário, porque Teixeira está cumprindo no exterior compromissos em nome da CBF.

E, no que depender da agenda do dirigente, publicada no site oficial da entidade, Teixeira não voltará ao Brasil até 20 de dezembro: acompanhará até amanhã o sorteio dos grupos da Copa do Mundo, em seguida viajará para o Japão, onde assistirá à disputa do Mundial Interclubes e, depois, embarcará para a Suíça a fim de participar do anúncio do melhor jogador de 2005.

Na terça-feira, um oficial de Justiça esteve à tarde na sede da CBF, na Barra da Tijuca. Mas, não conseguiu encontrar Teixeira, que naquele momento embarcava para a Alemanha. ?Desconhecemos qualquer decisão judicial sobre esse assunto. Se formos notificados vamos ver o que faremos?, frisou o assessor jurídico da CBF.

A polêmica sobre a proclamação ou não do Corinthians como campeão brasileiro de 2005 começou porque a juíza Munira acolheu o pedido de liminar de um torcedor do Inter, Leandro Konrad Konflanz, para impedir a CBF de oficializar o vencedor do Nacional deste ano, até que todos os recursos para impedir a anulação dos 11 jogos do Brasileiro envolvidos na ?Máfia do Apito? sejam apreciados.

Na ocasião, a magistrada ainda fixou em R$ 100 mil reais a multa diária, caso a entidade máxima do futebol não cumpra a determinação.

Confusão

A juíza Munira Hanna, da 1.ª Vara Cível de Porto Alegre, negou ontem que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, esteja sob ameaça de prisão caso homologue o Corinthians como campeão da Série A do Campeonato Brasileiro de 2005. ?A decisão está sub-júdice. O campeão ainda não pode ser proclamado, mas em nenhum momento do processo nós pedimos pena de prisão. Desde o início, estabelecemos pena de multa. Nunca se cogitou a possibilidade de prisão?, reiterou a juíza.

Inter pede que torcedor retire processo

Porto Alegre – Pressionado por ameaças de exclusão da Copa Libertadores e até de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o Internacional decidiu pedir ao torcedor Leandro Konrad Konflanz que retire as duas ações que promove na Justiça comum para mudar o resultado da competição nacional.

O presidente do clube, Fernando Carvalho, admitiu que a confusão está criando embaraços ao Internacional. Reconheceu, mais uma vez, a decisão da CBF, que proclamou o Corinthians campeão brasileiro, mas avisou que vai tentar mudá-la pedindo uma revisão do resultado à Fifa, sem tirar a discussão do âmbito desportivo.

No início da noite de ontem, Konflanz confirmou que recebeu o pedido, mas disse que não tomou qualquer decisão. Embora tenha negado vínculos com a diretoria do Inter, o torcedor revelou que presta serviços ao escritório Papaléo Advogados, que tem como sócio um dos mais influentes conselheiros do clube gaúcho, o advogado Carlos Papaléo.

Tribunais

O Brasileiro está provocando comunicados confusos nos tribunais. A juíza Munira Hanna, da 1.ª Vara Cível do Fórum Central de Porto Alegre, decidiu enviar um segundo ofício à CBF ontem.

No documento, reiterou que a entidade deve cumprir a decisão do juiz plantonista Mauro Borba, tomada na madrugada de domingo, determinando que não fosse proclamado o campeão brasileiro se a diferença do Corinthians para o Inter fosse inferior a quatro pontos.

E também esclareceu que a única penalidade para a desobediência é uma multa diária de R$ 100 mil sem qualquer pedido de prisão para diretores.

Na noite de terça-feira, o primeiro ofício ameaçava a CBF com multa equivalente ao prêmio entregue ao Corinthians e prisão de seu presidente. Mas o texto, ao qual a imprensa teve acesso, continha um equívoco, por transcrever, como decisão judicial, a parte da petição de Konflanz que pedia multa e prisão por desobediência e que não foi atendida por Borba.

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