CBDA sai satisfeita com desempenho no Mundial de Natação: ‘Não temos 2 times’

Se João de Lucca repetisse o tempo que lhe deu o ouro nos 200m livre no Pan, ficaria em sexto no Mundial. O exemplo vale para outras oito provas nas quais os brasileiros foram melhores em Toronto (ganhando medalha) do que em Kazan (perderam a possibilidade de fazer final). “Não dá pra desvincular Toronto do que foi feito aqui (na Rússia)”, pontua o técnico-chefe da delegação, Alberto Silva, o Albertinho.

Na natação, para coincidir o auge da forma física com o período de competição, os atletas passam por um processo chamado “polimento”. Eles encerram a fase de treinos mais fortes a cerca de três semanas da competição e, depois, têm 20 dias de atividades leves.

Diante da possibilidade de ganhar medalhas no Pan, parte da seleção brasileira optou por polir visando estar no auge da forma em Toronto. Depois, não havia tempo hábil para fazer uma preparação específica visando o Mundial. Outros atletas, como Bruno Fratus e Thiago Pereira, medalhistas em Kazan, fizeram o processo inverso e tiveram o auge no Mundial.

“O calendário internacional foi apertado esse ano. Nunca aconteceu de dois eventos tão grandes serem tão próximos e tivemos que nos adaptar. A gente não tem dois times. Foi uma situação nova e dentro deste contexto saímos satisfeitos”, avalia Albertinho, numa clara referência aos EUA, que levaram equipes diferentes a Toronto e a Kazan.

O Canadá, que também só tem uma equipe, ganhou 27 medalhas no Pan (uma a mais que o Brasil), mas ficou com apenas quatro, todas de bronze, no Mundial. O Brasil também ganhou quatro, sendo três de prata e uma de bronze.

“Estamos satisfeitos, sim. Acho que está dentro do normal. A gente vê como exemplo a prova do França (Felipe França). Por um centésimo você faz ou deixa de fazer algumas finais, mas está na briga. Acho que temos que analisar em bloco. Não dá pra desvincular Toronto do que foi feito aqui. Os resultados que aconteceram por lá continuam valendo para ranking mundial”, lembra Albertinho.

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tinha traçado como meta repetir as 12 finais alcançadas no Mundial de Barcelona, em 2013, mas o Brasil fez apenas 10 em Kazan. Ficou a um lugar na final nos 100m costas (Etiene Medeiros), 200m borboleta (Leonardo de Deus) e 100m peito (Felipe França). São três casos de atletas que tinham expectativa de resultados melhores, inclusive de brigar por medalha.

“Aquelas coisas que fugiram um pouco do esperado vão servir também como motivo de pauta e discussão para o ano que vem. A natação do Brasil evoluiu muito e isso é evidente”, continua Albertinho.

Ele também minimizou o fato de que duas das medalhas (prata com Nicholas Santos nos 50m borboleta e com Etiene Medeiros nos 50m costas) vieram em provas que não são olímpicas. “O campeão de uma não anula o campeão da outra. Temos que curtir e valorizar essas conquistas porque foram dentro de um Campeonato Mundial, com todo mundo aqui e com igual vontade de subir no pódio. Quem não valoriza essas provas aqui (não olímpicas) fica pra trás no quadro de medalhas e nenhum país grande vai fazer isso.”

Fernando Vanzella, técnico da seleção feminina, ficou especialmente satisfeito. O Mundial não rendeu uma chuva de recordes sul-americanos, que caíram no Pan, mas permitiu ao Brasil chegar a sete semifinais e ganhar pela primeira vez uma medalha em Mundial de Piscina Longa.

“Agora a gente tem que maturar e isso acho que aconteceu aqui neste Mundial. As meninas muito interessadas em nadar de igual pra igual. Há quatro anos não tínhamos ninguém no Top 20 do mundo. Hoje, temos várias meninas. Acredito que isso vai fomentar muito a natação de base nossa. Nadar dentro do Brasil vai ser muito bom.”

Além das quatro medalhas, a natação brasileira ainda comemorou a classificação de quatro revezamentos para os Jogos do Rio (4x100m livre masculino e feminino, 4x100m medley masculino e 4x200m livre feminino). Os demais fizeram boas marcas no Pan e devem ir ao Rio com as quatro vagas disponíveis pelo ranking mundial.

Ainda existe a expectativa para que o revezamento 4x100m medley feminino herde uma vaga olímpica. Duas das equipes finalistas foram desclassificadas, mas não é unânime o entendimento de que o Brasil, que ficou em 14.º nas eliminatórias (eram 12 vagas) herdaria uma dessas credenciais. A Fina ainda não se pronunciou.

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