Caso MG atinge Farah e Teixeira

O presidente afastado da Federação Mineira de Futebol (FMF), Elmer Guilherme Ferreira, também está sendo investigado pela Polícia Federal (PF). A Superintendência da PF em Minas informou ontem que um inquérito, instaurado em maio do ano passado, apura supostos crimes, como sonegação fiscal, evasão de divisas e prevaricação, cometidas pelo dirigente à frente da entidade. O delegado Paulo Machado, que preside o inquérito, investiga também uma possível conexão entre o dirigente mineiro e os presidentes da Federação Paulista de Futebol (FPF), Eduardo José Farah, e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.

Segundo Machado, os dirigentes deverão ser indiciados com base no artigo 16 da chamada “Lei do Colarinho Branco” (7492/86), que define crimes contra o sistema financeiro nacional. O artigo estabelece como crime “fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. A penalidade prevista é prisão de um a quatro anos e multa.

O delegado apura a existência de uma “triangulação” entre os dirigentes em um empréstimo da FPF à FMF, de aproximadamente R$ 1,5 milhão. O prédio da Federação de Minas teria sido dado como garantia de débito, que mais tarde foi quitado pela CBF.

O advogado Antônio Francisco Patente, que representa Elmer Guilherme, disse ontem que seu cliente já afirmou, em depoimentos nas CPI?s da Câmara e do Senado, que o empréstimo obtido junto à FPF foi feito para cobrir prejuízos ocasionados com a realização da Copa Centenário, em 1997.

“Os três agiram num triângulo. Houve captação, intermediação e cobrança de juros”, observou Machado, que investiga também a participação do trio em uma possível remessa ilegal de divisas para o exterior. Segundo ele, Teixeira e Farah já prestaram depoimentos por meio de carta precatória.

Dentro de 50 dias, o delegado, que aguarda a divulgação de laudos periciais, deverá decidir pelo indiciamento ou não dos dirigentes. De acordo com Machado, o relatório final deverá ser apresentado dentro de três meses.

“Combalido”

Patente afirmou que esteve ontem com Elmer Guilherme. Segundo ele, o dirigente se encontra em uma fazenda, “próxima a Belo Horizonte, onde não há comunicação”. O advogado disse que seu cliente não “tem condições psicológicas” para falar sobre o assunto e que está bastante “combalido”, já que se recupera de uma recente cirurgia cardíaca.

Na quarta-feira, o juiz da 4.ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Walter Luiz de Melo, determinou o afastamento do presidente da FMF, de seu irmão e secretário-geral da entidade, José Guilherme Ferreira Filho, e do tesoureiro Paulo Alves de Assis. O juiz solicitou ainda o seqüestro dos bens e a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados.

Ontem, Patente disse que seus clientes estão de acordo com as quebras dos sigilos. “Temos interesse de que seja vasculhada as atividades bancárias e fiscais para demonstrar que a evolução patrimonial deles, se houve, é em decorrência de fontes que podem ser comprovadas como lícitas”.

Segundo o advogado, na próxima semana ele irá impetrar no Tribunal de Justiça do Estado um recurso contra o afastamento dos dirigentes. Ele informou ainda que vai aguardar o rito processual para pedir a revisão do seqüestro dos bens dos acusados.

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