O curitibano Carlinhos Neves superou, ao longo de sua carreira, uma série de obstáculos. Após começar no Coritiba, passar pelo extinto Pinheiros, pelo Paraná Clube e pelo Atlético, conseguiu transpor as fronteiras de seu Estado e há anos brilha no São Paulo, conquistando inúmeros títulos.
Agora, aos 53 anos, terá pela frente um desafio muito maior: coordenar a preparação física da Seleção Brasileira, justamente num momento de transição e de reformulação, sob a batuta de Mano Menezes.
Paraná Online: O convite surpreendeu?
Carlinhos Neves: Sim. Havia especulações, mas sempre ligadas aos nomes do Muricy e do Autuori, com quem trabalhei no São Paulo. Fui pego de surpresa com o telefonema do Mano e tudo ficou definido quando o presidente da CBF acertou a questão com o Juvenal Juvêncio (presidente do São Paulo).
Paraná Online: E como administrar essa dupla função, no clube e na Seleção?
Carlinhos Neves: Esse é um modelo que a CBF segue há anos e acho positivo. Você exerce a função no clube, depois integra a Seleção em momentos importantes. Nesse período de amistosos, você aplica muito pouco da sua linha de trabalho.
Paraná Online: Recentemente a Seleção teve estilos diferentes de preparação…
Carlinhos Neves: Não vou falar do passado. Ainda vou me reunir com o Mano para definirmos diretrizes. Mas é claro que precisaremos estabelecer uma rede de informações, saber a técnica de preparação dos atletas e em qual estágio estão. Aqui no Brasil é fácil, mas temos que ampliar isso para todos os países nos quais tenhamos atletas convocados.
Paraná Online: Esta é a segunda vez em que você é lembrado para a Seleção…
Carlinhos Neves: Já estive numa seleção pré-olímpica, com o Ricardo Gomes (2004). Agora, a responsabilidade é enorme, pois o trabalho todo será voltado para uma Copa no Brasil.
Numa seleção, o direcionamento da preparação física é diferente, pois não há o dia-a-dia, que é sempre um desafio nos clubes. São rotinas diferentes, pois somente num momento de competição é que você consegue aplicar sua metodologia.
Paraná Online: Como você imagina a formação dessa Seleção, sem a disputa das eliminatórias?
Carlinhos Neves: É algo que vamos definir oportunamente. O Mano é um técnico muito criterioso e que sempre trabalhou com planejamento. Na Seleção, não será diferente.
É claro que o Brasil terá que buscar amistosos de bom nível. Não conversamos ainda sobre isso, mas creio que o ideal seria enfrentar diferentes escolas, dos vários continentes.