Bruno Henrique começou o ano no banco de reservas do Palmeiras e procurou um psicólogo para superar o momento ruim. Funcionou. Ele deu a volta por cima e foi escolhido para ser o capitão. Se o Palmeiras vencer a Copa Libertadores, ele vai erguer a taça. Em entrevista ao Estado, ele se mostra um líder diferenciado, que marca bem e faz gols – já foram 12 na temporada. Fora de campo, conversa com todos no elenco, gosta de livros de autoconhecimento e não abandonou a terapia.

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Por que você foi escolhido pelo Roger Machado e pelo Felipão para ser o capitão?

Talvez pelo meu modo de ser. Sou tranquilo, procuro conversar com os atletas e me dou muito bem com todos. O meu jeito de ser é uma forma de liderança que o Roger viu e o Felipão também está vendo. É uma honra ser capitão.

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Por que faz tantos gols?

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Procuro chegar de surpresa na área. Os meias rivais, que teriam de me acompanhar, não têm tanto poder de marcação de maneira geral. Então, aproveito os espaços. A bola sempre sobra na meia-lua, uma área desprotegida.

Como foi o trabalho do Roger?

Bom. Fomos bem no Paulista e na Libertadores. Chegou um momento em que a diretoria entendeu que precisava fazer a troca. Ele já é um grande treinador, mas pode crescer ainda mais. Espero trabalhar com ele novamente no futuro.

O que mudou com Felipão?

Ele é mais experiente e conhece o jeito de cada jogador. Estamos aprendendo com ele.

Como ele é no dia a dia?

Ele é um paizão e tem o dom de tirar o melhor de cada jogador. Parece que ele conhece o cara há 20 anos.

Pode dar um exemplo?

Ele elogia bastante e dá moral para os jogadores. Quando tem de dar bronca, também dá. Pode ser no meio de todo mundo. O jogador entende que não é pessoal. É pelo grupo. O Felipão sabe lidar muito bem com o lado psicológico. Nos treinamentos, pede agressividade e velocidade.

Como ser titular em um time com tantas opções no elenco?

Comecei o ano no banco e estava esperando uma chance. Sabia que uma hora ela chegaria. É preciso ter a cabeça boa quando se está no banco.

Como manter a cabeça boa?

Terapia. É um momento de refletir e ter mais força para trabalhar. Eu fazia terapia havia dois anos, mas enfatizei o trabalho no fim do ano passado. Isso me ajudou muito. A terapia ajuda a manter a tranquilidade e a motivação.

Muitos jogadores fazem terapia em segredo. Por quê?

Todo mundo precisa de terapia. Algumas pessoas não gostam de admitir que têm problema. É um pouco de orgulho. É difícil admitir que somos falhos. É um processo difícil.

Você tem facilidade de se comunicar. Como desenvolveu isso? Leitura?

Sim. Eu pego dois ou três livros e leio um pouco de cada. Gosto de títulos de autoajuda e vida profissional.

Alguma indicação?

Gostei muito do livro Mindset – a nova psicologia do sucesso, de Carol Dweck. É bom para ajudar no comportamento profissional e mostra como a mente cria alguns limites, mas que podem ser superados.

O Palmeiras está, ao mesmo tempo, perto e longe de grandes conquistas. Como administrar esse “quase lá”?

O Felipão está falando bastante com a gente sobre isso. Cada jogo é decisivo. A partida diante do Ceará [neste domingo] é importantíssima. Por outro lado, estamos numa semifinal de Libertadores. Estamos crescendo, mas não podemos parar. O trabalho tem de ser intenso, dia a dia. Sem esquecer o lado psicológico. Temos de viver o presente, um jogo de cada vez.

Como vencer o Boca Juniors de novo?

O Boca é forte, mas estamos jogando bem fora de casa. Temos de entrar frios e motivados. Temos o segundo jogo. Marcação agressiva e, quando tivermos a bola, vamos aproveitar o contra-ataque.

Como capitão, você pode erguer a taça. Já pensou nisso?

É impossível não pensar. É um sonho. A gente sabe como o palmeirense fica feliz e espera esse título da Libertadores.