Brasileiros não tiveram um bom dia no Rally Paris-Dakar

A etapa desta sexta-feira do Rally Paris-Dakar deve ser apagada da memória pelos pilotos da equipe Petrobras Lubrax, vítima das armadilhas do deserto do Saara. Os representantes do Brasil na maior prova off road do mundo enfrentaram problemas nos 579 quilômetros cronometrados entre o pequeno vilarejo de Tidjikja e Nouakchott, capital da Mauritânia. Jean Azevedo, nas motos, Klever Kolberg e Lourival Roldan, na categoria carros, e André Azevedo de caminhão tiveram resultados ruins faltando apenas dois dias para o final do rali, que terminará domingo nas praias de Dakar, capital do Senegal.

A primeira má notícia do dia veio logo no início da manhã. Uma informação da organização dizia que Jean Azevedo estava parado 155 quilômetros após a largada, mas não forneceu detalhes. No final da tarde, na chegada ao acampamento, ele narrou os 90 minutos de drama nas dunas ardentes da Mauritânia. “A coroa da roda traseira perdeu os seis parafusos. Parei cada piloto que passava para pedir um. Alguns deram; outros não. Afinal, tirar um parafuso da própria moto é decisão difícil. No final consegui arrumar cinco deles e fui adiante”, contou.

Enquanto contava com a boa vontade dos outros concorrentes, Jean fez uma reflexão sobre a corrida até agora. “Fiquei muito triste porque pensei que meu rali acabaria ali, depois de tanto sacrifício para terminar e chegar a Dakar. Ainda se eu estivesse em boas condições para disputar os primeiros lugares, tudo bem… Mas na minha situação, lutando contra as dores no ombro, se eu parasse hoje ficaria bem chateado”, garantiu. O piloto terminou o dia na 25ª posição e na classificação geral acumulada continua em 14º.

Depois foi a vez de Klever e Lourival, no Mitsubishi Pajero Full. Com problemas na embreagem do carro na véspera e sem contar com a ajuda dos mecânicos na etapa maratona na quinta-feira à noite, eles passaram no primeiro posto de controle instalado no trajeto em 53º entre todos os carros. Não há nenhuma informação confirmada sobre o motivo de tanto atraso, mas a posição indicava que a dupla não estava bem, já que nos últimos dias, com exceção da quinta, Kolberg e Roldan vinham conseguindo manter uma boa posição nas etapas e também na geral, onde apareciam em nono entre os todos os carros. Até às 19 horas (17h no horário de Brasília), Klever e Lourival ainda estavam tentando completar a prova.

Mas a pior notícia veio dos caminhões. André Azevedo começou bem o dia e estava liderando na categoria até o primeiro posto de controle. Mas poucos quilômetros depois, uma ligação feita via satélite em pleno deserto anunciou o fim do sonho. “Estamos atolados numa duna com a tração dianteira quebrada. Temos como consertar, mas vamos demorar de seis a sete horas para resolver o problema”, disse André com um telefone Nera através da operadora via satélite Telenor, da Noruega.

No total, o brasileiro levou quase oito horas para trocar a peça. “O caminhão-vassoura, aquele da organização que vem recolhendo os competidores que ficaram pelo caminho, nos ajudou a desatolar o Tatra das dunas. Agora estamos num lugar mais tranqüilo. Vamos terminar o serviço e seguir em frente. Temos até à 0h29 deste sábado (22h29 de sexta em Brasília) para chegar a Nouakchott dentro do limite estabelecido pela organização. Mas andar no deserto à noite, em dunas, não é fácil”, afirmou André em novo telefonema às 17 horas no Brasil.

André era o brasileiro que continuava com maior chance de vitória na classificação geral. Até quinta-feira ele era vice-líder na classificação geral com um Tatra ao lado dos checos Tomas Tomecek e Mira Martinec. No Dakar 2003 eles terminaram a prova na segunda colocação e os planos deste ano era vencer entre os caminhões. “Faltava só mais um degrau”, falou André. Depois de fechados oficialmente os resultados, o brasileiro deverá perder várias posições, eliminando completamente qualquer chance de recuperação.

O Rally Paris-Dakar terá a penúltima etapa neste sábado, entre Nouakchott, na Mauritânia, e Dakar, no Senegal. No domingo haverá a última prova deste ano. O Dakar 2004 foi um dos mais difíceis de 26 anos de história da competição, com grande número de abandonos. Chegar à capital senegalesa será a glória para muitos participantes.

Nouakchott, Mauritânia – VipComm

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