Brasileirão pode copiar fórmula dos europeus

São Paulo (AE) ? A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estuda a possibilidade de fazer mudanças no calendário do futebol nacional. Uma delas, proposta pelas TVs Globo e Record, detentoras dos direitos de transmissão, seria na principal competição do País, o Campeonato Brasileiro. Na reunião do Clube dos 13, representantes da Globo proporam aos dirigentes de clubes, realizar a competição de 2003 nos moldes dos campeonatos europeus, com turno e returno, pontos corridos, e 8 meses de duração (agosto a maio de 2004). Esta decisão, acabaria, ou prejudicaria a disputa dos tradicionais torneios regionais, que este ano já perderam muito do seu brilho. A definição deve sair nos próximos dias, quando o presidente da CBF, Ricardo Teixeira retorna de viagem.

“Não tem nada definido, foi apenas uma proposta aos clubes”, disse J. Hawilla, da Traffic, empresa de marketing esportivo, parceira da TV Record. “Inclusive, esta sugestão (Brasileiro com 8 meses) é nossa.” Hawilla acha que o calendário brasileiro está ‘inchado’, com muitas competições. “Queremos simplificar o nosso futebol. Ter duas competições nacionais, a Copa do Brasil e o Brasileiro e duas internacionais, a Taça Libertadores da América e a Copa Panamericana (antiga Copa Mercosul).

Para Nabi Abi Chedid, vice-presidente da CBF, que na terça-feira participou da reunião da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), em Buenos Aires, a proposta de novo calendário no futebol brasileiro não passou de “mais uma discussão.” Segundo ele, a definição só ocorrerá com a volta de Ricardo Teixeira. “Estes problemas internos no Brasil o presidente é quem decide.”

Eliminatórias

Discussões à parte, Nabi veio da Argentina com a definição do calendário da seleção brasileira principal, sub-20 e sub-17. Os jogos nas eliminatórias sul-americanas acontecerão em três anos. Serão cinco partidas em 2003, a partir de agosto, sete em 2004 e seis em 2005. O campeonato sul-americano sub-20, vai de 6 a 26 de janeiro, no Uruguai, e o sub-17, na primeira quinzena de março, na Venezuela. A Copa América está confirmada para 2004 no Peru.

Vagas

Nabi obteve uma vitória na Conmebol. Ganhou duas vagas para times brasileiros na Copa Pan-Americana, que substituirá a antiga Copa Mercosul, em 2003. De quatro equipes, agora o Brasil será representado por seis. A competição, inicialmente marcada para acontecer em 2002, foi adiada pela falta de datas. “Pedi aos membros da Conmebol, uma vaga a mais na Taça Libertadores (atualmente, o Brasil tem direito a quatro). Mas me disseram que não seria possível mexer na competição. Então, consegui na Pan-Americana.”

Futebol deve cair na real

São Paulo

(AE) – No primeiro semestre, quando a seleção ainda disputava, de forma capenga, as eliminatórias para a Copa do Mundo da Coréia e do Japão, a cartolagem brasileira já estava com o sinal de alerta ligado. O principal problema era descobrir como os clubes sobreviveriam financeiramente após o Mundial. O consenso era de que a segunda metade do ano seria “desastrosa” e os cofres, por melhor que fosse o material utilizado na fabricação, não resistiriam à incompetência e amadorismo daqueles que administram o futebol no Brasil.

Veio, então, o pentacampeonato. E com ele a esperança de que a conquista na Ásia expusesse o País internacionalmente e atraísse os tais investimentos considerados imprescindíveis para manter a “saúde” financeira dos clubes. Porém, pouco mais de duas semanas após a vitória sobre a Alemanha, a realidade se mostra dura. “Essa história de que as coisas vão mudar por causa da Copa não existe”, afirmou o sócio da Traffic, J. Hawilla. “Passado o oba-oba, todos vão ver que a realidade está tão ruim ou pior do que antes. Ainda mais depois de terem desfigurado a Lei Pelé. Isso tornou o Brasil um local pouco atraente para esse tipo de investimento.”

E ao que tudo indica, no melhor estilo dos contos de fadas, parece mesmo que a carruagem já virou abóbora e o tempo para usufruir do pentacampeonato nem existiu. Se de um lado sobram desigualdades entre os clubes brasileiros, de outro há um detalhe que os une: o desespero em economizar dinheiro e buscar novas fontes de renda. O resultado? Cortes drásticos nas folhas de pagamento e jogadores insatisfeitos com a necessidade de redução dos salários.

As principais vítimas são mesmo os grandes clubes. Alguns deles, como Corinthians, Cruzeiro, Flamengo e Vasco, chegaram a manter folhas de pagamento superiores a R$ 2 milhões/mês. Hoje, procuram renegociar contratos e estipulam tetos salariais. A média é de R$ 150 mil. O problema é convencer atletas acostumados com valores bem superiores. “Nesse caso, tem de entender a situação. No mais, os clubes precisam se profissionalizar. Mas isso não quer dizer dar um salário ao diretor de futebol. O presidente precisa ser um executivo”, disse Hawilla.

Caras novas

Mas o drama não é ruim para todos. Para os atletas sem fama ou formados no próprio clube, o mercado está aberto. Sem dinheiro, a alternativa é buscar jogadores baratos. O Palmeiras, por exemplo, conta com apenas dois “famosos” em seu grupo: o goleiro Marcos e o lateral-direito Arce. No São Paulo, a aposta ainda é o novato, mas já reconhecido, Kaká. O Corinthians se esforça para manter o mesmo grupo. Contratações, porém, nem pensar. No Santos cuja diretoria alega ter uma folha de R$ 250 mil, a expectativa é o jovem meia Diego. As negociações com jogadores na Vila Belmiro resumem-se aos tribunais. Não faltam processos por falta de pagamento.

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