Foi de dar sono. Quem esperava por jogo emocionante entre Brasil e Argentina foi dormir decepcionado. Ontem à noite, em Belo Horizonte, os rivais não honraram a tradição do clássico e irritaram a torcida com um insosso 0 a 0.
Com o resultado o Brasil permanece na 4.ª posição nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, com 9 pontos. A Argentina segue em segundo, com 11.
O Brasil começou o jogo com uma postura mais agressiva do que na derrota para o Paraguai, no último domingo. Mas ainda estava longe do futebol ofensivo e objetivo que se espera de uma seleção brasileira. Sorte que a inspiração não era melhor do lado argentino.
Com Anderson no lugar de Josué, o técnico Dunga desmanchou o esquema com três volantes e deu mais qualidade à saída de bola. Júlio Baptista e Adriano também estavam mais ligados que Diego e Luís Fabiano.
Na Argentina, Riquelme e Messi não estavam em seus melhores dias. Quem mais preocupava a defesa brasileira era o meia Gutiérrez, que puxava com velocidade os contra-ataques.
A primeira chance foi do Brasil. Aos 5 minutos, após cobrança de escanteio, Juan apareceu no primeiro pau e cabeceou bem. Mas o goleiro Abbondanzieri estava atento e fez boa defesa.
Os hermanos só chegaram com perigo aos 16, quando Gutiérrez avançou pela esquerda e cruzou na área. Julio Cruz, de cabeça, tentou surpreender Júlio César, mas jogou nas mãos do goleiro brasileiro.
Num jogo bastante truncado, a individualidade de Robinho era a melhor arma brasileira. Aos 23, ele fez bela jogada e bateu cruzado. A bola explodiu na defesa e sobrou para Júlio Baptista, que chutou em cima de Abbondanzieri.
O 1.º tempo terminou com Messi dando uma de perna-de-pau. Sem marcação, ele invadiu a área e bateu cruzado. Mas pegou tão mal na bola que ela saiu pela lateral.
Desorganização
A tímida evolução do Brasil foi por água abaixo no 2.º tempo. Afobado, sem organização e errando passes sem parar, a seleção dava espaço para a Argentina, que passou a dominar o jogo. Aos 11 minutos, após jogada de Riquelme, Julio Cruz teve a chance abrir o placar, mas mandou um foguete por cima do gol.
Júlio Baptista, o melhor brasileiro em campo, teve em seus pés as principais chances do time. Aos 16, ele soltou uma bomba em cobrança de falta. Abbondanzieri espalmou. Dez minutos depois, recebeu cruzamento de Luís Fabiano e arriscou um voleio, que parou nas mãos do goleiro argentino.
O Brasil parou por aí. Irritada com o futebol burocrático e com a falta de ousadia, a torcida mineira mando o recado: ?Adeus, Dunga!?.
Mas, como o apito final ainda não tinha soado, Messi quase deu a vitória à Argentina. Aos 45, ele mandou uma bomba de fora da área, que Júlio César espalmou. O próprio Messi pegou o rebote e mandou para fora.
A próxima rodada das Eliminatórias só acontece em setembro. O Brasil pega o Chile, fora de casa. A Argentina recebe o líder Paraguai.
ELIMINATÓRIAS 2010
1.º turno – 6.ª rodada
BRASIL 0 x 0 ARGENTINA
Brasil
Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Gilberto; Gilberto Silva, Mineiro, Anderson (Diego, 33? 1.º/Daniel Alves, 33? 2.º) e Júlio Baptista; Robinho e Adriano (Luís Fabiano, 25? 2.º). Técnico: Dunga.
Argentina
Abbondanzieri; Burdisso, Coloccini, Heinze e Zanetti; Mascherano, Gago, Gutierrez e Riquelme (Battaglia, 38? 2.º); Messi (Palacio, 46? 2.º) e Júlio Cruz (Agüero, 22? 2.º). Técnico: Alfio Basile.
Árbitro: Luís Oscar Ruiz (COL)
Assistentes: Wilson Berrío e Rafael Rivas (COL).
Cartões amarelos: Juan e Adriano (B); Mascherano, Gago e Júlio Cruz (A).
Público: 52.527 pagantes.
Renda: R$ 6.605.000,00.
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG).