Brasil vence Argentina e parte para decisão final

A seleção brasileira feminina de vôlei precisou de apenas 1h02 para superar a Argentina, por 3 sets a 0, parciais de 25/18, 25/19 e 25/12, na terceira rodada da terceira etapa da Copa do Mundo do Japão.

Toyama, Japão (CDN) – Na próxima fase da competição, que classifica os três primeiros colocados para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, os três adversários serão Japão, Estados Unidos e Itália. O grupo comandado pelo técnico José Roberto Guimarães viaja hoje para Osaka, onde será disputada a última etapa, e volta à quadra amanhã, às 7h de Brasília, quando enfrentarão as donas da casa.

Na partida contra a Argentina, Zé Roberto aproveitou para poupar Walewska, com dores no joelho direito, mas utilizou todas as outras jogadoras. O destaque foi a meio-de-rede mineira Fabiana, de 18 anos, eleita a melhor da partida. Com 13 acertos, a ponta Érika foi a maior pontuadora. “Procurei dar ritmo de jogo a todas as jogadoras, preservando apenas a Wal. Era necessário colocá-las para atuar, pois vamos precisar de todo o grupo na fase final. E o saque das argentinas ajudou. Treinamos, principalmente, o passe”, diz Zé Roberto que, após a partida, correu para o hotel para estudar os próximos adversários.

“Agora vem a parte mais difícil, mais complicada. Só a China não perdeu. Todos os nossos concorrentes diretos têm apenas uma derrota e os confrontos são diretos entre todos nós. Agora é que o bicho pega”, comenta o treinador brasileiro.

E os primeiros vídeos que Zé Roberto correu para estudar são dos jogos do Japão, adversário desta quinta-feira. “Até agora, só vi o Japão atuar pela TV. Ainda não tivemos tempo por causa da preparação para os jogos do nosso grupo. Precisamos treinar muito antes de cada partida, pensando no posicionamento dos adversários que vão se apresentar diante de nós. Agora chegou a vez do Japão que, como todo time asiático, joga com uma velocidade muito boa e tem combinações de ataque eficientíssimas. Vamos tratar de montar nossa estratégia”, conta o técnico.

Com o troféu de melhor jogadora da partida nas mãos, a jovem Fabiana foi abraçada por todas as jogadoras. “A partida foi tranqüila e marcamos bem as argentinas. Só no segundo set, quando o saque delas foi mais eficiente, perdemos mais pontos do que devíamos. Mas no geral a partida foi boa. Tive a oportunidade de entrar e dei o máximo”, diz a meio-de-rede.

Dessa vez, a rivalidade comum entre os dois países não veio à tona. Mas a experiente Fofão explica: “Elas ficaram tranqüilas porque não demos chances. O jogo foi sossegado, sem provocações porque não deixamos as argentinas jogarem. Caso contrário, sem dúvida que elas começariam com a gozação”, encerra Fofão.

Brasil: Fernanda, Raquel, Virna, Érika, Valeskinha e Fabiana. Líbero: Arlene. Técnico: José Roberto Guimarães. Entraram: Fofão, Paula e Sassá.

Argentina: Pinedo, Paredes, Parisi, Vicente, Mildenberger e Pacheco. Líbero: Kostolnik. Técnico: Hugo Jauregui. Entraram: Borghi, Preiti, Constant e Kobetic.

 

Um dia de sabor bem brasileiro

Toyama, Japão – Foram apenas duas horas. Mas duas para matar a saudade da comida brasileira. No cardápio improvisado, um banquete para quem não sente o gosto do tempero caseiro há 18 dias: feijoada, arroz, farofa, picanha, lingüiça mineira, pão francês quentinho e aipim para umas e mandioca para outras. O nome dos alimentos, na verdade, era o que menos importava no restaurante Coração do Brasil, do japonês Kitabayashi e da paraense Conceição, que ofereceram um jantar muito especial após o confronto com a Argentina.

De sobremesa, doce de cupuaçu. “Olha que eu já fui ao Norte e Nordeste do Brasil e nunca comi um doce tão gostoso assim”, elogiava Paula para dona Conceição.

A sensação, no entanto, foi o feijão preto. Entusiasmada, Érika disparou: “Queria que o jogo fosse amanhã. Depois desse pretinho estou pronta. Recuperei todas as forças. Os três próximos jogos vão ser movidos a ferro, muito ferro do feijão”, dizia a ponteira.

Cercada por crianças, Fernanda Venturini acariciava uma a uma para amenizar as saudades da filha Júlia. “Nem sei dizer do que gostei mais. O feijão, o palmitinho, o frango assado. Só de falar fico com água na boca novamente”.

De tão boa que estava a comida, houve quem exagerasse. “Nossa, parece que o meu estômago vai explodir. Repeti três vezes”, contava Sassá. E dona Conceição e seu Kitabayashi rebatiam: “Que pena que vocês não vieram ontem. Teriam um verdadeiro banquete. Hoje, tivemos que improvisar com o pessoal da cozinha”, explicavam, sem saberem o que a refeição representava para todo o grupo.

“Isso aqui está um luxo, dona Conceição. Nós é que agradecemos o convite e a boa vontade de vocês”, agradecia Virna, referindo-se ao trabalho de todos do restaurante em seu único dia de folga na semana. “Não precisa agradecer. Vocês merecem. Conversamos com o pessoal da cozinha (que fizeram parte da torcida no jogo com a Coréia) e eles mesmos sugeriram que fizéssemos o convite”, dizia Kitabayashi.

Após o jantar, as mais animadinhas arriscaram no karaokê. Enquanto Virna, Fabiana, Érika e Valeskinha cantavam, outro grupo mostrava o seu talento fazendo coreografias. Fabiana e Arlene sambaram um pouquinho e até a sempre tão reservada Fofão caiu na dança.

Parecia uma grande festa de família. Algumas atletas aproveitaram para saber o que estava acontecendo na novela Celebridade. Os outros brasileiros que foram avisados da visita aproveitaram para saber como anda o Brasil com as demais jogadoras, e contaram suas experiências no arquipélago japonês, sempre com uma paradinha para fotos e autógrafos.

Durante a “confusão”, o japonês Kitabayashi falava: “Até agora, não sabia o que fazer no próximo jogo. Agora não tenho mais dúvidas. Sou japonês, mas no Brasil x Japão vou torcer por essa alegria que estou vendo aqui”.

No final, Kitabayashi e Conceição não aceitaram pagamento. Pelo contrário: ofereceram aquele cafezinho brasileiro e ainda mandaram para a delegação uma caixa de refrigerantes. Enfim, foram apenas duas horas. Mas duas horas em casa.

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