Quando conquistou a medalha de prata na última disputa individual do Mundial de Judô, no peso pesado, Maria Suelen comemorou o fato de o Brasil ter sido campeão do quadro de medalhas feminino, superando inclusive o Japão. Neste domingo, porém, a derrota dela para Megumi Tachimoto, tão sua rival contra a cubana Ortiz, definiu o confronto que deu ao Japão o título do Mundial por Equipes, no Maracanãzinho, em competição à parte daquela realizada de segunda a sábado.

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Depois de nove edições do Mundial por Equipes, o Brasil chegou pela primeira vez à final no feminino. Antes, o melhor resultado havia sido a medalha de bronze conquistada também em casa, em Salvador, em outubro do ano passado, quando a competição foi realizada separadamente do Mundial de Judô.

A prata encerra uma histórica participação das mulheres brasileiras no Rio. Foram cinco medalhas no individual, mais esta por equipes. Rafaela Silva (ouro), Erika Miranda e Maria Suelen Altheman (prata), Sarah Menezes e Mayra Aguiar (bronze) subiram ao pódio durante a semana.

No Mundial por Equipes, são disputadas cinco categorias, na ordem: leve, meio-médio, médio, meio-pesado e pesado. Diferente do individual, não participam a categoria meio-leve (até 48kg para mulheres e até 60kg para homens) e o peso pesado é reduzido para mais de 70kg no feminino e mais de 90kg no masculino. São cinco lutas e cada uma delas vale um ponto.

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Logo no primeiro confronto contra as japonesas, Erika Miranda, medalhista de prata na categoria até 52kg, encarou Yuki Hashimoto, que foi ao pódio com bronze. Melhor para a japonesa, que imobilizou a brasileira no segundo minuto de luta.

Em seguida, Rafaela Silva, campeã até 57kg, teve pela frente Anzu Yamamoto, que terminou em quinto na categoria. O duelo foi bastante estudado até que a japonesa foi punida, sendo obrigada a buscar a desvantagem. Arisca, a asiática parou na agressividade da campeã mundial, que ainda conseguiu um Yuko.

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Na terceira luta, Katherine Campos estreou no Mundial por Equipes. Única brasileira que foi mal na chave individual, a atleta da categoria até 63kg foi preterida nos confrontos da manhã. Na final, enfrentou Kana Abe, quinta colocada no Mundial, foi dominada, e perdeu por imobilização.

Assim como na semifinal contra a Coreia do Sul, a pressão caiu sobre Maria Suelen. E a “Raçudinha dos Pampas” novamente não decepcionou. Sétima colocada na disputa até 70kg, ela enfrentou a japonesa Haruka Tachimoto, nome mais fraco do time adversário, e venceu pelo número de shidôs.

A disputa pelo ouro ficou entre Suelen e Tachimoto, rival que ela nunca havia batido (mesma situação de Katherine e Rafaela contra suas adversárias). No terceiro confronto entre elas, a japonesa procurou mais a projeção, uma vez que é mais ágil, mas Suelen se defendeu bem. A pouco menos de dois minutos de luta, a brasileira recebeu uma punição, o que a deixou em desvantagem. Correndo contra o prejuízo, não conseguiu impor dificuldades à rival, que havia ficado com o bronze no sábado.

CAMPANHA – O dia começou no Maracanãzinho com vitória tranquila do Brasil sobre a Alemanha no feminino, por 4 a 1. No confronto, vitórias de Erika, Rafaela, Maria Portela e Suelen. A única atleta que não perdeu ponto foi Ketleyn Quadros.

Depois, diante da França, Eleudis Valentim foi escalada no lugar de Erika, por decisão tática. E começou colocando o Brasil na frente. Rafaela também ganhou, mas Mariana Silva e Maria Portela tropeçaram. Na luta decisiva, a equipe brasileira comemorou um ippon de Suelen, quando ela estava atrás no placar, mas a pontuação foi retirada, virando wazari. A pesado brasileira não se desconcentrou, continuou dominante, e colocou o País na semifinal.

Diante da dura equipe coreana, Erika estreou perdendo com um wazari no último segundo. Mais concentrada, Rafaela mostrou toda sua raça, foi agressiva e deixou tudo igual. Mariana Silva, que não disputou a chave individual, voltou a ser escalada na categoria até 63kg e perdeu a terceira luta do confronto.

Com vantagem de 2 a 1, a Coreia passou a ser favorita, uma vez que ainda tinha duas medalhistas para lutar. Maria Portela entrou com a obrigação de vencer. A luta, muito equilibrada, foi para o golden score, e acabou decidido com uma falso ataque da asiática, punido com shidô.

No meio desta luta parte da iluminação do Maracanãzinho foi desligada. A rede elétrica não caiu e os refletores virados para as arquibancadas também seguiram acessos. Mas as luzes que iluminavam os tatames foram apagadas.

Por isso, assim que acabaram as lutas que aconteciam nos três tatames o Mundial foi paralisado por cerca de 10 minutos. Quando retornou, Mayra Aguiar, que luta na categoria até 78kg, tinha pela frente a peso pesado Jung Eun Lee, medalhista de bronze no individual. Apesar da visível diferença de peso, falou mais alto a técnica de Mayra, também uma atleta forte, que venceu graças a duas punições da rival.

MASCULINO – Entre os homens, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) considerava a prata certa, por conta do chaveamento. Mas a equipe perdeu logo na estreia, pela Alemanha, e acabou eliminada precocemente. Por conta disso, a CBJ falou neste domingo mesmo em “replanejar” e admitiu que o time não fez a sua parte. O Brasil havia ido ao pódio nas últimas cinco edições de Mundiais.