Brasil joga mal e adia classificação para Copa

Argentina devolve, em Buenos Aires, os 3 a 1 sofridos no Mineirão

Buenos Aires – Com total supremacia no primeiro tempo, a Argentina tirou o Brasil pra dançar e venceu fácil por 3 x 1, ontem, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2006. Crespo (2) e Riquelme marcaram para os argentinos, enquanto que Roberto Carlos descontou no segundo tempo para o Brasil.

Com o resultado, los hermanos chegaram aos 31 pontos, ampliaram a vantagem para os brasileiros (ainda com 27) e já garantiram classificação antecipada para o Mundial. Na próxima rodada, dia 3 de setembro, irão a Assunção enfrentar o Paraguai, apenas para cumprir tabela. Já a Seleção de Parreira pegará o Chile, em Brasília. Uma vitória garantirá os brasileiros na Alemanha.

Como já era esperado, a Argentina começou a partida a todo vapor e, logo aos três minutos, Crespo aproveitou descuido da marcação brasileira e bateu rasteiro, no canto esquerdo de Dida, que nada pôde fazer.

O Brasil não se abateu e quase igualou no minuto seguinte, após jogada individual de Robinho, mas o arremate desviou na zaga e foi para escanteio.

Os argentinos, porém, estavam mais ?ligados? e pareciam querer definir logo a partida. Tanto que aos 17 minutos, Riquelme fez lindo giro sobre Roque Júnior e acertou lindo chute de fora da área, que contou com um desvio em Juan para ir smorrer no ângulo direito do camisa 1 brasileiro.

Com menos da metade do primeiro tempo, os locais armaram um recuo estratégico, buscando explorar os contra-ataques. No time do Brasil, Ronaldinho Gaúcho e Robinho, muito marcados, não apareciam para o jogo. Kaká era o único no setor de criação que chamava as jogadas para si, mas não contava com o apoio eficiente de Cafu e Roberto Carlos.

Soberana em campo, a Argentina não encontrou dificuldades para aumentar o placar. Aos 39, Saviola cruzou da direita e Crespo se antecipou à marcação de Roque Júnior e fez de cabeça, dando números finais ao primeiro tempo, quando a Seleção Brasileira deu um único chute a gol.

Sem alterações, o Brasil voltou para o segundo tempo com o dever de, ao menos, dificultar o serviço do adversário. Mas o panorama parecia não se alterar. Logo aos dois minutos, Lucho González quase ampliou, chutando para bela defesa de Dida.

Finalmente o time brasileiro acordou e passou a trabalhar a troca de passes com mais precisão e buscar o jogo. Aos 11, Roberto Carlos cruzou da esquerda e, após bate-e-rebate na área, Kaká completou, mas acabou abafado no arremate, na primeira boa chegada do Brasil até o momento.

Aos 16, novamente Roberto Carlos cruzou e Zé Roberto concluiu por cima do gol de Abbondanzieri. Aos 24, Cafu bateu de fora da área, a bola desviou na zaga e quase entrou no canto direito. Mas, dois minutos depois, Roberto Carlos soltou um torpedo em cobrança de falta e acertou o ângulo direito de Abbondanzieri.

O retrato da partida era outro, com os brasileiros assumindo o controle e buscando diminuir o placar. A entrada de Renato em lugar de Robinho deu mais consistência à equipe. Já os argentinos se fechavam para garantir o resultado.

Aos 38 minutos, Adriano teve a chance de marcar o segundo para a Seleção, mas, quase na pequena área, acertou a trave do goleiro argentino. O time do Brasil foi para cima e, aos 46, Ronaldinho Gaúcho, em cobrança de falta, teve a última oportunidade, mas Abbondanzieri colocou pra escanteio.

Eliminatórias Sul-Americanas
Súmula
Gols: Crespo, aos 4?, Riquelme, aos 18?, e Crespo, aos 40? do 1.º tempo; Roberto Carlos, aos 26?.
Árbitro: Gustavo Méndez (URU).
Cartões amarelos: Heinze (Argentina); Cafu, Roque Júnior e Ronaldinho Gaúcho (Brasil).
Local: Monumental de Nuñez (Buenos Aires)

Argentina 3 x 1 Brasil

Argentina: Abbondanzieri; Coloccini, Ayala e Heinze; Lucho González, Mascherano, Sorín, Kily González e Riquelme; Saviola (Tevez) e Crespo. Técnico: Jose Pekerman.

Brasil: Dida; Cafu, Juan, Roque Junior e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho; Robinho (Renato) e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Roberto Carlos promete o hexa e quer Robinho no Real

Buenos Aires – Roberto Carlos, há 10 anos titular indiscutível da seleção brasileira, não perde a pose, a sinceridade nem o bom humor.

Numa manhã dessas, visivelmente cansado da melancólica rotina de concentração, desceu do quarto para bater-papo com os jornalistas, contar piadas, fazer deboches e falar do futuro. E como falou. Prometeu a conquista do hexacampeonato da seleção brasileira, em 2006, na Alemanha, disse que quer, também, ganhar mais uma Copa América, garantiu ter o desejo de cumprir os três anos de contrato com o Real Madrid para, depois, voltar para o Brasil e encerrar a carreira no Santos, seu clube de coração.

O lado santista, no entanto, parece não ter tanto peso. O lateral-esquerdo sugere a Robinho, com ênfase, que deixe a Vila Belmiro já e se transfira para o Real ainda neste meio de ano. "No Real, o Robinho vai ter excelente estrutura para trabalhar, em pouco tempo ele vai ser o melhor jogador do mundo." Com um sorriso no rosto, chegou a comentar que Robinho teria se despedido do clube paulista na primeira partida contra o Atlético-PR, em Curitiba, pela Libertadores. E brincou ao afirmar que Robinho vai morar em sua casa em Madri.

O craque do Real, de 32 anos, milionário e famoso internacionalmente, ficou com a tarja de capitão contra o Paraguai – Cafu estava suspenso – , domingo em Porto Alegre e no jogo de ontem, contra a Argentina, devolveu a braçadeira ao titular.

AE – Você já tem 32 anos e vai disputar sua terceira Copa do Mundo em 2006. Se vencer, não pensa em parar para encerrar a carreira por cima, com um título de expressão?
Roberto Carlos – Não. Jogo mais uns três ou quatro anos. Vou ganhar mais uma Copa do Mundo, mais uma Copa América, cumprir meus três anos de contrato com o Real Madrid e, depois, voltar para o Brasil para encerrar a carreira no Santos. Atualmente, não dá mais para jogar até os 40, porque a carga de jogos é pesada.

AE – Quem você vê como seu substituto? Quais são os melhores laterais do Brasil em sua opinião?
Roberto Carlos – Hoje, no Brasil, gosto do Gustavo Nery (do Corinthians) e do Léo (do Santos). Jogando fora tem o Gilberto (Hertha Berlim) e o Serginho (Milan).

AE – Como viu a recepção da torcida em Porto Alegre?
Roberto Carlos – A qualquer lugar que a seleção brasileira vai é bem recebida. As poucas vaias são causadas por notícias que saem durante os treinos. Por exemplo: "Reservas ganham dos titulares no coletivo". Mas chega a hora do jogo e sempre dá tudo certo.

AE – O Robinho pode ir para o Real Madrid. O que acha? Se você fosse ele, iria agora ou esperaria mais algum tempo?
Roberto Carlos – Eu iria já. No Real, ele vai ter a melhor estrutura para trabalhar, em pouco tempo vai ser o melhor jogador do mundo.

AE
– Terminada a temporada, como analisa o trabalho do Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid?
Roberto Carlos – O Luxemburgo e o Mello (Antônio Mello, preparador físico) fizeram ótimo trabalho. Se eles tivessem chegado ao Real uns dois meses antes, nós teríamos conquistado títulos. O Vanderlei é um fenômeno como técnico. Basta ver que batemos o recorde de pontos no segundo turno. Infelizmente, perdemos para a Juventus na Copa dos Campeões…

AE – Ele não sofreu preconceito ao chegar à Espanha?
Roberto Carlos – Não, porque todo mundo conhecia o Vanderlei. No começo, ele quis mudar muito rapidamente o sistema de trabalho, aumentar a carga de treinamento e antecipar as concentrações, mas conversamos com ele, nós nos adaptamos e ele também.

AE – O espanhol do Luxemburgo não causou problemas?
Roberto Carlos – Nas preleções ele falava umas coisas engraçadas. O Vanderlei tinha aquela tecnologia dele, usava computador, mas, ao mesmo tempo, ficava tenso, porque não sabia falar o espanhol direito. Então não saía quase nada. Aí todo mundo ria e ele passava a falar em português.

Seleção chega hoje e viaja amanhã para a Alemanha

Buenos Aires – Os jogadores da seleção brasileira viveram nove dias de correria, desde a terça-feira da semana passada, quando iniciaram a preparação para os jogos contra Paraguai e Argentina, pelas eliminatórias. Mas quase não terão tempo para recuperar as energias e matar saudade dos familiares e dos amigos. A delegação desembarca na manhã de hoje no Brasil e, já na noite de amanhã, retorna ao avião para nova viagem. Agora, a missão é a Copa das Confederações, na Alemanha.

A seleção chegará no sábado à sede da competição, onde começará o trabalho para a estréia, no dia 16, diante da Grécia. Carlos Alberto Parreira terá, assim, quase uma semana para treinar o grupo, algo raro no apertado calendário do futebol mundial.

O treinador considera o torneio importante. Não que o título – ou um fracasso – vá fazer grande diferença em seu currículo. O evento, porém, dará a oportunidade para que os atletas se habituem aos estádios e ao ambiente da Copa do Mundo, que começa em um ano, também na Alemanha.

"É uma boa chance que temos para treinar no palco da Copa e com o clima da Copa, faltando só um ano para o início", justificou Parreira.

O técnico brasileiro aproveitará a ocasião para escolher os reservas dos laterais Cafu e Roberto Carlos, praticamente intocáveis e que foram liberados para férias. Dois brigam na direita, Belletti e Cicinho, e outros dois disputam a vaga no lado esquerdo, Gilberto e Léo. "Todos têm possibilidade", assegurou Parreira.

Belletti, do Barcelona, e Gilberto, do Hertha Berlim, convocados para os últimos dois jogos das eliminatórias, saem na frente, mas o são-paulino Cicinho e o santista Léo têm boas chances.

Belletti, por exemplo, foi vaiado no confronto com o Paraguai, domingo, e perdeu pontos no ranking dos laterais. E Gilberto praticamente não teve oportunidade para mostrar suas qualidades.

O restante do time será o mesmo das eliminatórias, com Dida no gol, Roque Júnior e, provavelmente, Juan na zaga, Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho no meio, além de Robinho e Adriano no ataque.

A Copa das Confederações terá, na primeira fase, duas chaves de quatro equipes – Argentina, Alemanha, Tunísia e Austrália no grupo A e Brasil, Grécia, México e Japão no B. As duas primeiras de cada se classificam para a semifinal. A decisão do título será no dia 29, em Frankfurt.

Geração do penta disputa última Copa

Buenos Aires – Os últimos 12 meses antes da Copa da Alemanha terão gostinho diferente para vários jogadores da seleção brasileira, principalmente para aqueles que fizeram história com a conquista do título mundial na Ásia, em 2002. A geração do pentacampeonato vai se despedir de copas no próximo ano.

É o caso dos goleiros Marcos e Dida, dos laterais Cafu e Roberto Carlos, do zagueiro Roque Júnior, do volante Emerson – que se machucou antes da competição de 2002 e não a disputou – e muitos apostam, do atacante Ronaldo.

Um dos principais jogadores do quinto triunfo do Brasil em mundiais já deixou a seleção: Rivaldo, atualmente no futebol grego. Kléberson, seu colega de meio-campo, sofreu com problemas físicos e dificilmente voltará. A principal exceção fica por conta de Ronaldinho Gaúcho, que, em 2010, completará 30 anos e deverá ter boas condições para participar da Copa da África.

É por isso que atletas marcados pelo excelente desempenho no time nacional fazem questão de aproveitar os últimos momentos com a camisa verde e amarela. Roberto Carlos, de 32 anos, é um deles. ?Ainda estou bem, me sinto preparado para continuar jogando futebol, mas ir à Copa de 2010 vai ser muito difícil, não vai dar, pois estarei com 37 anos?, declarou o lateral. Sua idéia é jogar mais três ou quatro anos antes de se aposentar.

Cafu, aos 35 anos, procura não fazer planos, mas sabe que, na Alemanha, disputará seu último mundial.

O Brasil, por sinal, irá à Copa de 2006 com um time bastante experiente, com média de idade perto dos 30 anos, uma das maiores dos últimos tempos. É certo, assim, que, a partir de 2007, haverá considerável reformulação na equipe para as eliminatórias e o mundial seguinte.

Parreira teria bebido a água em que Tevez cuspiu?

Buenos Aires – É impressionante como os argentinos gostam de debochar dos brasileiros. Desde a chegada da delegação a Buenos Aires, na noite de domingo, alguém inventa alguma brincadeira para provocar a seleção pentacampeã do mundo. O escolhido número 1 pelos anfitriões foi Carlos Alberto Parreira, que, na terça-feira, teria bebido água na qual Carlitos Tevez havia cuspido.

O ?show? foi montado por um programa humorístico da Argentina, que deve ser exibido hoje. Na segunda-feira, os humoristas levaram um galão de água ao treino da equipe do técnico José Pekerman e pediram que Tevez e alguns jogadores cuspissem nele.

Esse mesmo galão foi com os artistas para a concentração do Brasil, onde Parreira deu coletiva no início da tarde de terça-feira. Após a entrevista, solicitaram ao treinador que tomasse o líquido, colocado num copo, para provar que não tem nenhum problema com a água argentina. O comandante brasileiro, então, levou o copo à boca e bebeu o conteúdo, posando para as câmeras. "Essa água não está muito boa", disse.

A notícia de que o galão havia sido ?batizado? por Tevez e seus colegas foi publicada na edição de quarta do jornal Clarín. Se realmente os argentinos deram um galão de água suja para que Parreira experimentasse, a brincadeira, então, foi de péssimo gosto. Muita gente, no entanto, aposta que os responsáveis pelo programa trocaram a água do galão e lhe ofereceram uma limpa. A fita, então, seria editada a fim de que os telespectadores imaginem que Parreira tomou a água na qual Tevez cuspiu. Os produtores da atração não se manifestaram sobre o tema ontem.

Na segunda-feira, havia várias garrafas da água Villavicencio sobre a mesa de Parreira, durante entrevista coletiva. O treinador fez questão de deixá-las lá para mostrar que não tinha medo de que os anfitriões colocassem alguma substância no líquido. A polêmica em relação à água argentina voltou à tona no início do ano, quando Maradona declarou que, em 1990, durante confronto entre Brasil e Argentina, pela Copa do Mundo, na Itália, sua seleção ofereceu "água batizada" para que o lateral Branco bebesse. O jogador brasileiro passou mal depois de tê-la tomado e sua equipe perdeu por 1 a 0.

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