Brasil espera por resultados na Copa Ouro

O gol de pênalti marcado pelo hondurenho “Rambo” León, no último lance da partida que terminou na madrugada de quarta-feira (horário brasileiro) no Estádio Azteca, impediu que a seleção brasileira fosse dormir classificada. A vitória por 2 a 0 que se mantinha até aquele momento com gols de Maicon aos 15 minutos do primeiro tempo e Diego, aos 39 do segundo, garantia matematicamente a vaga para as quartas-de-final da Copa Ouro. Mas o 2 a 1 deixou a equipe na depedência do resultado de hoje entre México e Honduras para saber o seu destino.

Existem três possibilidades: ser eliminada, ficar em primeiro na chave e continuar jogando na Cidade do México ou ficar em segundo e se mudar para Miami. Só um resultado deixará o Brasil na liderança do grupo: vitória de Honduras por 1 a 0. Nesse caso, os três times do grupo empatariam em pontos (3), saldo (0) e o confronto direto se anularia. Brasil e Honduras avançariam por terem marcado dois gols, contra um do México. E o time de Ricardo Gomes seria o primeiro por ter vencido os hondurenhos. O Brasil será segundo colocado se houver empate, vitória do México ou vitória de Honduras por dois ou mais gols de diferença – nesse caso, os mexicanos seriam eliminados. A seleção só será eliminada se Honduras ganhar por um gol de diferença e o México fizer gol (2 a 1, 3 a 2…).

Se ficar em segundo, o Brasil jogará sábado em Miami. Se for primeiro, jogará domingo na Cidade do México. “É ruim depender dos outros, mas fizemos a nossa parte e vencemos Honduras. E não acredito que possa haver uma armação no jogo de amanhã (17) para eliminar o Brasil”, disse Diego. Apesar da vitória, os jogadores saíram do Azteca frustrados com o desempenho do time e por terem deixado a vaga escapar no último lance. Todos reclamaram muito de cansaço, por terem jogado domingo ao meio-dia contra o México e voltado a campo na terça à noite debaixo de chuva forte. “Fomos bem no primeiro tempo e poderíamos ter matado o jogo. O Kaká perdeu um pênalti, criamos outras boas chances e não fizemos. No segundo, a perna pesou e Honduras teve mais espaço para jogar”, admitiu Júlio Baptista. O meia Carlos Alberto, que entrou no lugar do apagado Ewerthon aos 27 minutos do segundo tempo para prender a bola na frente, fez bem o seu papel. O escanteio que originou o gol de Diego o santista pegou o rebote, dominou no peito e bateu de sem-pulo nasceu de uma jogada em que ele driblou adversários pela direita. “Acho que cumpri o que o Ricardo me pediu. Se ele precisar de mim no próximo jogo, estou pronto.”

Caso o Brasil se classifique, o jogador do Fluminense acha mais negócio jogar em Miami. “Lá não tem altitude e isso é bom para nós. Tenho certeza de que vamos nos classificar. Nesses dias até domingo acho que o principal é o time se recuperar fisicamente, porque taticamente temos pouca coisa para corrigir.”

Kaká precisa calibrar a mira

Kaká foi o primeiro jogador a deixar o vestiário depois da vitória sobre Honduras. Enquanto o técnico Ricardo Gomes dava entrevista na sala de imprensa, ele passou rapidamente pelo corredor e foi para o ônibus. Estava chateado por ter perdido um pênalti no primeiro tempo e um gol incrível no segundo – se o Brasil tivesse vencido por dois gols de diferença, estaria garantido nas quartas-de-final da Copa Ouro.

“São coisas que acontecem num jogo e é normal ficar chateado mas hoje (ontem) estou bem. A única coisa ruim é ficar dependendo do resultado dos outros. A vaga estava na mão e fugiu porque o juiz inventou um pênalti para eles no último minuto.”

O pênalti de terça-feira foi o segundo que cobrou este ano. E o segundo que errou – o outro foi contra a Portuguesa Santista, no Morumbi, na primeira fase do campeonato paulista. “Estou precisando fazer um gol de pênalti”, brincou. “Escolhi o canto antes de ir para a bola e não mudei. Bati com força, mas a bola não foi muito para o canto e por isso o goleiro conseguiu chegar.”

Como tinha acontecido no segundo tempo da partida contra o México, ele foi aproveitado como atacante por Ricardo Gomes, servindo de referência na frente e enfrentando os zagueiros no corpo a corpo.

Embora não seja sua função preferida e tenha ficado muito isolado no segundo tempo – tanto que o treinador já disse que providenciará um parceiro para ele no próximo jogo, caso o Brasil se classifique -, Kaká continua disposto a se sacrificar pelo time. “Jogo onde for preciso. Independentemente do esquema, o mais importante é a gente se entrosar.

O Diego e o Robinho são grandes jogadores, mas só jogamos juntos duas vezes e por isso ainda não temos o entendimento ideal. E também temos de aproveitar melhor as chances, porque nós estamos criando bastante.”

Kaká não treinou hoje. Como os outros jogadores que começaram a partida contra Honduras, ele passou o dia no hotel. Descansou pela manhã e à tarde fez sauna e relaxamento numa banheira cheia de gelo.

Diferentemente da maioria dos jogadores, ele não acha tão vantajoso que a Seleção troque a Cidade do México por Miami, que fica ao nível do mar. “Sinceramente, a altitude não está mais nos atrapalhando tanto.

Cansamos no segundo tempo do jogo contra Honduras porque tínhamos jogado domingo com o sol do meio-dia e tido só dois dias de descanso, além de enfrentar um campo pesado por causa da chuva. Se formos para Miami e depois chegarmos à final, vamos ter de voltar para cá e encarar a altitude de novo. Acho que seria melhor ficar aqui até o final da competição. Com tempo para descansar, podemos jogar bem aqui.”

Thiago Motta está fora de forma

Ricardo Gomes apostava muito no talento e na personalidade de Thiago Motta antes do início da Copa Ouro, mas está perdendo a esperança de poder colocá-lo no time por causa de sua má condição física. Ele abriu mão de escalar o jogador do Barcelona contra Honduras como gostaria de ter feito por saber que ele não suportaria os 90 minutos. Deixou para utilizá-lo no segundo tempo – Thiago entrou aos nove minutos, no lugar de Robinho -, mas novamente se decepcionou com o seu rendimento físico. “O Thiago cansou outra vez, sentiu mais do que no jogo contra o México. Se ele não der uma boa resposta nos treinos até domingo, evoluir bem, vai ser complicado”, afirmou o treinador.

O meia admite que está muito longe do ideal. “É difícil falar em porcentagem. Acho que estou com uns 50% ou 60% da minha condição física”, avaliou. “Mas acho que dá para melhorar bem para o próximo jogo.”

Quando se apresentou à seleção, no dia 7, Thiago Motta estava sem jogar desde o dia 22 de junho, quando o Barcelona enfrentou o Celta na última rodada do campeonato espanhol. Ele havia ficado 40 dias parado por causa de uma fissura no coccix e entrou no intervalo no lugar do argentino Sorín.

Para tentar melhorar um pouco sua condição física antes da viagem para o México, o meia treinou sozinho no Palmeiras durante três dias (3, 4 e 5). Mas não foi o suficiente para deixá-lo apto a encarar a altitude de 2300 metros da capital mexicana e fazer dois jogos num intervalo de 55 horas. “Quando pensei em chamar o Thiago para a Copa Ouro, entrei em contato com ele e soube que estava parado por causa da lesão. Disse para ele se cuidar, mas a recuperação acabou demorando e ele perdeu muita condição física”, disse Ricardo Gomes.

Como só podia inscrever 18 jogadores na competição por exigência do regulamento, o treinador ficou em dúvida até a última hora entre o jogador do Barcelona e Paulinho, meia do Atlético-MG que ele admira muito mas que também vinha de contusão.

Entre dois jogadores “baleados”, ele optou pelo mais versátil. “Escolhi o Thiago porque ele pode fazer várias funções, o que é muito importante num grupo tão enxuto.”

Enquanto tenta melhorar o fôlego para assumir um lugar no time Thiago Motta vive a expectativa de definir sua situação profissional. Seus representantes na Europa estão renenegociando seu contrato com o Barcelona. O atual vence só em 2005, mas foi assinado quando ele jogava no Barça B. Ele recebe 300 mil euros/ano e quer passar a ganhar 1,4 milhão de euros/ano. O trunfo de seu staff é que o Milan está muito interessado e já se dispôs a pagar 15 milhões de euros – sua cláusula rescisória é de 12 milhões. Nos próximos dias, Thiago Motta deve assinar um contrato com a Pepsi.

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