Brasil encara hoje o pior adversário das quartas

Piura, Peru (AE) – Tudo ou nada. O Brasil entra em campo hoje, às 22h30, em Piura, pela sua sobrevivência na Copa América. O adversário da partida eliminatória pelas quartas-de-final é o poderoso México.

A esmagadora maioria da imprensa internacional que está no Peru aponta os mexicanos como favoritos diante da jovem seleção montada por Carlos Alberto Parreira derrotada pela olímpica paraguaia na última partida da primeira fase do torneio.

Esse favoritismo percebido nos jornais, rádios e televisões é um componente importante para o Brasil. O time jogará com raiva. O sentimento já atingiu até Parreira. “Não aceito essa história de favoritismo mexicano. Que é isso? O entrosamento do México é bom, mas não desequilibra a partida. Eles vão jogar contra a seleção brasileira. O jogo será equilibrado para os dois. O Brasil entrará com coragem para ganhar e seguir adiante na Copa América. Em todas as ocasiões é preciso respeitar o nosso futebol”, desabafa. “Vai se arrepender quem fala que o México já ganhou esse jogo. Nosso grupo está com o orgulho ferido pela derrota diante do Paraguai e quer ganhar não só do México como a Copa América. Estamos mais fortes do que todos imaginam”, alerta o capitão Alex.

Há um clima diferente que mistura segredo e raiva na preparação para este jogo. Parreira viu os teipes das três partidas que o time mexicano fez no Peru ao lado do seu auxiliar Jairo Leal. “Não me pergunte nada. Não vou falar uma palavra sobre as observações que fizemos”, dizia, tenso, Jairo Leal. O relatório enviado pelo ?espião? Jairo dos Santos que esteve acompanhando nos estádios as partidas do México alerta sobre a maneira compacta que o time atua.

O que viu e leu levou Parreira a notar a importância de não sofrer o primeiro gol para conseguir ficar com a vaga. “A maneira que os mexicanos se defenderam diante da Argentina foi uma prova do que nos espera. O time não é desleal, mas mostrou tanta aplicação que o habilidoso time argentino não teve como penetrar na área mexicana após sofrer o gol. E olha que foi nos primeiros minutos do jogo. Eles insistiram, insistiram, mas perderam. Isso serve de alerta para o Brasil.” Parreira e Zagallo estão estimulando o quanto podem o lado psicológico dos jogadores. “Nós aos poucos fomos conhecendo os companheiros. Percebemos o nosso potencial. Jogamos muito mais do que naquela derrota contra o Paraguai e ainda bem que teremos a chance de demonstrar isso contra o México. Estávamos relaxados contra o Paraguai. Isso não acontecerá mais”, promete o atacante Adriano.

O técnico brasileiro dizia ter uma única dúvida na formação do time. Mas a força física de Maicon o deixou em vantagem em relação a Mancini. Parreira percebeu que o canhoto Alex se move naturalmente pela esquerda para forçar jogadas de ataque com Gustavo Nery e Adriano. E sabendo que os mexicanos também estão atentos a este detalhe, pediu ao meia controlar essa tendência e forçar triangulações pela direita com Maicon e Luís Fabiano.

NBA

As bolas aéreas que, inspiradas no movimento dos times de basquete da NBA, estavam favorecendo o Brasil nos primeiros jogos foram trabalhadas arduamente. “Nosso forte estava sendo as cabeçadas no ataque. Nos desconcentramos e sofremos dois gols pelo alto dos paraguaios. Isso vai mudar contra o México. Tudo voltará ao seu lugar”, promete Juan. O zagueiro do Bayer Leverkusen e Alex que foram poupados contra o Paraguai voltam ao time. “É minha primeira decisão pela seleção brasileira. Vamos mostrar porque viemos ao Peru”, jura o goleiro Júlio César. Se houver empate nos 90 minutos a decisão será por pênaltis. Parreira fez o time treinar muito pênaltis em Arequipa. O aproveitamento foi ótimo.

Um adversário que impõe respeito

Arequipa, Peru (AE) -Quando terminou a partida contra o Paraguai com derrota, os bem-informados jogadores brasileiros que estão no Peru, sabiam que o adversário das quartas-de-final seria o México. Não havia sorriso menhum nos seus rostos. Em conversas reservadas eles cansaram de dizer que pelo que viram na Copa América, os mexicanos formavam o time melhor montado. Mais difícil de ser batido do que a própria Argentina.”Nós acompanhamos a excelente campanha que eles fizeram na primeira fase. Não deixaram dúvida que formam a seleção que melhor se preparou para a Copa América. A maneira compacta de se defender e contragolpear em velocidade cria problemas para qualquer time montado. Imagine o nosso, que foi formado durante a competição. Vamos ter de nos superar nesse jogo”, resume, sincero, Alex.

Assim como os treinadores, os atletas modernos também estudam as táticas dos adversários. Observam movimentos coletivos dos times que terão pela frente. Foi o que fizeram os brasileiros no Hotel Libertador, em Arequipa. Eles ficaram impressionados com a sincronia da equipe de Ricardo Lavolpe.

“Eles fazem uma marcação fortíssima. Deixam sempre oito ou até nove jogadores atrás da linha da bola. E, ao contrário das seleções européias, mostram muita técnica ao roubar a bola. Será um duelo difícil”, reconhece Edu.

Não há como esconder que os atletas prefeririam ter pela frente a garra uruguaia à técnica mexicana. Eles deixaram escapar a chance de pegar o Uruguai ao não conseguir sequer empatar com o Paraguai.

O México já atingiu a invejável quarta posição no ranking internacional da Fifa, liderada pelo Brasil.

O metódico treinador brasileiro não assume, mas gostaria de enfrentar um adversário menos poderoso nessas quartas de final, e fazer o time ganhar força psicológica para as semifinais e final. Mas não houve jeito.

Porém, existe o outro lado da moeda. “Acredito no nosso time. Ganhando essa partida, conseguiremos uma moral enorme para seguir na competição”, avisa preocupado Parreira. (CR)

COPA AMÉRICA
BRASIL X MÉXICO

Brasil: Júlio César; Maicon, Juan, Luisão e Gustavo Nery; Renato, Kléberson, Edu e Alex; Luís Fabiano e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira

México: Oswaldo Sánchez; Claudio Suárez, Duilio Davino, Omar Briseño e Héctor Altamirano; Octavio Valdéz, Ramón Morales, Gerardo Torrado e Jesús Arellano; Francisco Palencia e Adolfo Bautista. Técnico: Ricardo Lavolpe.

Súmula
Local
: Miguel Grau (Piura-PER)
Horário: 22h30 (de Brasília)
Árbitro: Oscar Ruiz (COL)
Assistentes: Dember Perdomo (COL) e Winston Reategui (PER)

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