Bonamigo preocupado com o meio-campo

Marcação, passe, movimentação e transição entre defesa e ataque. As quatro preocupações do técnico Paulo Bonamigo passam pelo meio-campo, setor vital do Coritiba, e mais trabalhado nessa semana que antecede o jogo de domingo (16h) contra o Guarani, em Campinas. O treinador alviverde quer uma equipe equilibrada, e para isso mandou Roberto Brum ficar na marcação, enquanto Jackson ganha mais liberdade para criar.

O primeiro já imaginava que isso ia acontecer. “Nos jogos fora de casa, eu tenho que resguardar mais a posição, porque nós precisamos formar um cinturão na frente da área”, explica Roberto Brum. “Quando a partida é no Alto da Glória, eu tenho a autorização do Bonamigo para apoiar”, completa o volante.

Para Bonamigo, é importante a fixação de Brum, jogando como um volante de ofício. “Nós estamos fora dos nossos domínios, e é natural que o Guarani venha para cima. Nós precisamos ter essa segurança defensiva para podermos jogar com tranqüilidade”, comenta o treinador, que está preocupado com a marcação. “Acho que é um ponto em que falhamos contra Vasco. Não fomos aquela equipe aplicada lá em São Januário, e temos que ser dessa forma se quisermos vencer no Brinco de Ouro”, afirma.

Ao mesmo tempo em que obriga Roberto Brum a ser o ?cão de guarda? do trio de zagueiros, Bonamigo quer que Jackson jogue com liberdade. “Eu quero dele isso, o Jackson já sabe que está liberado para criar, se aproximar dos atacantes”, garante o técnico. Para isso, o treinador altera a posição do meio, criando uma segunda linha de marcação, com Ceará, Roberto Brum e Adriano. “Pelas laterais a gente também precisa acertar o passe”, adverte Bonamigo.

Para o meia, melhor, já que ele considera que só agora conseguiu readaptar-se à posição. “Eu tinha me acostumado à ala, tanto que nos últimos jogos ainda acabava caindo pela direita. No primeiro jogo que voltei ao meio-campo, realmente não joguei bem, mas fui me recuperando a cada partida”, comenta Jackson.

Ele assume de vez, portanto, a responsabilidade de substituir Tcheco. “Eu estou ocupando aquele espaço, e estou me sentindo bem”, afirma o armador, que foi um dos destaques da partida contra o Paysandu, e que assegura não estar sobrecarregado no meio. “Muito pelo contrário. Quando o Tcheco saiu, jogaram muita coisa em cima de mim, mas aqui ninguém assume nada sozinho”, completa.

Contratempos foram revertidos em união

Os últimos dias foram dos mais agitados para o Coritiba neste ano. Desde quinta passada, quando perdeu para o Vasco e sofreu gratuita e covarde agressão de torcedores cariocas, o elenco alviverde viveu sob pressão – de enfrentar a peregrinação em delegacias e órgãos públicos, dos agressores que tentavam jogar a culpa para outros e eximir-se dela, e de reencontrar a vitória na partida contra o Paysandu.

E eles conseguiram. Na segunda posição, o Cori recebeu com satisfação a notícia de que quatro times saem do campeonato brasileiro para a Taça Libertadores – com a decisão da CBF, as chances de chegar à competição sul-americana aumentaram muito. E, depois de tantas provações, o elenco reforçou ainda mais a sua unidade. O goleiro Fernando, um dos líderes do grupo coxa, fala sobre as novidades vindas do Rio e as lições tiradas da tragédia de São Januário.

Paraná-Online

– A CBF confirmou que os quatro primeiros do Brasileiro vão para a Libertadores. Como o Cruzeiro dificilmente sai das primeiras posições, até o quinto lugar terá vaga. Como vocês receberam essa notícia?

Fernando

– O nosso objetivo, desde o início da competição, é ficar entre os três primeiros colocados. Mas se alguma coisa der errado, há uma margem de segurança muito interessante. Só que temos que pensar em manter essa média de pontuação e de atuações, pois isso vai nos deixar entre os melhores da competição. Deus queira que nós consigamos fazer bons jogos nessa reta final e que consigamos chegar na Libertadores sem precisar dessa quinta vaga.

Paraná-Online

– Para o Bonamigo, o que aconteceu depois do jogo contra o Vasco acabou servindo para reforçar a unidade do elenco. Dá para exemplificar isso?

Fernando

– Há atitudes práticas que comprovam isso. Às vezes, o relacionamento é bom, as coisas vão bem, mas só com atitudes a gente percebe que há uma força dentro do grupo. Em uma situação complicada como essa, com pessoas querendo te agredir, você vê companheiros que nem precisariam estar ali tentando entrar no ônibus para ajudar, se arriscando. Poderiam ficar em posição confortável, se protegendo, mas todo mundo entrou na briga. Isso faz com que você valorize ainda mais quem está do seu lado.

Paraná-Online

– E a unidade é reforçada nesse momento decisivo do brasileiro.

Fernando

– É verdade. Na reta final do campeonato, esse fato fica evidenciado não só aqui dentro, mas também para quem está fora. É um momento de fortalecimento, em que todos serão importantes. E nessa partida do Vasco isso ficou bem evidente: é um grupo que se ajuda dentro de campo e fora também.

Paraná-Online

– O Bonamigo chegou a chamar essa reta final de “supercampeonato”. Porque é ?super??

Fernando

– São poucos jogos, e sempre decisivos. E é diferente, porque pela primeira vez vai ser conhecido um campeão por pontos corridos…

Paraná-Online

– … por merecimento…

Fernando

– Isso. É a fórmula que tem o maior nível de acerto para determinar o campeão. Não digo justiça, porque qualquer time que chega ao título brasileiro tem méritos para isso.

Paraná-Online

– Mas é o mais honesto.

Fernando

– É, porque o time que tem a melhor performance durante a competição vai chegar ao título. E agora faltam treze jogos, são decisões, e é por isso que é um “supercampeonato”.

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