Bonamigo muda, e Coxa será ofensivo no domingo

“Temos que jogar para ganhar.” “Quem é titular tem que se cuidar, porque tem gente aproveitando as chances.” Bonamigo avisara na véspera, e ontem ele reafirmou seus pensamentos em relação ao time que enfrenta o Grêmio. Desta vez não com palavras, mas sim com o primeiro esboço de equipe para a partida de domingo, 18h, no Olímpico. Ele surpreendeu, formou um time mais ofensivo e pode acabar sacando um dos ditos ?intocáveis? do time.

Seria, sem dúvida, uma grande surpresa, mas Bonamigo deixou nas entrelinhas que Roberto Brum pode estar perdendo a vaga no onze titular para Willians. “Tenho que respeitar tudo que o Brum fez nos jogos, mas todos reconhecem que o Willians está muito bem”, explica Bonamigo. O “Senador” começou o coletivo de ontem (realizado no Alto da Glória) como titular, mas na metade do trabalho deu lugar ao concorrente, que vive ótima fase. “Quero aproveitar a chance que estou recebendo”, diz o volante.

E a presença de Willians ganha força quando Bonamigo escala Jackson na ala-direita. O armador coxa não sentiu dificuldades em jogar na função – outra novidade do coletivo, já que era certa a reutilização de Pepo no setor. “Eu já joguei por ali no Cruzeiro, e não tem problema não”, afirma Jackson. “Ele tem um sentido de marcação muito bom, mas mesmo assim preciso de um volante que faça uma cobertura pela direita, como o Willians”, resume o treinador coxa.

Como é quase certo que Jackson ocupe a ala no domingo, a possibilidade de Willians jogar é grande. Por enquanto, Bonamigo não confirma nada. “Quero esperar até sexta, mesmo porque quero ver como o Grêmio vai jogar, e dependendo do que eles fizerem posso mudar um pouco. Mas gostei do que vi no primeiro trabalho”, confessa o técnico. Mesmo assim, Brum mantém a confiança. “Vou jogar, tenho certeza”, afirma.

E ele viu um Coritiba mais agressivo, tendo a seguinte formação: Fernando; Odvan, Edinho Baiano e Reginaldo Nascimento; Roberto Brum (Willians), Jackson, Adriano, Tcheco e Lima; Edu Sales e Marco Brito. “O time titular criou uma série de oportunidades de gol (venceu por 4×0) e mesmo assim não perdeu a capacidade de marcação”, elogia Bonamigo. Certas vezes, inclusive, o Cori ameaçou um ?carrossel?, com constantes trocas de posição.

Isso porque Jackson não perde a incumbência de armar o Cori, tendo liberdade de fechar em diagonal pelo meio. Com isso, Tcheco e até Lima ocuparam a ala em momentos do treino. E até na defesa Odvan e Reginaldo Nascimento trocaram de lado. Apesar disso, Bonamigo garante que as posições serão mantidas. “Não vamos deixar de ocupar os espaços”, garante. “Foi uma situação específica. Temos que fazer a cobertura do Jackson quando ele derivar pela meia”, completa Tcheco.

Mas, acima de tudo, Bonamigo quer equilíbrio. A intenção principal da entrada de Jackson na direita é fazer com que o Cori reveze as jogadas pelos lados, diminuindo a carga que é imposta sobre Adriano – e que, muitas vezes, torna o time ?refém? do lateral-esquerdo. “Acho que como primeiro treino, a equipe foi muito bem. Isso me anima para a partida de Porto Alegre”, finaliza Bonamigo.

Poupado

O único susto do dia ficou justamente por conta de Adriano. Ele deixou o treino antes do final sentindo uma fisgada no músculo posterior da coxa esquerda – Leandro entrou em seu lugar. “Nós o tiramos para que ele descansasse. Vamos reavaliá-lo, mas creio que não haverá problemas para o jogo”, diz o médico Walmir Sampaio.

Clube parou para homenagens da cidade

Valeu para lembrar mais uma vez o feito histórico do Coritiba. Ontem, a Câmara Municipal de Curitiba homenageou o clube pela conquista do título paranaense de 2003. Jogadores, dirigentes e a diretoria receberam medalhas e diplomas alusivos ao título, que foi conquistado de forma invicta. A proposição partiu do vereador Fábio Camargo (PSC).

O título invicto do Coritiba repetiu o feito de 1935. Em 1936 o Atlético também foi campeão sem perder nenhuma partida. “Pela importância da conquista, essa homenagem é mais do que justa”, comentou Fábio Camargo em seu discurso. O vereador também lembrou da presença dos jogadores formados no Alto da Glória. “A prata da casa representa o futuro do Coritiba, e já rendeu frutos neste ano”, elogiou.

No agradecimento, o presidente Giovani Gionédis deu a palavra para o secretário Domingos Moro, que também valorizou a prata da casa, além de ressaltar o trabalho do técnico Paulo Bonamigo. “E esta homenagem representa muito para esta diretoria, que tem como objetivo recuperar o Coritiba dentro e fora de campo, e o título paranaense foi um prêmio ao que todos que trabalham no clube vêm fazendo”, afirmou.

O reencontro com o Olímpico

Em Porto Alegre, a estrutura é um pouco diferente. Ao contrário dos clubes daqui, as categorias de base treinam nos chamados ?campos suplementares?, anexos aos estádios. É assim no Grêmio, e muito por isso os jogadores formados lá adquirem o espírito do clube muito cedo. Imagine isso multiplicado por muitos anos – dez, por exemplo. E é isso que liga o goleiro Fernando ao tricolor gaúcho, adversário coxa no domingo.

Fernando, em comparação ao treinador coxa, está longe do Olímpico há pouco tempo. Ele saiu de lá em 2000, quando foi emprestado à Francana. Depois ele passou por Vila Nova e desde o ano passado está no Alto da Glória. Mesmo assim, o goleiro confessa que há uma motivação diferente em enfrentar o Grêmio – só que agora a história mudou. “Eu nunca tive oportunidade lá, mas a partir do início do ano eu não tenho mais vínculo com o clube. Não tenho que ficar provando nada para ninguém”, diz.

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