Bonamigo está no Coritiba a mais de 1 ano

Como já era esperado, a proximidade do final do primeiro turno do campeonato brasileiro revela números nada interessantes para os treinadores. Das 24 equipes que disputam a primeira divisão do campeonato brasileiro, apenas sete mantêm o mesmo comandante. Algumas equipes trocaram mais de um treinador, como é o caso do Grêmio, Paraná, Juventude e do Fortaleza. Ao todo, foram efetuadas 22 mudanças de comando, provocando um “mexe-mexe” no mercado do futebol.

Apesar da guilhotina estar afiada, ela não “decapitou” nenhum treinador paranaense. O Paraná Clube já teve dois treinadores, mas tanto Cuca como Adílson Batista pediram para sair. Cuca para assumir o Goiás e Adílson alegando desgaste pelas constantes pressões que vinha sofrendo.

No Coritiba e no Atlético, tanto Paulo Afonso Bonamigo como Vadão, que chegou na metade do estadual, estão no comando desde o primeiro jogo do Brasileirão. Bonamigo, aliás, tem a marca de ser o treinador do Brasileirão que está há mais tempo no comando de uma equipe. Apesar dos constantes assédios das equipes gaúchos – Internacional e Grêmio já procuraram o treinador – ele se mantém no comando do Coritiba há um ano e três meses. Ele assumiu o posto no dia 19 de abril de 2002, às vésperas do Supercampeonato Paranaense. Apesar de não ter chegado à final da competição, decidida entre Atlético Paranaense e Paraná Clube, a diretoria deu um voto de confiança ao treinador e não se arrependeu. Após fazer um bom campeonato brasileiro em 2002 – o time terminou a competição em 11.º lugar, o Alviverde conquistou o estadual deste ano sem perder sequer um jogo e hoje está em quinto no Brasileirão, com uma campanha marcada pela regularidade. “Não há como negar que os bons resultados estejam diretamente ligados à minha permanência. Pela cultura do futebol brasileiro, o emprego do treinador está diretamente ligado aos resultados do gramado”, diz o treinador. O próprio treinador, especialmente no início do Brasileirão, já esteve ameaçado. Mas com a virada do time a permanência foi garantida.

Se for feita uma análise da tabela, os treinadores que permanecem em seus postos comando equipes que estão bem classificados na tabela. A exceção é o técnico Abel Braga, que mantém a Ponte Preta em 18.º. Mas vale lembrar que se a equipe não houvesse perdido cinco pontos em função da escalação irregular do volante Roberto nas partidas contra o Internacional e Juventude, a Macaca estaria na 13.ª colocação. Uma prova clara que no futebol brasileiro, em time que está ganhando não se mexe. Especialmente no comando técnico.

Desculpa esfarrapada

A alegação dos dirigentes para as mudanças de técnicos é a necessidade de motivar os jogadores – e satisfazer os torcedores, que pressionam pelos maus resultados. No entanto, os jogadores reconhecem que a estabilidade é melhor para o rendimento do grupo.

O zagueiro Ageu, que vive a experiência com o terceiro treinador no Paraná, a mudança de comando pode ser mesmo motivadora. “Quando a equipe tem uma série de maus resultados, é difícil lutar contra o desânimo. Um novo treinador pode mexer com o grupo, que quer provar que tem potencial”, diz. Aparentemente, foi o que aconteceu com o Tricolor no estadual. Na competição, a equipe só escapou do rebaixamento na última rodada, sob o comando do interino Omar Feitosa – Caio Júnior fora dispensado uma rodada antes.

Com a contratação de Cuca, o Paraná recuperou o ânimo e foi uma das sensações no início do Brasileirão. Mas Cuca foi para o Goiás. “Mudança de comando no meio da temporada é complicado, pois demora umas três rodadas para o treinador conhecer bem o grupo. E em um campeonato de pontos corridos, não se pode desperdiçar oportunidades de pontuar”, diz. Ou seja: quando o time está ganhando, a estabilidade é muito positiva, não apenas para o treinador.

O meia coxa-branca Tcheco, que experimenta ter o mesmo treinador há mais de um ano, dar tempo ao treinador é fundamental, mesmo que os resultados não sejam sempre positivos. “Quanto mais um treinador permanece, mais padrão o time ganha. Assim, fica mais fácil repor jogadores suspensos ou machucados. Mudam as peças, mas não o modo de jogar”, acredita. Para o jogador, a mudança de comando ante aos maus resultados acaba ocorrendo por pressão da torcida. “Há muita cobrança e às vezes é tomada uma solução drástica. Eu, particularmente, acho que um time ganha muito mais com a presença do treinador a longo prazo”.

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