Blatter apresenta recurso contra suspensão na Fifa

O suíço Joseph Blatter recorreu da decisão da Fifa de o afastá-lo por três meses do cargo de presidente e espera reverter a decisão que o impede de ter qualquer relação com o mundo do futebol durante esse período. A informação foi divulgada pelo jornal New York Times, que afirma ter obtido uma cópia do recurso.

Na última quinta-feira, Blatter foi suspenso por 90 dias da entidade que ele preside por conta das investigações abertas pelo Ministério Público contra ele. O dirigente suíço é suspeito de “gestão desleal” e “apropriação indevida” de recursos.

Nesta sexta-feira, porém, ele questionou a decisão, alegando que o processo violou as próprias regras do Comitê de Ética da Fifa. Blatter quer agora ter acesso ao processo que o afastou e pede que seja ouvido pelos inspetores.

Além de Blatter, a Fifa afastou o secretário-geral Jérôme Valcke e os dois principais candidatos ao comando da organização, o francês Michel Platini e o magnata sul-coreano Chung Mong-Joon. A decisão abriu uma disputa política feroz em Zurique e jogou o mundo do futebol em um caos diante da indefinição sobre quem assumirá a entidade a partir do dia 26 de fevereiro, data da eleição.

Criada há 111 anos, a Fifa passa por sua maior crise e mesmo seus funcionários, em comentários dentro da entidade, admitiram que ela havia sido “engolida pela corrupção”. Na prática, a ação de quinta-feira foi o capítulo mais dramático desde a prisão de sete cartolas em maio deste ano, em Zurique. Uma onda de investigações foi iniciada e chegou até o comando máximo do futebol.

No lugar de Blatter, assumiu Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol desde os anos 1980 e envolvido em escândalos como o da ISL e suspeito de ter recebido US$ 1,5 milhão para votar no Catar no processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2022. Há poucas semanas, ele manobrou para mudar o estatuto de sua entidade para permanecer no poder.

Mas é sobre o futuro da entidade que a medida tem um impacto mais profundo. Hayatou garantiu que vai manter a data de 26 de fevereiro para as eleições e indicou que não será candidato. Mas fontes dentro da entidade confirmam que ele não tem poder e que a Fifa estaria sendo administrada na prática por Domenico Scala, o homem que conduz o processo de reforma, pelo comitê de ética, advogados e pelos patrocinadores.

Enquanto o império desabava, membros do Comitê Executivo da Fifa disparavam ligações para tentar convocar uma reunião de emergência. Para fontes ouvidas pela reportagem, a decisão tomada pelo comitê de ética abre uma era de incertezas sobre quem assumirá a organização. O julgamento praticamente inviabiliza a eleição de Platini, considerado como favorito e que prometia transparência e reforma na entidade caso fosse o escolhido em fevereiro de 2016. Para o Comitê de Ética da Fifa, a suspensão torna sua candidatura “muito complicada”.

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