A crise entre Ronaldinho Gaúcho e Barcelona está muito próxima do último capítulo. Cansado do brasileiro, o clube espanhol deverá aceitar a melhor proposta que receber por ele ao final da temporada européia, em junho. Mas o fastio é tão grande que o Barça poderá até liberá-lo de graça, já que essa opção ficaria mais em conta do que manter o jogador de 28 anos até o fim do contrato, em 2010, ao custo de 16 milhões de euros.
Na terça-feira à noite (25), a Junta Diretiva, departamento que administra o Barcelona, fez uma longa análise da situação de Ronaldinho. Examinaram um documento elaborado por Marc Ingla, diretor esportivo do clube, onde ele especifica quando, como e em que condições o brasileiro está treinando. E a conclusão é de que o jogador é "irrecuperável".
O astro brasileiro tem demonstrado nos últimos sete meses não estar disposto a mudar sua conduta. Segundo a imprensa espanhola, sai demais à noite, queixa-se para os médicos de dores que não existem, treina pouco e parece escolher a dedo as partidas que jogará. De acordo com os jornais Marca (de Madri) e Sport (de Barcelona), a maioria dos diretores considera Ronaldinho uma estrela que tristemente se apaga pouco a pouco.
A pergunta que toma conta do Barcelona é uma só: o que fazer com Ronaldinho Gaúcho quando acabar o Campeonato Espanhol? O clube sabe que tem apenas três alternativas: vender o jogador, dar carta de liberdade (liberação sem lucro) ou exigir que cumpra seu contrato até junho de 2010.
Negociar o craque não será uma tarefa das mais fáceis. Depois de muito vento, com supostas propostas milionárias da Inglaterra e Itália – o Chelsea teria oferecido 60 milhões de euros (R$ 162,3 milhões) -, nenhum grande clube apresentou uma oferta oficial pelo jogador.
A possibilidade de oferecer ao jogador a carta de liberdade não está descartada, mas pode ser uma armadilha. Dirigentes do Barcelona entendem que se o clube dar a liberação ao brasileiro, na verdade, vai atender aos interesses de Roberto Assis, irmão e agente de Ronaldinho.
Assis, segundo se diz no clube, trabalha com essa hipótese de conseguir a carta para poder negociar seu irmão com outros clubes, sem a interferência do Barcelona. É mais ou menos o que aconteceu com Rivaldo, em 2002, quando ele saiu de graça do Barcelona e fechou com o Milan.
Não custa lembrar, o clube espanhol desembolsou 30,5 milhões de euros (R$ 82,5 milhões) em 2003 para tirar Ronaldinho Gaúcho do Paris Saint-Germain, da França. E, de alguma forma, o Barcelona espera recuperar parte desse investimento fazendo um bom negócio.
Se, por outro lado, os dirigentes resolverem que ele terá de cumprir contrato até o final – junho de 2010 -, o clube será obrigado a gastar mais 16 milhões de euros (R$ 43,2 milhões) entre salários e incentivos. Ninguém no Camp Nou, nem mesmo o mais fanático torcedor do Barcelona, admite investir todo esse dinheiro se Ronaldinho repetir o desempenho quase nulo da atual temporada.
Neste Campeonato Espanhol, Ronaldinho entrou em 17 (13 como titular) das 29 partidas do Barcelona. Marcou 8 gols (três de pênalti), em 1.231 minutos no campo. Na Liga dos Campeões da Europa, disputou os 8 jogos (7 como titular), no total de 589 minutos. Fez só um gol. E na Copa do Rei da Espanha, jogou apenas uma das 8 partidas do time.
Esses números mostram que o desempenho de Ronaldinho Gaúcho foi bem abaixo da expectativa. A torcida, que o tinha como um santo, já não é mais tão devota. E seu futuro parece mesmo fora do Barcelona.