Convencido de que foi vítima de um complô que tinha como principal objetivo impedir que ele concorresse à presidência da Fifa, Michel Platini acionou a Justiça francesa em um processo no qual tentará provar que ex-dirigentes da entidade conspiraram para que fosse punido, no final de 2015, com o seu banimento do futebol mundial.

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Um dos maiores jogadores da história da seleção francesa e ex-presidente da Uefa, Platini confirmou à agência de notícias Associated Press, por meio de sua assessoria de comunicação, que entrou com esta ação judicial. E o jornal francês Le Monde informou que os advogados do ex-dirigente alegaram que o seu cliente foi alvo de “denúncia caluniosa” e “conspiração criminal”.

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Em dezembro de 2015, Platini foi banido pela Fifa por má conduta financeira em relação a um pagamento de US$ 2 milhões (cerca de R$ 8 milhões, na cotação da época), que foi autorizado por Joseph Blatter, ex-presidente da entidade. Em maio deste ano, porém, promotores federais da Suíça confirmaram que o ex-camisa 10 da França não estava sendo acusado em uma investigação por possíveis delitos financeiros.

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Assim como Platini, Blatter foi banido pela Fifa do futebol em 2015. Naquela ocasião, os dois receberam uma suspensão de oito anos ao terem as suas explicações sobre o pagamento de US$ 2 milhões ao francês reprovadas pelo Comitê de Ética do entidade. Os dois alegaram que a quantia era referente a uma dívida adquirida quando o ex-presidente da Uefa era assessor do suíço, entre 1998 e 2002, por supostos serviços prestados à Fifa antes de Platini se tornar o principal líder do futebol europeu.

Porém, o Comitê da Ética da Fifa e a Justiça suíça suspeitaram que o pagamento ocorreu para que Platini apoiasse a reeleição de Blatter à presidência do órgão maior do futebol no pleito de 2011, quando o catariano Mohamed Bin Hammam se candidatou ao posto e chegou a ser visto como uma ameaça ao longo período de poder do suíço, que assumiu a Fifa em 1998.

Em meio a este escândalo de corrupção, Platini quer saber como a informação sobre este pagamento autorizado pelo ex-presidente da Fifa foi enviada a promotores suíços. E o francês acredita que esta “denúncia caluniosa”, como sua defesa qualificou neste novo processo judicial, foi uma conspiração interna para que ele não pudesse também vir a concorrer ao posto de presidente do órgão máximo do futebol.

Advogado de Platini, William Bourdon afirmou à Associated Press que a Justiça francesa abriu uma investigação preliminar para apurar este caso. E ele disse que o pagamento de US$ 2 milhões para o seu cliente pelos serviços prestados como assessor de Blatter, entre 1998 e 2002, foi “regular e transparente, enquanto alguns fingiram reconhecer a ideia de que era uma remuneração sem base e oculta”. “Há fortes indícios de uma conspiração destinada a derrubar Michel Platini”, afirmou Bourdon.

De acordo com o Le Monde, três ex-membros da Fifa são apontados como principais suspeitos de conspiração contra Platini: o próprio Blatter, além de Marco Villiger, ex-assessor jurídico do cartola suíço na entidade, e Domenico Scala, que presidia os comitês de auditoria e compliance do órgão. “Estes três nomes estão entre um grupo de pessoas que devem ser ouvidas (pela Justiça)”, disse Bourdon.