Baixada perde o encanto e Atlético cai ante a Ponte

O Atlético decepcionou mais uma vez a sua torcida e completa a quarta partida seguida sem vencer na Arena no Campeonato Brasileiro. Ontem, foi a vez da Ponte Preta vir a Curitiba e vencer facilmente o Furacão por 1 a 0. Com o resultado, o clube caiu para a 11.ª posição na tabela e já põe em xeque o trabalho da comissão técnica rubro-negra. O próximo adversário será a Portuguesa (em São Paulo) e o time não poderá contar com o zagueiro Rogério Correia e o volante Cocito, que cumprirão suspensão automática.

Era a estréia do técnico Gílson Nunes, que encarou um osso duríssimo de roer logo em sua primeira entrada na Arena. Com o time fora da zona de classificação, sem vencer em casa há mais de um mês e com um adversário buscando a mesma vaga na próxima fase do Brasileirão, o treinador não conseguiu passar a tranqüilidade necessária para os jogadores produzirem o que sabem. A pressão era forte, mesmo assim, foi uma equipe totalmente diferente daquela comandada pelo antecessor.

Mais organizados, os atleticanos ditaram o ritmo no primeiro tempo. A torcida cooperou e empurrou o time, mas as velhas falhas de finalização persistiram. Nem a sorte ajudou, que parecia estar sempre ao lado do goleiro Alexandre Negri. O arqueiro da Macaca fechou a meta e impediu o gol tão ansiado pela arquibancada. O tempo passava, a Ponte catimbava e o Rubro-Negro ia ficando envolvido pelo adversário e pela arbitragem do arrogante Giuliano Bozzano.

O nervosismo foi tomando conta e até o pentacampeão Kléberson foi irreconhecível. O lateral-esquerdo Fabiano sofreu pênalti no final do primeiro tempo, que Xaropinho desperdiçou. A falha foi perdoada pela torcida que gritou “ão, ão, ão, Xaropinho é seleção”.

Na segunda etapa, as coisas só pioraram. As vaias esporádicas no primeiro tempo se transformaram num coro só no Joaquim Américo. Em dez minutos, nem os mais otimistas conseguiram segurar a fúria contra um time apático em campo. Na hora de mostrar serviço, Gílson Nunes tirou um volante e colocou mais um atacante. Os erros que eram cometidos por Alex Mineiro e Dagoberto aumentaram com Jadílson.

Sem brilho, sem sorte e sem tranqüilidade para marcar o primeiro gol, a Ponte Preta acabou fazendo o crime e castigando os torcedores que foram ontem à noite prestigiar sua equipe. Quase ao apagar das luzes, Macedo fez um carnaval na área rubro-negra e chutou no ângulo do goleiro Flávio. Com o resultado negativo e um péssimo futebol, foi só o árbitro apitar a partida para a torcida mostrar a sua indignação. “Vergonha, vergonha”, foi o coro ouvido por jogadores, comissão técnica e diretoria por mais em vexame em casa.

Hoje, os jogadores voltam a trabalhar no CT do Caju na parte da tarde. O técnico terá que definir os substitutos para Rogério Correia e Cocito, que tomaram o terceiro cartão amarelo. A boa nova é que o volante Douglas Silva já poderá retornar ao time titular.

Jogos de ontem

Além da partida da Baixada, a rodada do Campeonato Brasileiro teve ontem mais os seguintes resultados: Grêmio x Botafogo, Flamengo x São Caetano, Corinthians x Figueirense, Santos x Atlético-MG, Paysandu x Bahia, Vitória x Cruzeiro, Juventude x Portuguesa e Goiás x Palmeiras.

Gilson acha que tudo é questão emocional

O zagueiro Ígor, do Atlético, mostrou personalidade e encarou o batalhão de repórteres sozinho para tentar explicar os motivos de mais um vexame dentro da Arena. Ele pediu um voto de confiança aos torcedores e prometeu mais trabalho daqui para frente, dele e de seus companheiros. “Todos os jogadores estão conscientes do que fizemos. Claro que os resultados não estão aparecendo, mas só nós mesmos podemos reverter essa situação”, explicou. Os outros jogadores saíram pelas portas dos fundos e não quiseram saber de microfones.

Já o técnico Gílson Nunes disse que o problema está na cabeça dos jogadores. “O grande problema nosso é o desequilíbrio emocional dos jogadores, os quais estão procurando fazer o melhor e não estão tendo a tranqüilidade para obter o melhor rendimento”, apontou. Para ele, se Kléberson tivesse convertido o pênalti, as coisas seriam diferentes. “Se nós tivéssemos a felicidade de fazer 1 a 0, talvez trouxesse um pouco mais de confiança dentro da competição e agora (após a partida) estaríamos numa posição bem mais confortável para falar com vocês (repórteres)”, lamentou.

Para o próximo jogo, contra a Portuguesa, Gílson não poderá contar com Rogério Correia e Cocito, que tomaram o terceiro cartão amarelo. Os prováveis substitutos deverão ser o zagueiro Gustavo e o volante Douglas Silva, que retorna após cumprir suspensão.

Truculência

Como já está se tornando praxe após as partidas do clube na Arena, principalmente quando perde, os seguranças estão impedindo o trabalho da imprensa. Mesmo quando um jogador pára para dar entrevista, vem alguém de agasalho preto e puxa o atleta pelo braço e o leva até os vestiários. Como sempre, quem perde é o torcedor atleticano que acaba ficando sem ouvir seus ídolos.

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