Hora do adeus

De saída do Atlético, Weverton vê sua história ficar em segundo plano

São 296 jogos pelo Atlético, duas Libertadores, vice na Primeira Liga e na Copa do Brasil, e título paranaense. Além da medalha olímpica, claro. Foto: Jonathan Campos

Para se construir uma história e se tornar ídolo, não é simples. É preciso honrar a camisa que se veste, é preciso obter resultados, é fundamental justificar suas qualidades dentro e fora de campo, é preciso romper as fronteiras. Difícil alguém não aponte Weverton em todos esses aspectos. O camisa 12 é sim uma das marcas do Atlético nos últimos anos. E é um dos poucos que saiu do gol do Furacão direto para a seleção brasileira – como Caju e Roberto Costa. Mesmo assim, o final desta caminhada parece repleto de mágoa.

Nos últimos jogos do Atlético na Arena da Baixada, Weverton foi cobrado pelo torcedor. Situação que vem acontecendo, a rigor, desde a falha do goleiro no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores, contra o Santos, e que se acentuou quando aumentaram os rumores da saída dele do clube, para São Paulo ou Palmeiras. Mesmo em partidas em que ele joga bem – e um exemplo é a partida do último domingo diante do Vasco, quando W12 fez pelo menos duas defesas importantes -, seu nome não é tão cantado como antes.

Weverton no seu início pelo Furacão, em 2012
Weverton no seu início pelo Furacão, em 2012. Foto: Arquivo

É uma situação bastante diferente do que aconteceu entre 2012 e o início deste ano. Contratado junto à Portuguesa, durante a disputa da Série B, Weverton rapidamente se tornou absoluto. Foi um dos responsáveis pelo acesso naquela Segundona, e no ano seguinte foi decisivo pra que o Atlético chegasse à final da Copa do Brasil. O fato do Furacão ter nas últimas temporadas defesas sólidas passa – e muito – pela presença do goleiro.

São ao todo 296 jogos pelo Rubro-Negro. E saldo negativo apenas na Libertadores, pela qual atuou vinte vezes e levou 28 gols. Com Weverton no gol, o Atlético voltou a ser protagonista no futebol brasileiro, tendo disputado duas Libertadores, chegando à decisões de Copa do Brasil e Primeira Liga, o terceiro lugar no Brasileirão de 2013, o sexto no campeonato do ano passado e o fim do jejum de sete anos sem títulos paranaenses, com a conquista de 2016 sobre o Coritiba, em pleno Couto Pereira.

Em todos estes momentos, Weverton foi festejado. Assim como foi quando recebeu a convocação de Rogério Micale para os Jogos Olímpicos de 2016, ocupando a vaga do lesionado Fernando Prass. Chegou para ser titular da seleção olímpica, e terminou como herói, ao defender o pênalti na final contra a Alemanha. Nas fotos daquela conquista, estão ele e Neymar como as grandes figuras do ouro inédito – que levou muita gente a ir para o Aeroporto Afonso Pena para receber o goleiro e sua medalha.

O goleiro e a medalha de ouro. Foto: Albari Rosa
O goleiro e a medalha de ouro. Foto: Albari Rosa

Tudo isso ficou em segundo plano no passar do tempo. Agora, Weverton está prestes a assinar um pré-contrato com qualquer time e deixar o Atlético sem custo ao final de seu vínculo, em maio de 2018. Por tudo que vem se falando, esse acerto já estaria feito com o Palmeiras, a ponto de o clube paulista estar negociando a liberação do goleiro após o término do Campeonato Brasileiro. Para permitir, o Furacão estaria pedindo jogadores em troca, em especial Raphael Veiga, meio-campista ex-Coritiba. Por uma dessas coincidências, de novo W12 estaria indo ocupar uma vaga que hoje é de Prass.

Confira a classificação do Campeonato Brasileiro!

Ignorado pela torcida do Atlético e recusado pela torcida do Palmeiras, Weverton vê suas marcas serem esquecidas por muita gente. Mas são justamente elas que fizeram o campeão brasileiro do ano passado buscar sua contratação. E elas também são responsáveis por escrever o nome do goleiro entre os maiores da história do Furacão.