A diretoria do Atlético não confirma ainda, mas deve apresentar nas próximas horas o gaúcho Adenor Bachi, o Tite, para comandar a equipe no campeonato brasileiro. Ele viria para o lugar de Mário Sérgio, que acertou a saída do Rubro-Negro após a final do estadual, ontem, na Arena. Ainda não está definido se a atual comissão técnica permanecerá no clube ou seguirá o treinador que saiu. A estréia do Furacão está programada para quinta-feira, contra o São Paulo, no Morumbi.
Segundo apurou a reportagem, o ex-técnico do Caxias, Grêmio e São Caetano é o preferido da diretoria para assumir a equipe a partir de amanhã. Ele, no entanto, prefere não confirmar nenhum contato com os dirigentes rubro-negros. “Eu prefiro não falar em cima de hipóteses. Você tem que buscar a informação no Atlético”, despistou. Tite está em Porto Alegre e disposto a aceitar um convite para trabalhar no Brasileirão.
A mesma postura têm os dirigentes do Atlético. “Nós esperamos que o treinador apareça amanhã para trabalhar”, disse o presidente João Augusto Fleury da Rocha. Segundo ele, Mário Sérgio é um dos mais conceituados do Brasil e tem um projeto a cumprir no clube. “Ele não conversou com a gente e não estamos pensando em treinador”, apontou.
No entanto, Mário Sérgio revelou à reportagem que sua saída estava prevista há três rodadas, independente da conquista do título do estadual. “Tinha um acerto com o Petraglia (Mário Celso, presidente do conselho deliberativo) que qualquer uma das partes abriria mão da multa”, destacou. O contrato do profissional vai até 31 de dezembro e prevê uma multa de R$ 400 mil. “Amanhã assino a rescisão e vou embora”, informou.
De acordo com o ex-treinador rubro-negro, os conflitos com a imprensa influíram na decisão de deixar o clube. “Não tinha mais interesse em continuar, em virtude da guerra que foi instaurada pela imprensa”, explicou. Sobre o restante da comissão técnica, Mário Sérgio deixa a critério de cada um e da diretoria a permanência do auxiliar Benê Ramos, do preparador físico, Flávio Trevisan e do preparador de goleiros Chiquinho Cerzóssimo. Os três foram contratados a pedido de Mário Sérgio.
Mudanças
Além do treinador, a diretoria deverá dispensar alguns jogadores e contratar, pelo menos, três reforços para o nacional.
Tuta marca dois e cala sua ex-torcida
O futebol tem dessas coisas. Há seis anos, o atacante Tuta foi campeão pelo Atlético numa decisão com o Coritiba. Em 98, entretanto, devido a um problema sério no tornozelo, o atacante teve que se contentar em ficar na torcida na grande decisão.
Ontem foi bem diferente, mas para a satisfação da torcida coxa-branca. Após sumir da área por algum tempo – ele estava jogando no futebol coreano – Tuta recebeu o convite do Coritiba e não pensou duas vezes. “Foi o clube que me permitiu o retorno ao futebol brasileiro. Serei eternamente grato por isso”.
O clube, certamente, também será grato ao artilheiro. Jogando pela primeira vez contra o Atlético com a camisa alviverde e estreando na nova Arena, Tuta não perdoou o ex-clube. Marcou dois gols e correu para pedir silêncio à torcida do Furacão. “Eu não faria isso se eles não tivessem me provocado. Ficaram fazendo gestos obscenos e isso mexeu comigo”, explicou mais tarde.
Com os dois gols de ontem, Tuta chegou à marca de seis gols. Parece pouco para quem foi artilheiro pelo Atlético com 19 gols em 98. Mas é muito para quem disputou apenas seis partidas. “Fazer gols é o que mais sei fazer. Espero ainda marcar muitos”.
Ontem, Tuta também provou que tem estrela. No primeiro jogo da decisão – vitória do Coritiba por 2 a 1 no Couto Pereira, ele ficou de fora por suspensão. Em seguida, sofreu uma contratura muscular e só soube que tinha boas chances de jogar na sexta-feira, quando participou do coletivo-apronto e não sentiu dores. Escalado para o clássico, Tuta deixou bem claro que, ao contrário do que corria nos bastidores, ele não estava temeroso em enfrentar o ex-clube. “Sou um profissional. Com condições, jamais ficaria de fora da final. Aí está a prova. Joguei o tempo todo e ainda estou inteiro”, disse, dando um pique para subir ao palanque e receber a sua merecida medalha de campeão.