Riva acha que o diálogo com grupo é a
única solução para superar o momento.

Oficialmente, ainda há treino nesta manhã. Mas o processo de preparação do Atlético para a partida de amanhã contra o Goiás, às 18h15, no Estádio Plácido Castelo, já terminou. Foram quatro dias de treinos puxados, e que parecem ter surtido o efeito desejado para o técnico Carlos de Oliveira Carli (Riva).

Fortaleza, Ceará – Além dos trabalhos técnicos, foi montada uma ?força-tarefa? na comissão técnica para reanimar e motivar o elenco para a partida mais importante da competição.

Riva reclamara bastante dos jogadores nos dois primeiros jogos. Para o treinador, faltava um algo mais para o Atlético – faltava a motivação que eles apresentaram no ano passado. “É natural que haja uma queda de motivação depois de uma conquista muito importante. Ninguém consegue manter o mesmo ritmo durante um tempo muito grande”, analisa. Mas as derrotas para Flamengo e São Caetano acenderam o alerta no treinador, que partiu para um trabalho intensivo de motivação. “Futebol é simples -precisa de vontade, tranqüilidade e gana”, teoriza.

E foi isso que ele tentou passar para os jogadores – que parecem ter entendido o recado. “Se formos aquele time que conquistou o campeonato brasileiro, temos condições de vencer qualquer adversário”, diz o zagueiro Rogério Correa. “Nós estamos prontos para retomar nossa melhor forma. Treinamos bem e estamos conscientes do que devemos fazer”, completa o goleiro Flávio. Prova de que o grupo soube assimilar as inúmeras conversas da semana. “Eles sabem ouvir, e isso não é importante apenas para um atleta, mas para o ser humano”, lembra o auxiliar técnico Maurílio Evaristo.

Feito isso, Riva passou a se preocupar com os defeitos apresentados nos dois jogos da equipe na Copa dos Campeões. Se na quarta o assunto foi a saída de jogo, ontem ele basicamente trabalhou jogadas ensaiadas de faltas e escanteios. “São lances que definem um jogo. Se estivermos bem postados nesses lances, poderemos fazer a diferença contra o Goiás”, explica o técnico atleticano. O rendimento no treino não foi o esperado, mas mesmo assim Riva aprovou.

Depois veio o coletivo, que durou trinta minutos. Os titulares (Flávio; Rogério Correa, Sílvio Criciúma e Gustavo; Cocito, Luisinho Netto, Fabiano, Rodrigo e Dagoberto; Kléber e Alex Mineiro) mostraram ainda alguns problemas na marcação de meio-campo, fator que preocupa o treinador rubro-negro. “Essa é a situação que mais me preocupa. Se o Rodrigo e o Dagoberto conseguirem acompanhar os volantes adversários, teremos um meio bem composto e vai ficar até mais fácil para que a qualidade dos nossos jogadores apareça”, afirma Riva.

Depois de tanto trabalho, o técnico garante que a semana foi proveitosa. “Precisávamos deste tempo para treinar. Entre o primeiro e o segundo jogo foram apenas três dias, com uma viagem até Fortaleza. Não houve como trabalhar, mas agora tivemos quatro dias maravilhoso”, comenta.

Chegou a vez dos garotos

Fortaleza – Os espaços estão começando a aparecer. Com as iminentes saídas de Adriano, Kléberson e Kléber, o Atlético altera sensivelmente a base de uma equipe que está junta há mais de três anos, e abre caminho para uma nova geração de jogadores que devem ser o futuro do clube. A turma de Rodrigo e Dagoberto, que já são conhecidos, pode ser ainda mais a partir do campeonato brasileiro. Mas o ?trailer? dessa nova história já está sendo conhecido na Copa dos Campeões.

Rodrigo ainda é jovem, e ganhou nesta competição a maior chance da carreira – antes ele era o suplente imediato de Adriano, mas uma grave contusão o tirou dos campos por mais de três meses. “É bom ter essa oportunidade, mais ainda em um torneio que leva à Libertadores”, comenta. Uma saída da dupla Kléberson e Adriano poderia dar a ele uma natural possibilidade de começar o campeonato brasileiro como titular, mas ele prefere evitar falar sobre o futuro. “Quero pensar no jogo contra o Goiás. Se depois eu vou ser titular ou não, é uma outra história”, resumiu.

Já Dagoberto conhece mais a notoriedade. O atacante despontou como revelação nas categorias de base do PSTC, foi contratado pelo Atlético e logo se incorporou ao time profissional. “Tudo que o Dagoberto faz hoje apenas comprova o que eu vi desde o início da carreira dele”, atesta o auxiliar Maurílio Evaristo, que o treinou no PSTC e no Atlético. O salto foi grande -de apenas mais um para titular, e de lá para a seleção brasileira campeã do Torneio de Toulon.

A revelação foi de tamanho impacto que a própria diretoria se viu atordoada – no início do mês, o Atlético foi procurado por um clube europeu (não divulgado) que tinha interesse na compra do passe de Dagoberto. “Nem quisemos saber a proposta”, conta um diretor rubro-negro. O sucesso deles (e de outros, como o lateral Ivan) será a garantia para que outros jogadores sejam alçados ao time profissional. E eles terão o respaldo e a força dados pelos ?veteranos?. (CT)

Rubro-Negro aproveita torneio para preparar o time

Cristian Toledo

Fortaleza – Um calor infernal, jogos em seqüência, campos de qualidade discutível e jogadores ainda sem a preparação física ideal. Para um leigo, essa seria a receita para que um elenco fosse ?destruído? durante uma competição. Mas é justamente o contrário (com a exceção feita aos gramados) -segundo o preparador físico do Atlético Eudes Pedro, o clima do Ceará pode até ajudar no preparo dos jogadores visando não só a Copa dos Campeões, mas também o campeonato brasileiro. Em entrevista, ele explica como o rendimento dos jogadores deve aumentar gradativamente.

Paraná Online– Vocês tiveram uma semana para trabalhar. Qual é o impacto desse tempo para o rendimento dos jogadores?

Eudes – Total, porque a adaptação dos atletas ao calor foi muito boa. Nós sabíamos que teríamos esse tempo para trabalhar, e como tivemos pouco tempo para preparar a equipe em Curitiba, preferimos fazer um trabalho gradativo, treinando mais forte durante a competição. Se passarmos de fase continuaremos o trabalho, mas se formos desclassificados o preparo para o Brasileiro não será prejudicado.

Paraná Online– Daqui a um mês começa o campeonato brasileiro. A preparação foi planejada englobando as duas competições ou cada uma foi pensada em separado?

Eudes – O plano de trabalho é único, pensando sempre em um avanço gradativo. Não havia como deixar os jogadores em seu preparo máximo para essa competição, pois seria fatal para os próximos meses. Sabemos que a Copa dos Campeões dá uma vaga para a Libertadores, mas a gente acaba usando o torneio como também um laboratório para o Brasileiro. Tudo está sendo válido, pena que as vitórias ainda não vieram.

Paraná Online- O clima quente atrapalha ou ajuda?

Eudes – Ajuda, porque esse período de treinos no calor faz com que o atleta tenha um desgaste maior, e como a gente vai ter ainda muito trabalho em Curitiba, nós vamos ganhar muito com essa passagem pelo Nordeste. Vamos sair com uma condição física muito melhor do que chegamos aqui.

Paraná Online– O jogador fica mais condicionado por trabalhar no calor, e consequentemente rende mais em um clima frio?

Eudes – Exatamente. Há uma adaptação fisiológica ao clima, e para um atleta isso é muito importante, porque ele ganha muita força.

Copa Panamericana adiada

Montevidéu (Lancepress!) – O presidente da Associação Uruguaia de Futebol (AUF), Eugenio Figueredo, afirmou ontem que a Copa Panamericana, criada para substituir a Copa Mercosul, só deverá ser realizada em 2003. Segundo Figueredo os clubes brasileiros não manifestaram o desejo de participar do torneio este ano e isso afastou a possibilidade de alguma emissora de televisão se interessar pelo evento. O Atlético, como campeão nacional, seria um dos participantes.

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