Dinheiro no bolso

Atlético acerta salário e obras seguem na Arena da Baixada

Os 250 operários que trabalham nas obras de remodelação e ampliação da Arena da Baixada e que, por dois dias, estiveram em greve cobrando os salários e benefícios do mês de novembro, tiveram seus pagamentos quitados ontem à tarde e deverão trabalhar normalmente a partir de hoje. Esta paralisação de 20% do total do efetivo de trabalhadores no canteiro de obras do estádio foi mais um fato negativo que a CAP S/A – sociedade de propósito específico criada para gerir as obras – coleciona desde dezembro de 2011, quando deu início à reforma no Joaquim Américo para receber os quatro jogos da Copa do Mundo do ano que vem.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Curitiba (Sintracon), José Oliveira, afirmou que se os salários não tivessem sido quitados, os 1200 funcionários que trabalham na obra cruzariam os braços a partir de hoje. ‘Não tinha acordo algum. O trabalhador faz seu serviço durante o mês e precisa receber, não pode esperar. Os operários chamaram o Sintracon para intervir’, resumiu Oliveira.

Além de prejudicar o andamento das obras no estádio, que é o mais atrasado dentre todos os palcos que ainda não ficaram prontos para o Mundial, as notícias ruins que envolvem a reforma da Arena da Baixada parecem não ser mais novidade. Além do atraso para a aprovação do financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que foi viabilizado somente em agosto do ano passado, falou-se também em um possível calote da CAP S/A na instituição financeira. A sugestão foi dada pelo secretário estadual para assuntos da Copa do Mundo, Mário Celso Cunha, em março do ano passado, durante reunião do Conselho Deliberativo.

Além disso, as constantes mudanças para a entrega da Arena nortearam a execução das obras nos dois últimos anos. Primeiro, o presidente Mário Celso Petraglia prometeu o estádio pronto em março deste ano. Depois foi mudado para junho e, por fim, para dezembro de 2013. Nenhuma das metas foi cumprida e o primeiro jogo oficial deve acontecer só em março do ano que vem. Além disso, o evento teste, marcado inicialmente para final de janeiro do ano que vem, foi remarcado para fevereiro.

Os entraves com a engenharia financeira da obra foram muitos. Além da demora para receber as parcelas do financiamento do BNDES, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), em julho deste ano, detectou irregularidades na operação, sobretudo em relação ao aumento no custo da reforma do estádio para R$ 265 milhões, e suspendeu o repasse dos recursos.

Nos últimos três meses, outros fatos causaram preocupação em relação a entrega do estádio atleticano. Em outubro, o Ministério Público do Trabalho (MPT) embargou, por quase uma semana, as obras da Arena da Baixada alegando falta de segurança para os trabalhadores no local. Por fim, no mesmo mês o TCE-PR voltou a agir e suspendeu novamente o repasse dos recursos do BNDES, agora por causa de uma dívida da CAP S/A junto a Fomento Paraná em relação aos juros do primeiro financiamento.