Invasão rubro-negra

Torcedores do Athletico passaram por perrengue pra entrar em Buenos Aires

Torcedores do Furacão passaram perrengue no caminho e tiveram até que pagar propina pra policial na fronteira. Foto: Arquivo pessoal

Buenos Aires – Até onde a paixão de um torcedor por um clube de futebol pode levar? Juntar os amigos, arrumar o carro e rodar por quase dois mil quilômetros talvez explique o que dois grupos de torcedores do Athletico fizeram para acompanhar o duelo contra o Boca Juniors, nesta quinta-feira (9), às 21h30, na Bombonera. Na raça e na fé, eles pegaram a estrada, passaram por diversas dificuldades e já estão em Buenos Aires para ver o primeiro jogo do Furacão em um dos maiores palcos do futebol mundial.

Renan Ferreira, de 31 anos, se juntou à família Lago, Felipe, Guilherme e Vilmar, para encarar o desafio. O planejamento começou cedo. Ainda em dezembro, tão logo os grupos da Libertadores foram sorteados. Oportunidade para reunir os amigos e aproveitar a vida ao lado do Furacão. A saída de Curitiba foi na última sexta-feira (4). Teve uma passagem por Itapema, litoral catarinense, depois Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e a chegada em Montevidéu, no Uruguai, no domingo (6).

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Em solo uruguaio, eles aproveitaram o dia antes de partir para Buenos Aires. Chegaram em Colônia Del Sacramento, na divisa com a capital argentina, até desembarcar ao destino final. Se valeu a pena até agora? A resposta está no sorriso desses torcedores. “É um sonho. Ainda mais que já estamos classificados. Vamos curtir muito esse jogo na Bombonera. Sem tristeza na volta”, brincou Ferreira.

Papel e caneta na mão para os custos. Os quatro torcedores devem gastar nessa aventura com tudo em torno de R$ 6 mil. Com o sonho se tornando realidade e com a oportunidade de curtir a viagem com os amigos, Renan comentou sobre a paixão pelo Rubro-Negro, que começou com seu pai e que só aumentou, mesmo depois do seu falecimento.

Dênis e a família Lago tiveram um trajeto mais tranquilo, passando por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Montevidéu, antes de chegarem em Buenos Aires. Foto: Arquivo pessoal
Renan e a família Lago tiveram um trajeto mais tranquilo, passando por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Montevidéu, antes de chegarem em Buenos Aires. Foto: Arquivo pessoal

“É uma paixão infinita. Alegria e sofrimento, além de uma ligação muito forte com meu pai. Ele ia em todos os jogos comigo e depois que ele faleceu eu sempre acho que ele está comigo na Arena Baixada vendo os jogos”, lembrou o torcedor.

Passeio completo

As aventuras de atleticanos para acompanhar o clube na Bombonera, podendo carimbar a sua classificação na primeira colocação do Grupo G, não param por aí. Outro grupo de quatro torcedores, amigos e unidos pelo Furacão, também pegaram a estrada para Buenos Aires. Denis Carneiro, de 27 anos, Rafael Vieira, 28, Eloysio Souza, 31, e Paulo Henrique Borges, 29, começaram o planejamento da viagem em fevereiro. Mais especificamente em uma festa de aniversário de dois deles. A partir daí, os encontros passaram a acontecer frequentemente para combinar todos os detalhes da “missão Buenos Aires”.

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Além de ver de perto o Athletico, eles decidiram também aproveitar um pouco a vida. Doze dias no total para passear, conhecer lugares novos e que vão culminar com o duelo inédito do Furacão na Bombonera. Deu tempo até de passar pela Arena Condá, em Chapecó, no último domingo (6), para ver o empate da equipe com a Chapecoense.

“Decidimos fazer em dez dias. Com isso, conhecer lugares, Buenos Aires, por exemplo. Casou de ter esse jogo contra a Chapecoense. Foi sempre um lugar que gostaríamos de estar e fomos recebidos muito bem. A vinda até aqui deu 1.800 km. Dividimos em partes iguais. Cada um dirigiu 600 km. Saímos de Curitiba, passamos por Chapecó, Uruguaiana (RS), até chegar em Buenos Aires. Na volta ainda vamos passar por Montevidéu, no Uruguai”, explicou Dênis.

Antes do perrengue, atleticanos acompanharam o time em Chapecó, contra a Chapecoense. Foto: Arquivo pessoal
Antes do perrengue, atleticanos acompanharam o time em Chapecó, contra a Chapecoense. Foto: Arquivo pessoal

O gasto para cada um deles será de nada menos do que R$ 2 mil. Mas quando se fala em Athletico e a oportunidade de vê-lo jogar na Bombonera, qualquer detalhe é deixado de lado. Paixão pelo Rubro-Negro que não se mede e atravessa fronteiras.

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“Poder ver esse jogo é um sentimento legal. A Bombonera é um estádio raiz. Para quem gosta de futebol desde moleque, como a gente, é um palco legal do futebol. Tínhamos esse sonho de conhecer esse estádio pela mística que tem e também pelo Boca Juniors ser um dos maiores times da América do Sul. Penso que será uma grande emoção. A expectativa é muito grande, a pressão será grande, mas todos estamos felizes por realizarmos um sonho de criança”, reforçou.

Propina no caminho

Mas nem tudo foram flores na viagem desses torcedores. Na entrada na Argentina, eles foram parados porque carregavam um engate no carro. Foram multados e, segundo Dênis, só seguiram viagem porque tiraram o reboque e pagaram propina ao policial que os parou.

“O policial pediu dinheiro para seguirmos viagem. Não sabíamos se era proibido mesmo, se a informação era verdadeira. Tivemos que fazer isso, mas foi o maior perrengue até agora na nossa viagem”, contou ele.

Além disso, foram levados para uma sala interna e fortemente pressionados pelos policiais locais, até que pagaram cerca de R$ 300, que é o que tinham em mãos, para serem liberados a continuar o trajeto.

A oportunidade de vir a Buenos Aires e acompanhar de perto o Athletico é o significado real do que o time significa para esses torcedores. A paixão pelo Rubro-Negro os move, mas as amizades criadas e as histórias que serão contadas a partir de agora ficarão para sempre.

“O Athletico significa reunir amigos, fazer viagens, contar histórias. O Athletico representa união, amizade, muita garra e inovação. É um time que ainda não é muito conhecido pelo que estamos vendo aqui em Buenos Aires. Não nos conhecem muito, mas temos a oportunidade de crescer junto com o Athletico”, concluiu Dênis.

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