Higenamina?

Entenda o que é a substância que causou doping em dupla do Athletico

Thiago Heleno é um dos atletas que caiu no doping. Foto: Albari Rosa.

O caso de doping envolvendo o zagueiro Thiago Heleno e o volante Camacho, ambos do Athletico, se deu pelo uso de uma substância chamada higenamina, proibida nos Estados Unidos e sem regulamentação no Brasil. O composto, provavelmente consumido misturado a outros suplementos que os atletas tomam no dia a dia, foi ingerido após a indicação de um profissional do departamento de nutrição do clube. A substância é usada para a diminuição da taxa de gordura corporal por meio do aumento da frequência cardíaca, porém, não há aprovação da Anvisa para o uso da higenamina em produtos comercializados no país.

A origem do uso do componente está na medicina oriental. Extraída de plantas, a substância proporciona um efeito próximo da adrenalina. Este composto aumenta a frequência cardíaca e relaxa a musculatura das vias aéreas, o que pode fornecer um aumento no desempenho do atleta.

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O Professor Adjunto do Departamento de Química da UFPR, Daniel da Silveira Rampon, esclareceu que ainda que seja uma substância natural, não há dados suficiente para que seja utilizada com segurança. “A higenamina é um composto orgânico natural que foi estudada clinicamente sobretudo na China. No entanto, o FDA (Food and Drug Administration – EUA) nunca aprovou seu uso nos Estados Unidos”, explicou.

Ainda pouco conhecida do ponto de vista teórico, a substância está na lista de componentes considerados como doping. O Nutricionista Esportivo e Personal Trainer, Fernando Hoinaski, que já trabalhou em clubes de futebol, alertou que existem riscos no consumo da substância.

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“A higenamina está proibida pela Agência Mundial anti-doping (WADA-sigla em inglês) desde 2017 por ter apresentado efeitos colaterais em atletas, em especial cardíacos, que estavam fazendo seu uso. Não se sabe a dosagem segura para o uso desta substância”, explicou, ressaltando a aceleração cardiovascular que ocorre por conta da ingestão.

Em 2016, o jogador francês Mamadou Sakha, do Liverpool, foi punido pelo uso da substância. Na ocasião ele foi suspenso por 30 dias e por isso deixou de jogar as finais da Liga Europa e também não pôde representar a França na Eurocopa daquele ano.

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Para quem não quer arriscar em consumir um produto não regularizado, é preciso atenção. Ainda que banido dos Estados Unidos, há no Brasil suplementos comercializados na internet e lojas que contêm a substância, como explicou Hoinaski. O especialista ressalta que seu uso não garante a perda de peso, como muitas pessoas, de forma equivocada, acreditam.

“Este composto está presente principalmente nos famosos ‘Fat Bunners’, ou seja, nos suplementos queimadores de gordura. Porém, ele mobiliza a gordura, o que é diferente de fazer perder gordura ou peso. Ocorrem várias etapas antes de a gordura ser usada como fonte de energia ou seja, ser queimada”, afirmou.

O especialista alerta sobre a venda de fácil acesso do produto e que é preciso sempre ler os rótulos para se ter certeza que não se está consumindo um componente que pode ser prejudicial à saúde. “Nos rótulos a higenamina pode também estar ‘escondida’ sendo descrita como norcoclaurine ou demethylcoclaurine”, finalizou Hoinaski.

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