Os recentes insultos racistas a jogadores de futebol na Inglaterra podem provocar mudanças no acesso e utilização das redes sociais. O Twitter, por exemplo, já anunciou que vai se reunir com o Manchester United para discutir o assunto.

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“Sempre mantivemos um diálogo aberto e saudável com nossos parceiros neste âmbito, mas sabemos que precisamos fazer mais para proteger nossos usuários. O comportamento racista não tem lugar na nossa plataforma e nós o condenamos veementemente. Para isso, esperamos trabalhar mais próximos a nossos parceiros para desenvolver soluções em conjunto para essa questão”, disse o Twitter em um comunicado à imprensa.

Em menos de uma semana, a Inglaterra teve três casos de ataques racistas nas redes sociais envolvendo jogadores de clubes importantes no país, o Manchester United, o Chelsea e o Reading – que disputa a segunda divisão. O mais recente ocorreu na segunda-feira, durante a partida entre Wolverhampton Wanderers e Manchester United, válida pela segunda rodada do Campeonato Inglês. O jogo estava empatado por 1 a 1 quando Paul Pogba perdeu um pênalti que poderia ter dado a vitória ao Manchester e foi alvo de ataques.

No domingo, em partida pela segunda divisão, o atacante Yakou Meite recebeu agressões virtuais após perder um pênalti na vitória do seu time, o Reading, por 3 a 0 sobre o Cardiff. Na decisão da Supercopa da Europa, na semana passada, o atacante do Chelsea, Tammy Abraham, também foi alvo de insultos após perder a última cobrança de pênalti que deu o título ao Liverpool.

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O Twitter, uma das principais redes utilizadas para os insultos raciais contra os jogadores, chegou a apagar comentários e até excluir contas envolvidas nos ataques. “Estamos cientes e compartilhamos das preocupações em torno dos casos recentes de racismo na internet contra jogadores de futebol no Reino Unido. Estamos monitorando proativamente conversas e continuaremos agindo com firmeza contra qualquer conta que viole nossas Regras”, informou a plataforma.

No Brasil, no último Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol, divulgado em 2018 pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, 69 casos foram registrados no País, sendo 61 relacionados ao futebol e 43 de racismo na modalidade. Ao todo, 11 casos ocorreram na internet. Apenas dois Boletins de Ocorrência, no entanto, foram abertos.

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Na Inglaterra, os clubes usaram as redes sociais para repudiarem qualquer tipo de discriminação. O Reading fez um post dizendo que não daria oxigênio aos comentários racistas enviados a Yakou Meite, e inseriu uma foto do jogador comemorando um gol.

O Manchester United publicou em sua conta do Twitter mensagem dizendo que não tolera qualquer forma de racismo ou discriminação e utilizou a hashtag #allredallequal para enfatizar seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão. A campanha foi lançada na temporada 2016/17 e inclui temas como o racismo, o futebol feminino, a religião, a homossexualidade, entre outros.

O técnico e ídolo do Chelsea, Frank Lampard, demonstrou seu repúdio ao atos racistas. O ex-jogador disse em vídeo publicado no site do clube estar irritado e enojado com o terrível abuso online sofrido pelo seu comandado, reiterando a posição do clube em relação a qualquer forma de discriminação. “Eu estou enojado com os chamados torcedores do Chelsea”, disse o treinador.

Na terça-feira, o treinador da seleção feminina da Inglaterra, Phill Neville, incentivou os profissionais envolvidos com o futebol a saírem das redes sociais por pelo menos seis meses. “Vamos ver o efeito que isso tem nestas empresas de redes sociais, se elas realmente farão algo a esse respeito”, disse.