A emoção e o entusiasmo que sempre envolvem o Athletiba deram lugar, desta vez, à tensão. Athletico e Coritiba se enfrentaram ontem , na Arena da Baixada, a partir dass 21h30, mas muito antes de a bola rolar, a polêmica tomara conta dos bastidores do maior clássico do Estado, que acabou com a vitória do Alviverde por 2×1.

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Mantendo o projeto da torcida única dentro do estádio atleticano, em vigor desde o ano passado, a diretoria do Furacão não cumpriu a liminar do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJDPR) que exigia a liberação da carga de ingressos para os visitantes. A “novela” teve vários capítulos de indecisão em que foi, inclusive, cogitada a hipótese de o jogo ser a portões fechados ou que o Rubro-Negro poderia ser derrotado por WO.

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A Federação Paranaense de Futebol (FPF) preferiu não intervir e o TJDPR decretou o jogo sem a presença dos coxas-brancas nas arquibancadas, como queria o Athletico. A certeza de que a partida aconteceria só se deu por volta das 14h30 de ontem.

O reflexo de todo esse “sururu” foi o clima morno aos arredores do palco do derby. Faltavam poucas horas para o início do duelo e do lado de fora da Arena um movimento fraco, sem nenhum clima festivo que envolve, geralmente, o Atletiba.

Coritiba vence o Atletiba. Foto: Albari Rosa

O presidente coxa Samir Namur, ao chegar com a delegação do Alviverde no estádio, aproveitou para desabafar. O mandatário concedeu uma coletiva destacando que temia o que poderia acontecer depois de todo o clima tenso estabelecido e reforçou o que já havia expressado por meio da nota divulgada pelo clube à tarde, fazendo fortes críticas ao TJDPR, à FPF e ao Athletico.

“E apenas um clube que se considera ‘acima de todos’ (da Federação, do Tribunal e dos outros clubes) rasga o regulamento para criar artifícios que impeçam o torcedor adversário de torcer com segurança e com a camisa do seu time. Aliás, impedir que alguém vista determinada roupa e expresse torcida para alguém é medida típica de regimes autoritários”, dizia um trecho da nota.

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Usando do lado afetivo para frisar a gravidade de não se ter a presença da torcida do Alviverde no estádio, Samir relembrou sua infância ao falar que desde pequeno acompanhava os Atlhetibas na arquibancada, e chegou a citar um jogo de 1989 que ficou em sua memória, em que o Verdão ganhou de virada, e o fez a se tornar apaixonado pelo clássico.

Ao entrar em campo, os jogadores do Coritiba usavam camisas com duas frases de protesto: “Torcida humana, idéia pathetica” na parte de trás, e “Torcida humana, mais uma falácia”, na frente de seu manto. As palavras faziam crítica direta às decisões do Athletico, inclusive ironizando a palavra “pathetico”, acrescentando um “h” provocativo.

O público presente dentro do estádio ficou longe de ser um dos maiores, pelo contrário, pode ter entrado para as estatísticas como um dos menores em se tratando de Athletiba na Baixada. Toda a indefinição que envolvia o jogo fez com que apenas 9.616 atleticanos marcassem presença no maior clássico estadual.

Ainda que, finalmente, a torcida organizada tenha ocupado o lugar a ela determinado pela diretoria – a Coronel Dulcídio Superior – e tenha levado seus instrumentos para fazer barulho e suas bandeiras na tentativa de dar vida ao estádio, o clima não era de todo festivo. Ainda mais depois de o Coxa abrir 2×0 ainda na primeira etapa.

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Como resposta à derrota parcial, a organizada gritava: “Libertadores, estamos chegando” e “Ão, ão, ão, segunda divisão”, como quem quisesse deixar claro que o placar não importava. Sem adversários no estádio, não houve resposta às provocações, não se ouviu cantos do Coritiba pela alegria da vitória até ali conquistada. Para alguns, um forte motivo para se alegar: “o futebol está ficando chato”.

Enquanto a bola rolava dentro das dependências do Joaquim Américo, registros de brigas entre torcedores nos terminais de Curitiba eram compartilhados nas redes sociais. Limitar a entrada no estádio somente para atleticanos com o discurso de que assim a violência seria contida, não resolveu.

Depois de 90 minutos intensos dentro de campo, com direito a expulsão de um jogador do Coxa e pênalti convertido pelo Furacão, quem comemorou a vitória no Athletiba 378 da história foi o Coritiba.

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