Um dia antes da visita oficial de integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao Maracanã, operários que trabalham na reforma do estádio decidiram fazer uma paralisação de advertência nesta segunda-feira. Os trabalhadores não descartam nova greve – seria a terceira, depois de uma em agosto (cinco dias) e outra em setembro (19 dias) de 2011. Nova negociação entre sindicato e o consórcio Maracanã 2014 está marcada para quinta e a próxima assembleia deve ser realizada na segunda.

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Na já atrasada reforma do estádio do Rio, que vai receber as finais da Copa do Mundo e Copa das Confederações, a segunda-feira começou com uma das etapas mais importantes: a instalação da polêmica lona de cobertura, que deveria ter sido concluída ainda em 2012. A decisão de demolir a antiga cobertura para substituí-la pela nova lona tencionada encareceu a reforma em mais de R$ 200 milhões – hoje, o custo total do Maracanã está em cerca de R$ 860 milhões.

Depois de reunião sem acordo na última sexta-feira entre o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada Intermunicipal do Rio (Sintraicp) e o consórcio Maracanã 2014, formado pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, os operários decidiram em assembleia na manhã desta segunda pela paralisação de advertência. “Como não andou a negociação, os trabalhadores resolveram parar a obra”, disse o presidente do Sintraicp, Nilson Duarte. “Na segunda, faremos outra assembleia para definir tudo e poderá haver uma greve maior.”

O sindicato pede reajuste salarial de 15%, mais cesta básica de R$ 330, plano de saúde também para familiares, participação nos lucros de dois salários e hora extra de 100%. O Maracanã 2014 ofereceu aumento de 8%, cesta básica de R$ 250 e bonificação de R$ 150. Nesta segunda-feira, a assessoria de imprensa do consórcio preferiu não se pronunciar.

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A secretaria estadual de Obras informou que está acompanhando de perto a negociação, mas não vai intervir. “O governo do Estado está confiante de que haverá acordo entre as partes”, diz a nota. A Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) informou que, pela tarde, o expediente já havia voltado ao normal. Mas, segundo o sindicato, muitos trabalhadores foram para casa e a totalidade deles só voltaria a trabalhar normalmente na manhã desta terça-feira.

A paralisação se deu na mesma semana em que o governo estadual prometeu finalmente lançar o edital para concessão do novo estádio à iniciativa privada. Nesta segunda-feira, o secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner, confirmou que a concorrência sairá até sexta.

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Em 24 de abril, o estádio receberá seu primeiro “evento-teste”, um jogo fechado que terá nas arquibancadas os trabalhadores da reforma. O Maracanã precisa ser entregue à Fifa em 24 de maio para a Copa das Confederações, que começa em 15 de junho. Antes, vai receber o amistoso entre Brasil e Inglaterra, marcado para 2 de junho.