Após cinco meses, chega ao fim a “era Cuca”

Terminou de forma frustrante a passagem de Alexi Stival no comando do Coritiba. Depois de cinco meses, e um aproveitamento pouco superior a 40%, o treinador foi demitido após a partida contra o Paysandu, e depois de uma forte pressão sobre diretoria, comissão técnica e jogadores, que chegou ao auge no dia do aniversário do clube – talvez o mais tenso da história recente. E, como sempre acontece, a corda arrebentou do lado mais fraco.

O processo de demissão de Cuca foi rápido, muito pela situação da terça-feira. Enquanto o Coxa jogava – e perdia de virada – com o Papão, era realizado um jantar festivo dos 96 anos do clube. Antes da partida, o presidente Giovani Gionédis esperava uma vitória como presente, e o clima era de ?corrente pra frente?. Mas o gol de Gian, aos 46 minutos do segundo tempo, transformou a comemoração em protesto.

A partir da virada do Paysandu, os torcedores presentes ao restaurante Madalosso começaram a gritar ?fora Cuca?, a criticar o comando do futebol (o gerente Oscar Yamato e o coordenador técnico Sergio Ramirez) e o próprio Gionédis, que deixou o local pouco após o jogo. Em conversa telefônica com membros da delegação alviverde em Belém, chegou-se à decisão de demitir Cuca, que foi informado disso de madrugada.

Cuca parecia resignado – um contraste com a confiança exacerbada dos últimos dias e com a irritação incontida do vestiário do Leônidas Castro, que o fez nem participar da oração pós-jogo. ?Essas coisas acontecem, o futebol é assim?, disse o ex-treinador coxa, garantindo que não se sentia frustrado por não vencer em sua cidade. Para ele, uma conjunção de fatores acabou atrapalhando seu trabalho. ?O clube, pela necessidade, teve que negociar alguns jogadores, enquanto outros acabaram se lesionando?, comentou.

Mas se não transparecia irritação no ?dia seguinte?, Cuca estava triste. Tanto que até abandonou a previsão que pode ter lhe dado sobrevida no comando coxa – após a derrota para o Goiás, ele garantiu que o Cori venceria o Atletiba deste sábado. ?Não vou analisar?, disse. ?Só creio que, com o retorno de alguns jogadores, o Coritiba vai estar mais equilibrado? desconversou.

Para o Coxa, Cuca já é passado. O treinador foi demitido com a equipe na 14.ª posição, com 38 pontos, a seis da zona de rebaixamento, e três do último classificado (no momento) para a Copa Sul-Americana. Além disso, o time é o pior entre os paranaenses no Brasileiro – exatamente o contrário de outra previsão do agora ex-técnico alviverde, que disse durante o primeiro turno que o Cori terminaria a competição à frente de Atlético e Paraná.

Retrospecto

Cuca chegou ao Coritiba em 7 de maio, substituindo Antônio Lopes. Ele estreou no dia seguinte, na vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras. O treinador comandou o Coxa em 28 jogos, vencendo nove, empatando oito e perdendo onze vezes. O aproveitamento foi de 41,67%.

Lopes Jr. dirige o time no Atletiba

Nem bem chegou-se à decisão de demitir Cuca – e romper o planejamento do clube – e a diretoria já iniciou estudos para definir quem será seu substituto. Mantendo o posicionamento do presidente Giovani Gionédis, que é o de trabalhos de longo prazo com valorização dos jovens atletas, a intenção será contratar um profissional que aceite o método alviverde e que fique, pelo menos, até o final do ano que vem. A princípio, está descartada a vinda de um ?técnico-tampão?. E, para dar tempo ao comando do futebol, quem estará no banco do Coritiba no Atletiba de sábado, às 18h10, no Alto da Glória, será o auxiliar Antônio Lopes Júnior.

A decisão foi anunciada pelo presidente Giovani Gionédis, que conversou com o auxiliar ainda na madrugada de terça. ?Ele é um profissional de qualidade e vai nos ajudar agora?, comenta o dirigente. Antônio Lopes Júnior, formado em educação física, treinou Bangu e Olaria antes de ser contratado pelo Coxa, no início do ano passado. Quando seu pai, Antônio Lopes, deixou o Alto da Glória (e mais tarde foi para o Atlético), Gionédis e o então técnico Cuca pediram para que ele permanecesse no clube. Mesma situação aconteceu quando ele foi sondado pelo Corinthians, há três semanas.

Quanto ao novo comandante, a diretoria trabalhará da mesma maneira que das vezes em que Paulo Bonamigo, Lopes e Cuca foram contratados – até o anúncio oficial, ninguém fala nada. A posição, citada por dirigentes, até seria a de não comentar o assunto antes do Atletiba, deixando para acelerar o processo depois do clássico. Seria uma maneira de manter sigilo absoluto no assunto.

Os dois nomes mais citados ontem foram o de Adenor Bachi, o Tite, e de Lori Sandri. Este seria a opção ?caseira? – um treinador com raízes em Curitiba, que conhece o elenco alviverde (afinal, treinou o Paraná Clube este ano e continua acompanhando o Brasileiro) e que poderia, caso necessário, até comandar o Coxa no clássico de sábado. Já Tite se encaixa mais nos planos de longo prazo da direção.

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