?Andrés? são os dínamos da seleção brasileira

Foto: Divulgação / FIVB
O meio de rede André Heller, herói da final do Mundial do Japão, se autodenomina um ?CDF?.

São Paulo (AE) – A máquina de vencer chamada seleção brasileira masculina de vôlei é movida a dois Andrés.

De estilos diferentes, o oposto André Nascimento e o meio-de-rede André Heller são figuras importantíssimas no grupo comandado por Bernardinho.

Heller se autodenomina um ?CDF?. Conta que, antes do vôlei, tentou o basquete e o atletismo (salto em altura e em distância) em Novo Hamburgo (RS). ?Só passei na peneira do vôlei porque era alto para minha idade. Nas aulas, o professor me colocava para treinar toque e manchete na parede de tão ruim que eu era?, conta o meio-de-rede. ?Posso não ser o melhor jogador, mas sou o mais esforçado?.

Nascimento sempre gostou de esportes e, empolgado pela medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de 1992, organizava jogos de vôlei na vizinhança, em Juiz de Fora (MG). ?Improvisava a rede no meio da rua?, lembra o oposto que, assim, descobriu seu talento, incentivado pelo primo, que jogava vôlei.

A seleção uniu os atletas, que atualmente jogam no Trentino, da Itália. ?Temos estilos diferentes. Sou meio louco em quadra, mas calmo fora dela. O André Nascimento é tranqüilo o tempo todo. Mas a gente se dá bem?, conta Heller. ?Por jogarmos no mesmo clube, temos oportunidade de conviver fora das quadras, reunindo nossas famílias?, complementa.

Em comum, os dois jogadores também têm a dedicação: como a rotina de treinos na Itália não é intensa como no Brasil, fazem hora extra. ?Com o Bernardinho fazemos musculação quase todo dia. Aqui, umas três vezes por semana. então a gente sempre faz algo mais quando pode?, explica Nascimento.

Marcianos

A dupla lamenta até hoje não ter passado pelo Brasil depois da conquista do bicampeonato mundial no Japão, mas não ficou sem comemoração. O Trentino homenageou os dois, que souberam pelo colega de equipe, Winiarski, como foi difícil a vida dos adversários do Brasil na final.

?O polonês disse que foi como jogar contra marcianos porque não conseguia fazer nada. Contou que depois de perder o primeiro set o time ficou sem reação?, afirma Heller, que diz já ter ouvido dos adversários que seu estilo é intimidante. ?Um jogador que foi atuar no meu time disse que parecia ser o maior louco e, por isso, nem acreditava em como eu era calmo fora?.

A dupla também falou do desentendimento entre Ricardinho, Gustavo e Serginho. ?A diferença é que essa briga foi na frente das câmeras. Acontece direto. Somos 21 pessoas e é difícil todo mundo concordar com a mesma coisa. A gente sempre resolve as diferenças na conversa?, explica Heller. ?A gente está junto há muito tempo e um jogador conhece o outro e sabe dos limites?, complementa Nascimento, que considerou a derrota para a França o marco do time no mundial. ?Depois daquela derrota o time acordou?.

No Trentino, o desafio é superar o desgaste. Quatro dias depois do mundial a dupla estava de volta às quadras. ?Tenho procurado me poupar. O cansaço é inevitável?, admite Heller. ?Estou tentando me recuperar fisicamente?, diz Nascimento.

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