Alerta para o Coritiba: só correria não ganha jogos

A campanha segue regular, o Coritiba se mantém na quarta colocação. Mas o empate de domingo com a Ponte Preta trouxe algumas constatações: os adversários já conhecem o Coxa, a marcação será cada vez maior, os jogos serão muito mais complicados, não se pode desperdiçar oportunidades e, acima de tudo, só transpiração e vontade não resolvem partidas.

Essa última constatação partiu do próprio técnico Paulo Bonamigo, que percebeu que, vontade por vontade, a Ponte acabaria levando a vitória. “O caráter competitivo da partida foi aumentado porque nosso adversário tinha um porte físico considerável”, afirmou o treinador alviverde. “Fomos muito passivos no primeiro tempo. Nós precisávamos colocar a bola no chão, e quando fizemos isso passamos a dominar o jogo”, completou.

Isso aconteceu com a entrada de Djames e Souza (ver matéria), que deram novo ânimo ao meio-campo alviverde. E eles tiveram incumbências diferentes, e que à primeira vista se sobrepunham. “O Djames acalmou o jogo, enquanto o Souza deu uma agitada”, comentou Bonamigo, que permaneceu em São Paulo para participar de programa na ESPN Brasil. Tendo esse ?balanço ofensivo?, como gosta de dizer o técnico alviverde, o Cori conseguiu chegar ao empate e quase vencer.

E só não atingiu o resultado esperado porque houve falhas nos arremates. “Repetimos uma falha, que foi o de perder muitos gols. Nós não podemos desperdiçar oportunidades. Os jogos são decididos em poucas jogadas”, alertou Bonamigo. Apesar disso, ele gostou do que viu, principalmente na segunda etapa. “Soubemos sair da marcação e usamos bem as dimensões do campo. Encaixamos as jogadas ofensivas e conseguimos o empate”.

E fazer isso foi suplantar também o conhecimento que os adversários passaram a ter. Com partidas seguidamente transmitidas pela TV a cabo, o Cori passou a ser conhecido e estudado pelos técnicos rivais. Abel Braga não teve dúvidas: mandou marcar Tcheco com extrema vigilância, e isso fez com que o armador coxa tivesse dificuldades para jogar, e o time ficasse sem jogadas trabalhadas. “Em um campo reduzido, e com a pressão que a Ponte fez, é muito difícil jogar”, reconheceu o treinador coxa.

E vai ficar pior, pois o Cori segue sendo um dos alvos preferenciais de quem vem na zona intermediária da tabela – caso do Vitória, adversário de quinta, às 20h30, no Couto Pereira. “Nós temos que, antes de tudo, manter nosso espírito, nossa atitude. Quando temos isso, nossa técnica aparece, e conseguimos os resultados”, finalizou Bonamigo.

Saldo

Ainda faltam três jogos para o final do turno (além do Vitória, Criciúma e Fortaleza), mas o Coritiba já encerrou sua primeira parte de confrontos com os times paulistas. E, ao contrário do ano passado, o rendimento desse ano passa dos 50%: em seis partidas, foram três vitórias, um empate e duas derrotas, conseguindo dez pontos em dezoito possíveis, em um aproveitamento de 55,56%.

Souza vai ocupar a vaga de Lima

Os dois responsáveis pela mudança de comportamento do Coritiba no segundo tempo da partida contra a Ponte Preta têm caminhos distintos no clube. Um deles está há pouco tempo, e ganha a confiança do treinador a cada dia – tanto que será a novidade para o jogo frente ao Vitória, quinta-feira. O outro, revelação de anos atrás, viveu o drama das contusões e só domingo voltou a jogar. Souza e Djames passam a ser armas de Paulo Bonamigo para a seqüência do campeonato brasileiro.

Se confirmado na equipe (no lugar de Lima, que cumprirá suspensão automática), Souza finalmente terá sua grande oportunidade no Coritiba. Ela foi adiada por causa de uma torção de joelho, sofrida às vésperas da partida contra o Paysandu, quando ele iria jogar no lugar de Tcheco. Depois de recuperado, o meio-campista seguiu jogando bem, mantendo o moral com Bonamigo. “Ele está entrando muito bem nas partidas, desde o jogo contra o Vasco”, relembrou o técnico alviverde.

Para Souza, a chance é de comprovar o bom momento e firmar-se de vez como primeiro suplente de Lima – ou até mesmo ameaçar a posição de titular do meia-atacante, que não vive boa fase. “Estou animado. A gente fica na expectativa da decisão do treinador, mas pronto para o que acontecer”, disse o meia, que se notabilizou por ?agitar? as partidas no segundo tempo. “O Bonamigo me orienta a entrar aceso, em um ritmo mais acelerado que aqueles que já estão em campo”.

Já Djames teve na partida de domingo um grande alívio. Terminava, enfim, um martírio que durou dois anos, duas operações no joelho e dúvidas sobre seu retorno – e de que forma ele aconteceria. Sua última partida fora em 29 de abril de 2001, quando o time misto alviverde goleou o Francisco Beltrão por 4×1, em jogo válido pela última rodada da primeira fase do Paranaense. Como titular, a última vez acontecera em 14 de março, quando o Coxa venceu a Desportiva em Vitória (ES) por 3×2, pela Copa do Brasil.

O meia-esquerda ainda esteve na Copa dos Campeões daquele ano, mas não foi aproveitado por Ivo Wortmann. Dali em diante, Djames lutou com os problemas no joelho. A primeira operação aconteceu ainda em 2001, e a segunda no ano seguinte. Em certas oportunidades do ano passado foi cogitada a sua dispensa, mas sempre decidiu-se por esperar. “Eu tinha certeza que voltaria a jogar no Coritiba”, disse.

E havia razão para isso: quando esteve em forma, o armador foi a revelação do Cori na Copa João Havelange em 2000. Contra a Ponte, a entrada dele foi uma tacada de Bonamigo. “Eu estava reticente, porque ele vinha de um longo tempo sem jogar. Mas é preciso ter coragem em certos momentos. E o Djames entrou em um momento extremamente difícil, e entrou bem. Arriscamos, e vimos que ele está pronto. Em forma, vai nos ajudar muito”, elogiou o técnico.

Agora, Djames quer continuar jogando – e ele sabe que Bonamigo tem planos para ele. “Ele pode até ser um médio-ala, porque tem qualidade para atuar naquele setor. Esse era um pensamento meu no domingo”, comentou o treinador. Para o jogador, nada melhor que ser aproveitado, mesmo que seja aos poucos. “Minha intenção é ajudar o Coritiba, que me deu muita força nesse tempo que fiquei parado”, resumiu.

Voltar ao topo