Alemães pensam em revanche em 2006

Paris (AE) – A Alemanha procura apagar o gosto amargo da derrota iniciando imediatamente o trabalho de organização da próxima Copa do Mundo, em 2006. Essa foi a mensagem do chanceler Gehard Schroder ao desembarcar em Berlim depois de uma cansativa viagem a Tóquio no fim de semana, onde assistiu a conquista brasileira do pentacampeonato.

Um investimento de US$1,5 bilhão está previsto nas onze cidades alemãs que irão sediar os jogos. Ao contrário do que se costuma dizer, na Alemanha, as conseqüências econômicas não serão tão importantes, mas essa será a ocasião já sonhada de uma revanche.

Esses investimentos vem de fundos privados, mas também públicos. Segundo o Instituto Federal de Ciências Esportivas, mais de 1 milhão de turistas deverão invadir o país durante um mês gastando US$ 900 milhões, sendo que o orçamento previsto para a organização da competição é da ordem de US$ 300 milhões. Gert Wagner, do Instituto de Economia de Berlim também não acredita que a Copa do Mundo na Alemanha possa ter repercussão muito significativa sobre a economia do país, apenas periférica, mas importante para as cidades sedes que poderão tirar proveito do acontecimento.

A abertura do Mundial de 2006 está prevista para o dia 10 de junho e o encerramento para o dia 9 de julho. Essa diferença de dez dias em relação a Copa da Coréia e do Japão dará as equipes, principalmente as européias, um prazo suplementar para a preparação se o calendário europeu for mantido como está. Ele está sendo responsabilizado pela desclassificação de alguma equipes favoritas como França , Itália e Espanha, cujo cansaço dos jogadores foi evidente pelo excesso de jogos durante a temporada.

A Copa será aberta em Munique, num novo estádio, cuja construção está orçada em US$ 280 milhões e que deverá contar com 66 mil lugares. Já a final, no dia 9 de julho, está também prevista para um novo estádio, mas nas imediações de Berlim, cujo custo será da ordem de US$ 242 milhões e que terá 75 mil lugares. O sucesso de público desta Copa vai depender, em grande parte , da classificação de equipes européias vizinhas da Alemanha, tais com o França, Itália, Espanha, Bélgica e Holanda, o que facilitará a presença maciça de torcedores europeus, como já ocorreu na França, em 1998.

Isso vai depender de um reforma completa do sistema de bilheteria, depois do grande fracasso ocorrido na França, mas também na Coréia e no Japão. Os alemães, em cooperação com a Fifa prometem rever o sistema atual . Outro temor é o que diz respeito à segurança, pois afinal a Alemanha é um país de torcedores hooligans, a exemplo da Inglaterra, Holanda e Itália. Na Copa da França, vários deles foram condenados a penas de reclusão por agressões e violências, inclusive contra policiais, cujas seqüelas permanecem quatro anos depois.

Alemanha recebe seleção com festa

Munique

(AE) – O técnico da seleção alemã, Rudi Voeller, recebeu o microfone do prefeito de Frankfurt e, com a voz carregada de emoção, disse do terraço da prefeitura aos 50 mil torcedores, milhares com a bandeira alemã, que se espremiam na Römerplatz: “É um pouco embaraçante para nós uma recepção dessas e não termos sido campeões. Imagino o que aconteceria então se tivéssemos vencido o jogo ontem.” Nem quando a Alemanha foi campeã do mundo, em 1990, a sua seleção foi recebida com tanto carinho na volta ao país como ontem. A cerimônia de acolhida do grupo contou com toques de requintes cinematográficos. O Jumbo da Lufthansa que transportou a delegação de Tóquio a Frankfurt, por exemplo, teve sua aterrissagem acompanhada de um helicóptero, que enviava às TVs as imagens da aeronave tocando o solo alemão. A pequena praça Römer no centro de Frankfurt foi pequena demais para a vontade do povo de expressar sua admiração ao trabalho dos jogadores de Voeller.

Das 17h às 18h30 houve tempo para discurso de quase todos da delegação, apesar de que desde as 6h da manhã já havia gente guardando os melhores lugares na praça, mais próximos ao terraço. O goleiro Oliver Kahn era o maior homenageado, ao contrário do que se poderia pensar, por ter falhado no primeiro gol do Brasil, ao soltar a bola nos pés de Ronaldo. “Você é nosso herói”, dizia uma das faixas, traduzindo com certeza o pensamento da torcida, conforme pode-se verificar nas entrevistas apresentadas pela TV.

A imprensa escrita alemã, no entanto, não poupou o goleiro. Kahn tinha a mão direita enfaixada. Segundo ele “como conseqüência de um encontro com Kléberson.” O goleiro também falou: “Não sei nem o que dizer. Estou orgulhoso de ser o capitão desse time que levou o futebol alemão ao lugar onde sempre deveria estar.” Depois deu a entender que talvez não esteja se despedindo da seleção. “Quem sabe nos vemos aqui daqui a quatro anos, mas como campeões.”

A torcida interrompia os jogadores, por vezes, para cantar “We are the champions (Nós somos os campeões)”, sucesso da banda Queen. Uma senhora entrevistada pela TV ARD comentou: “Essa é a coisa mais bonita que já vi. É melhor do que o título europeu conquistado em 1996 porque desta vez não esperávamos tanto.” Franz Beckenbauer, ex-jogador e técnico campeão do mundo, além de presidente do Comitê da Copa de 2006, saiu em defesa de Kahn também: “Ele foi considerado por todos como o maior responsável pela Alemanha chegar à final e agora, ironicamente, há quem queira criticá-lo? Não faz sentido.”

O presidente da Federação Alemã, Gerhard Mayer-Vorfelder, disse: “Não fomos campeões agora, mas essa equipe é muito jovem. Talvez tenha sido até sorte, para podermos comemorar o título aqui, em 2006.”

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