Grande fenômeno que faz parte de toda a magia que envolve a Copa do Mundo, o álbum de figurinhas, há décadas, caiu no gosto de crianças e adultos apaixonados pelo futebol. Para celebrar o Mundial Feminino, que será realizado em junho deste ano, na França, a Panini lançou o livro repleto de figurinhas com as craques que farão parte da competição.

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As páginas apresentam além dos times, informações sobre os estádios do torneio, curiosidades sobre as edições anteriores e homenagens para jogadoras que fizeram história. O preço do livro no estilo brochura é R$8,90 e cada envelope com as figurinhas sai por R$2,50 .

A Copa do Mundo de futebol feminino é realizada desde 1991, também de quatro em quatro anos e esta será a oitava edição. Serão 24 delegações disputando o título e a seleção brasileira tentará alcançar um inédito primeiro lugar. O álbum dedicado ao mundial feminino não é comercializado em todos os países, mas esta será a terceira vez que o mercado brasileiro receberá o material. Por ter um formato conhecido do grande público, pode ser mais um instrumento para popularizar e dar cada vez mais visibilidade às  mulheres que jogam futebol.

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Entusiasta da modalidade, a jornalista Mariana Franco Ramos já garantiu seu álbum antes mesmo de que ele fosse lançado, efetuando a compra do material na pré-venda. Frequentadora assídua de estádios, torcedora e praticante do futsal, Romari – apelido dado a ela pelas companheiras de time – vê a importância das figurinhas para difundir o futebol feminino.

“O álbum é mais uma de tantas iniciativas para que o futebol feminino seja reconhecido da mesma forma que o masculino”, explicou, animada com o que o evento poderá representar.

Jornalista Mariana Franco já garantiu o álbum do mundial. Foto: Arquivo Pessoal

“Esta Copa feminina é um marco. Pela primeira vez o evento vai ser transmitido pela Rede Globo. Tem empresas que estão se organizando para dispensar os funcionários pelo menos nos jogos do Brasil. Qualquer iniciativa para incentivar o futebol feminino tem uma importância enorme. Isso mostra representatividade para as meninas que desde pequenas jogam bola ou se interessam por futebol, verem ali outras mulheres e entenderem que as mulheres podem e devem jogar bola”, explicou.

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Empolgada com o grandioso evento, Mari vai ver de perto a bola rolar. Isso porque ela vai com uma amiga para a França. “Planejamos a viagem há meses já pensando na Copa do Mundo Feminina, vamos assistir EUA x Chile, Brasil x Itália e Argentina x Escócia. Já temos ingressos comprados, estamos empolgadas. Vamos visitar outras cidades da Europa, mas o foco principal é a copa. Gostamos muito de futebol, jogamos, somos torcedoras e pensamos que deveríamos fortalecer o futebol feminino”,  enfatizou.

Realidade

Na opinião de quem vive a modalidade como um sonho, o álbum pode ser um instrumento importante para que as pessoas passem a respeitar mais as jogadoras de futebol. Atleta do Imperial Futebol Clube, time de Curitiba, a lateral-direita Marhaya Morais comemorou a visibilidade que as figurinhas podem proporcionar às praticantes.

“Acredito que seja uma boa maneira de as pessoas terem conhecimento de quem são as atletas do Brasil e também das outras equipes. O lançamento do álbum vai dar mais relevância para o futebol feminino”, disse a jogadora de 18 anos que desde criança já enfrentou as barreiras sentidas pelas mulheres que praticam o esporte.

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“Sempre tive que jogar com os meninos por não ter escolinhas específicas para meninas. As pessoas costumam se surpreender bastante quando eu digo que sou atleta de futebol, muita gente tem ainda a cabeça conservadora”, revelou a lateral que só está esperando o álbum começar a ser comercializado para garantir o seu.

“Pretendo sim. Está previsto pra chegar às bancas para a venda a partir de 10 de maio, assim que lançar já irei comprar o meu”, garantiu a atleta que sonha um dia poder estar em um grupo tão seleto quanto a Seleção Brasileira.

Marhaya tem como inspiração muitas jogadoras que conseguiram atingir um alto nível no esporte, mas há uma atleta em especial que ela admira como ícone da modalidade. “A Marta com certeza é a melhor! O futebol dela, a visão de jogo… ela é demais”, arrematou.

Marhaya joga pelo Imperial. Foto: Reprodução

Incômodo

Renata Mendonça, co-fundadora do blog Dibradoras, publicou na última terça-feira (30) um texto sobre como a visibilidade do futebol feminino incomoda e o quanto os homens ainda ficam desconfortáveis em ter que dividir espaço com as mulheres no futebol. O post se mostrou necessário após uma enxurrada de comentários machistas na matéria inicialmente publicada por Renata, no dia 26, sobre o lançamento do álbum feminino.  Os haters trataram de falar que o álbum não venderia, que futebol feminino é fraco e até mesmo que preferiam ver as jogadoras nuas.

Na opinião da colunista apaixonada por futebol, isso acontece porque alguns homens não conseguem simplesmente ignorar o assunto, mas sentem a necessidade de tirar a legitimidade de algo que pode colocar as mulheres em destaque.

“É impressionante a quantidade de gente que se mobiliza para ir a nosso blog e comentar que o futebol feminino é chato. Pelo fato da mulher querer jogar, ocupar o campo, muitos homens consideram uma invasão nesse território que sempre foi muito masculino. O álbum de figurinhas feminino é uma conquista de um espaço e esse protagonismo incomoda”, explicou.

Comentários machistas sobre o álbum da Copa do Mundo tomaram conta das redes. Foto: Reprodução

Para ela, seria fundamental que as pessoas entendessem que é possível dar lugar tanto ao futebol praticado pelos homens quanto pelas mulheres.

“É importante falar que o álbum feminino já existe desde 2011 e no Brasil já foi comercializado em 2015. Mas o alarde em torno do assunto agora é porque vivemos em um outro momento em que o futebol feminino está passando a ser mais valorizado. Os homens sentem que as mulheres querem roubar um espaço deles, mas não existe isso. O futebol é de todos. As pessoas podem gostar de futebol masculino e feminino também, não é necessário escolher uma coisa ou outra”, enfatizou.

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Também incomodada com o fato de alguns homens não aceitarem que o futebol feminino possa ser tão interessante quanto o masculino, a jornalista Mariana Franco garante que as mulheres não vão desistir de estarem onde quiserem.

“Os comentários negativos em relação ao álbum são manifestações machistas de homens que não conseguem perceber que esse não é um espaço só deles, mas das mulheres também. Porém vamos continuar frequentando estádio, consumindo o futebol, jogando bola e nos fazendo cada vez mais presentes”, finalizou.

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