Afastada da seleção nacional, Iziane critica técnico Paulo Bassul

O técnico Paulo Bassul mandou Iziane embora da seleção brasileira após a ala do Atlanta Dream, da WNBA, ter se recusado a entrar na quadra nos minutos finais da partida de sexta-feira contra a Bielo-Rússia (derrota por 86 a 79), pelas quartas-de-final do Torneio Pré-Olímpico de Basquete na Espanha, que valia vaga para os Jogos de Pequim.

Neste sábado (14), depois de noite mal dormida e ainda com os olhos inchados, Iziane resolveu explicar sua posição, já que ela recusou-se a comentar seu problema com o treinador após o fracasso brasileiro em Madri.

Ela disse que também não vestirá mais a camisa da seleção enquanto Paulo Bassul for o técnico. O racha é irreparável mesmo se o Brasil se classificar para a Olimpíada da China.

"Eu estava jogando bem (tinha feito 10 pontos), mas ele me tirou da quadra, me usou alguns minutos no terceiro quarto e depois me deixou 20 minutos no banco. Como ele pode deixar a suposta estrela do time fora. A estrela tem de estar na quadra. Faltando dois minutos para o fim da prorrogação, ele pediu para eu entrar. Recusei porque estava fria. Ele deveria ter apostado no time que escolheu a maior parte do tempo", disse a jogadora. "Eu errei, havia um comando ali e eu deveria ter ajudado a seleção brasileira. Mas esse é o meu temperamento e foi assim que eu sempre conquistei as minhas coisas. Eu estava torcendo pelo Brasil, mas psicologicamente não tinha como ajudar o time naquele momento".

Na manhã deste sábado, Iziane foi comunicada oficialmente do seu desligamento da delegação. Ela já não vestia o uniforme da equipe. Foi avisada também que não poderia mais participar das atividades do time em Madri.

Bassul reuniu o grupo antes do café, sem Iziane, para explicar a situação. E proibiu as meninas de insistirem no assunto com a imprensa. Estavam proibidas de comentar o "caso Iziane".

Um caso parecido aconteceu com Nezinho e o técnico Lula Ferreira no Pré-Olímpico masculino de Las Vegas, nos Estados Unidos, no ano passado, quando o Brasil desperdiçou sua melhor chance de se classificar para Pequim. Só que Nezinho pediu desculpas para o treinador no mesmo dia e voltou a ser usado por Lula no restante da competição.

Iziane passou a manhã deste sábado tentando mudar o dia do seu embarque para os Estados Unidos, de amanhã (domingo) para hoje (sábado), onde deverá se reapresentar ao Atlanta Dream. Conversou muito também com seu agente, Nicolas Mendez, que a acompanhou na Espanha. Ele pensa como ela. Diz que Iziane é a melhor jogadora do Brasil e não pode ficar no banco de reservas.

A jogadora admitiu seu erro e sabe exatamente o que ele pode significar em sua carreira, principalmente no Brasil. Mas sua decisão e de Bassul já estavam tomadas e são irrevogáveis. Não há como voltar atrás. Iziane pediu desculpas para o grupo em recado mandado através da capitã Claudinha e chorou ao comentar que desde os 12 anos pensava em defender a seleção brasileira e disputar Olimpíadas pelo País – esteve em Atenas/2004. Mesmo se o Brasil se classificar, ela estará fora.

"Estou preparada para as críticas. A vida inteira fui criticada. É assim com toda estrela. Eu e o Paulo Bassul não temos a mesma visão e por isso não trabalho mais com ele. Sou uma jogadora de grupo, mas tenho personalidade. O grupo chegou a falar com o treinador para eu ficar, mas não há como mudar isso. Não jogo mais com ele mesmo se o Brasil for para Pequim. É o preço que terei de pagar para ser feliz. Ele nunca entendeu o meu estilo. Esse não foi o nosso primeiro conflito", disse a jogadora. "Só quero ser feliz. Esse é o meu ideal de vida".

Iziane disse que a seleção tem condições de conseguir a vaga para os Jogos da China sem a sua participação. Em Madri, ela fez 28 pontos contra Ilhas Fiji e 18 contra a Espanha. "As meninas me prometeram isso".  

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