Adílson Batista ficou apenas 50 dias
no comando e ontem pediu demissão.

O telefone não pára. O Paraná Clube segue fazendo contatos e analisando sugestões para o comando técnico da equipe. Todos foram pegos de surpresa com a postura de Adílson Batista, que pediu demissão durante uma reunião realizada ontem pela manhã, na Vila Capanema. O treinador trabalhou somente cinqüenta dias no clube, comandou o time em oito jogos e computou aproveitamento de 41,67%. Além de Adílson, o auxiliar-técnico Ivair também deixou o Tricolor, que interinamente será comandado por Saulo de Freitas.

No encontro de ontem pela manhã, os dirigentes reuniram comissão técnica e jogadores para analisar o rendimento neste Brasileirão e traçar metas para estas últimas rodadas do primeiro turno. Durante a conversa, surgiram críticas às constantes oscilações e o encaminhamento da conversa desagradou Adílson Batista. O técnico confirmou que havia divergências de idéias e não admitiu ver contestadas suas filosofias de trabalho, baseadas na disciplina e em treinos táticos intensos, sem espaço para coletivos ou “rachões”.

“O objetivo da reunião não era esse. Só demonstramos nossa preocupação pelo fato de o time jogar bem contra o Grêmio e cair de produção de forma vertiginosa três dias depois, quando jogamos em Florianópolis”, comentou o diretor de futebol Paulo Welter. A posição de Adílson Batista nunca foi muito tranqüila. Logo após seu terceiro jogo à frente do Paraná, ele já conviveu com contestações e cobranças. Os dirigentes sempre demonstraram preocupação com a postura do treinador e chegaram a pedir um comportamento mais amigável entre técnico e jogadores.

Perfeccionista, Adílson sempre preferiu cobrar a elogiar. “Dois toques é treino para o Real Madrid. Não dou abertura para este tipo de atividade. Minha função é trabalhar, e muito, buscando corrigir aquilo que não está bom”, repetia constantemente o técnico, abdicando de momentos de descontração.

Após definir sua saída, Adílson disse que só tinha a agradecer à instituição – “que abriu portas para o meu trabalho e numa primeira divisão” – e aos jogadores. Para o treinador, mesmo com a seqüência de maus resultados no início do mês passado (o Paraná ficou quatro rodadas sem vencer), nunca houve desentendimentos e todos perseveraram para compreender sua linha de ação.

A diretoria não esconde a preocupação com os efeitos de uma nova mudança no comento técnico. Na transição de Cuca para Adílson, o Paraná perdeu várias posições na tabela de classificação. Quando o time dava sinais de reação, surge novo imprevisto. Para Paulo Welter, um erro agora pode ser fatal e por isso a busca pelo novo técnico será analisada profundamente. O objetivo é encontrar um treinador que se enquadre na filosofia financeira e estrutural do clube. “Não pensamos em um treinador apenas para o momento, mas algo também para o futuro. Um técnico que saiba trabalhar com os garotos que estão vindo das categorias de base, pois não dispomos de recursos para novas contratações”, finalizou.

Saulo pensa em ser efetivado

Na onda de interinos, Saulo de Freitas promete não decepcionar. Garante que amadureceu nestes últimos anos. Em 2001, ele teve uma rápida experiência no comando do Paraná Clube (somente um mês), mas não conseguiu se firmar. O ex-artilheiro do Tricolor comandou os treinamentos de ontem e deve dirigir a equipe em Belo Horizonte, diante do Cruzeiro. Mesmo atuando diretamente com os jogadores de frente – ele é treinador de atacantes – Saulo antecipou que o time precisa melhorar na marcação.

Só não disse se vai recorrer ao 3-5-2. “O princípio do futebol é a marcação”, resumiu. “Jogando fora de casa, não podemos sofrer contragolpes”. Saulo de Freitas não pôde comandar um treino de campo devido à chuva. Mesmo interino, Saulo não esconde que seu objetivo é ser técnico de futebol. “Trabalho para isso e sei que a chance vai surgir na hora certa”, disse. Usou como exemplos Rojas e Mauro Galvão, que atualmente dirigem São Paulo e Vasco. Só neste Brasileirão, há vários outros interinos, como Barbieri (Guarani) e Gilson Kleina (Criciúma).

continua após a publicidade

continua após a publicidade