‘A última coisa que o STJD quer é aparecer’, diz auditor do tribunal

Exposto aos olhos dos fãs de futebol, o auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e relator do julgamento que penalizou a Portuguesa com a perda quatro pontos no Brasileirão, Felipe Bevilacqua, é avesso ao protagonismo que toma o tribunal em casos polêmicos como o da Lusa. No órgão desde 2007, o advogado carioca conhece bem a rotina da Justiça Desportiva e afirma que o apelo popular não interfere nas decisões da casa.

“A última coisa que o Tribunal quer é aparecer. Ele está lá justamente para fiscalizar se as regras estão sendo cumpridas e julgar casos como esses do Vasco e da Portuguesa. O caso da Portuguesa foi uma lamentável coincidência. Se fosse a Ponte Preta, por exemplo, a subir, não ia dar essa repercussão”, afirmou Bevilacqua, vice-presidente da Primeira Comissão Disciplinar, em entrevista exclusiva.

“Por acaso, o envolvido foi o Fluminense, que tem todo aquele histórico com rebaixamento. Tirando essas consequências, com que o tribunal também não pode se importar na hora de julgar, o tribunal quer ser discreto. O ideal seria não trabalhar, e sim que todo mundo conseguisse cumprir as regras”, declarou.

Atuando no STJD desde 2007, Bevilacqua garante que as transmissões ao vivo e a presença de torcedores nas portas do tribunal, como aconteceu antes do julgamento da Lusa e do Fluminense, não afetam o trabalho dos auditores.

“Eu não sabia que passaria ao vivo, soube apenas depois do julgamento. Estou no Tribunal há sete anos e já julguei outros casos bem polêmicos e tenho de exercer a função que me foi atribuída. O reflexo até agora tem sido positivo. No final das contas, acho que não afeta em nada”, afirmou.

Bevilacqua admite a pressão, mas minimiza qualquer efeito sobre as decisões. “Existe uma pressão, mas independentemente de seu grau, não se pode dar uma atenção a isso. Contudo, o trabalho fica um pouco comprometido, porque é muita gente, é imprensa, é torcida ligando e xingando… Atrapalha a secretaria, o tribunal, mas o julgamento em si, não.”