A sorte está lançada

Os rivais se encontram mais uma vez. Mas não é apenas “mais uma vez”. A partir das 18h, no Couto Pereira, Coritiba e Atlético se enfrentam pela primeira partida da final do campeonato paranaense, e começam a escrever mais um eletrizante capítulo da história do maior clássico de nosso futebol.

Depois de quatro anos, em que ambos foram finalistas mas não se encontraram, retoma-se a tradição e reaparecem as grandes emoções.

O regulamento da competição é claro. Na final (que acontece em dois jogos, o de hoje e o do próximo domingo, no Joaquim Américo), o Atlético, time de melhor campanha, joga por dois resultados iguais. Cabe ao Coritiba tentar “roubar” essa vantagem no jogo de ida, que acontece em sua casa.

Os dois times vivem momentos distintos. O Atlético está invicto há dezenove jogos (desde novembro de 2003), e sonha em repetir a façanha dos anos 30, quando conquistou o paranaense sem derrota, coisa que o Coritiba fez no ano passado. A equipe sempre comandou a classificação do campeonato, e vários jogadores vivem ótimo momento, como Marcão, Jádson, Ilan e Washington.

Do outro lado, o Coritiba, apesar de ter perdido apenas um jogo dos últimos treze (está invicto há sete partidas), ainda deixa pairar dúvidas sobre seu real estágio. Na partida de terça, pela Libertadores, contra o Olimpia, teve a chance de arrancar para a classificação, mas ficou no empate e complicou sua vida.

Para o jogo de hoje, entretanto, as duas equipes tramam estratégias semelhantes. Tanto Antônio Lopes quanto Mário Sérgio escondem o jogo e não anunciarão as escalações antes do obrigatório, ou seja, momentos antes da partida. O treinador atleticano tomou uma atitude insólita, ao não realizar trabalhos coletivos durante esta semana. Lopes, em contrapartida, forçou treinos táticos, para criar “surpresas”.

Os times também têm desfalques. No Atlético, Adriano e Rogério Correa, dois jogadores importantes (os únicos titulares remanescentes do título brasileiro de 2001), mas que estão à sombra dos destaques da temporada. No Coritiba, Tuta, que se não jogou muitas partidas, mostrou-se fundamental ao marcar quatro gols em cinco jogos, e ser o artilheiro coxa no paranaense.

Façam suas apostas.

Serviço

Ainda há ingressos para coxas e atleticanos. A torcida alviverde pode comprá-los no Couto Pereira, nas lojas do clube nos shoppings Total e Cidade, nas lojas Trio de Ferro, Alfaluz e Premium Artigos Esportivos, e na Panificadora Réus. Para os rubro-negros, o local de venda é o Estádio Joaquim Américo. Os preços são os seguintes: arquibancada, R$ 15,00; cadeira inferior, R$ 30,00; cadeira superior, R$ 50,00. Menores de 12 anos, maiores de 60, mulheres e estudantes pagam meio-ingresso em todos os setores do Alto da Glória.

Lopes diz ter uma dúvida

Por que não buscar fórmulas conhecidas e bem sucedidas? O Coritiba, às vésperas da primeira partida da final do campeonato paranaense contra o Atlético, convocou um torcedor ilustre: o lutador de vale-tudo Vanderlei Silva, que conversou por vinte minutos com os jogadores e a comissão técnica depois do treino de ontem pela manhã. A presença dele serviu até para ocultar a definição da equipe para o jogo das 18h.

Isso porque o técnico Antônio Lopes mantém, pelo menos para a imprensa (e para os adversários), o mistério na escalação. “Vocês podem ter certeza que eu vou jogar com três atacantes. Mas eu defino quem joga depois”, avisa, tentando mais confundir que explicar. “O importante é nós jogarmos da forma que sempre atuamos em casa, para buscar a vitória”, completa o comandante coxa.

Apesar de falar em três atacantes, Lopes não deverá optar por André Nunes, que seria a opção natural caso fosse realmente usado o 4-3-3. Contrariando o que disse durante a semana (que Luís Mário e Aristizábal precisavam de um jogador de referência para jogarem melhor), o treinador pensa em Rodrigo Batatinha como titular. Se não fosse assim, não o teria colocado no coletivo e nos dois trabalhos táticos realizados desde a volta do Paraguai.

Rodrigo teria uma função ofensiva, mas comporia o meio-campo com Luís Carlos Capixaba, Ataliba e Márcio Egídio. Mesmo assim, Antônio Lopes garante que o Cori terá três atacantes. “Quem jogar terá que fazer a função de atacante, seja o Batatinha, o Ígor ou o André Nunes”, comenta o treinador. Ígor, citado na entrevista, mais uma vez não treinou, e corre por fora na disputa por uma posição.

É certo que o técnico já tem o time definido, mas não o divulgou nem para os jogadores ou todos estão dentro da estratégia de mistério.

Força bruta

Vanderlei Silva empolgou os jogadores na “reunião”, mas ninguém pareceu mais animado que Antônio Lopes. “O cara é um motivador de primeira, tem uma conversa fácil e deu ótimas dicas para nós”, comenta o técnico. O lutador disse que os jogadores tem que “dar um show” para a torcida. “Com aquela galera me empurrando, eu vou querer dar show. Claro que sem esquecer das obrigações”, afirma.

Ele esteve ano passado com o elenco, antes da partida decisiva do brasileiro contra o Criciúma, e agora ficou feliz ao conhecer as estrelas do time. “O Aristizábal é um cara espetacular, fiquei fã dele”, diz. Para Lopes, a vibração passada pelo lutador tem que virar exemplo. “Se o Coritiba tiver onze Vanderleis em campo, seremos campeões paranaenses”, garante.

Atlético não divulga o time

Rodrigo Sell

Se pelo lado do Coritiba, a dúvida do técnico Antônio Lopes é uma só, no Atlético, Mário Sérgio quer usar o mistério como mais uma arma para dar um passo em direção ao título do campeonato paranaense. O treinador rubro-negro promete só revelar a escalação momentos antes do clássico, mas dá algumas pistas de que não levará nenhuma surpresa ao Couto Pereira. A tendência é de que a equipe que enfrentou o Londrina seja a escolhida para a primeira partida da final.

“O Antônio Lopes é um treinador muito experiente. Qualquer informação que eu der será utilizada e isso irá facilitar o trabalho dele”, explica Mário Sérgio. A preocupação dele está na capacidade do alviverde, em comparação com as outras equipe do estadual. “O adversário é muito mais qualificado do que os outros que nós pegamos até aqui no campeonato. Então, eu acho que todo cuidado é pouco”, continua.

E, esse cuidado foi tão grande que o treinador resolveu não fazer nenhum coletivo durante a semana para não dar pistas de como seria formado o time. Além disso, havia a possibilidade de o elenco atleticano ser reforçado pelo zagueiro Rogério Correia, o meia Adriano e o volante Ramalho, mas somente este último treinou normalmente e pode participar da partida. No entanto, sem ritmo, deve ficar apenas no banco de reservas.

Sem a possibilidade de novas peças serem agregadas, restou a mesma formação que passou pelo Londrina nas semifinais. O time agradou a Mário Sérgio e pode ser repetido. “Gostei muito da nossa equipe. Perdemos inúmeras oportunidades de gols e a arbitragem ainda deixou de dar alguns pênaltis”, analisa, aproveitando para alfinetar a arbitragem. Assim, aquele time deverá ser o mais provável para entrar em campo hoje. Ou melhor, o time que iniciou o segundo tempo.

Essa possibilidade cresceu após o ala-direito Alessandro Pinto ter sido chamado pelo treinador para a concentração, após o treinamento de ontem pela manhã. Antes dos trabalhos, desanimado, o jogador declarou que não estaria nas finais.

Mesmo reposicionando alguns jogadores conforme a forma de atuar do alviverde, Mário Sérgio garante que não fará marcação especial. “O Atlético não vai fazer nenhuma marcação especial. O time do Coritiba tem vários valores. Eu vou me preocupar com o coletivo e não com a individualidade”, garante.

Presença

O técnico Mário Sérgio ficará no banco de reservas. O motivo é que o camarote oferecido pelo Coritiba aos dirigentes não é dos mais favoráveis para se ver uma partida.

CAMPEONATO PARANAENSE – FINAL
Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 18h
Árbitro: Héber Roberto Lopes (FIFA)
Assistentes: Roberto Braatz e Gílson Bento Coutinho

CORITIBA X ATLÉTICO

Coritiba
Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Ataliba, Luís Carlos Capixaba e Rodrigo Batatinha; Luís Mário e Aristizábal. Técnico: Antônio Lopes

Atlético
Diego; Alessandro Lopes, Marinho e Igor; Alan Bahia, Vânderson, Alessandro (Fernandinho), Marcão e Jádson; Ilan e Washington. Técnico: Mário Sérgio

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