O torcedor atleticano tem até calafrios quando houve falar em estrela. Afinal, dos 77 anos de história do seu clube do coração, 16 deles foram de pura agonia, inveja talvez. De nada adiantava o time ganhar um Atletiba de 10 a 0, ser campeão paranaense 20 vezes seguidas. Nas tradicionais discussões de boteco, sempre acabava ficando por baixo. “E aí camarada, esse seu time não é de nada. Levou de goleada do Furacão”, dizia o fanático atleticano. “O quê? E a estrela, vocês têm?”, respondia o coxa branca. Sempre a mesma história.

Desde que o Coritiba conquistou o título brasileiro, em 85, o martírio da torcida do Atlético se construiu em cima de uma estrela, que até hoje desponta em cima do brasão alviverde. E os coxas aproveitaram bem, não há como negar. Além de deixar a justificativa pronta, na ponta da língua, para qualquer fracasso vindouro, gozaram do direito de únicos campeões brasileiros de nosso Estado.

O convite para o Clube dos 13 veio antes, assim como o maior peso de voto em qualquer arbitral realizado pela CBF. Tudo em função de uma estrela, poderosa e cheia de utilidades. Um verdadeiro escudo. Será que agora virá a vingança? Com a famosa estrela no peito, os rubro-negros podem ir à forra, iluminados pelo reluzir de uma estrela tão desejada quanto qualquer vitória num Atletiba.

Construído na base de muita raça, por um grupo que ganhou o respeito dos principais críticos do futebol brasileiro, o título conquistado ontem, em solo paulista, vai agora ajudar a alimentar uma rivalidade que passou 16 anos estimulada por uma conquista unilateral. O grito de campeão brasileiro que saltou das cordas vocais atleticanas, pintou o Paraná de um vermelho e preto duradouro.

Agora, aquele mesmo bate-papo de boteco ganha outro final. Pelo menos até o próximo ano está tudo empatado. Uma estrela para cada um. Resta saber quem será o primeiro a desempatar a disputa.

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