Última edição

Da rotativa pra banca: jornaleiros foram muito importantes nos 69 anos da Tribuna

Jornaleiro Osni, parceiro da Tribuna. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná

Quem caminha pelo Centro de Curitiba vê a história sendo narrada em tempo real pelas manchetes expostas nas bancas de jornal. Há 69 anos, a Tribuna do Paraná faz parte desse cenário. Até a última edição, que segue presente em 264 pontos de venda ativos. Uma dessas bancas pertence a Osni Pavani, dono de um dos tradicionais estandes da Praça Rui Barbosa. Há 45 anos no mesmo ponto, ele também preside o Sindicato dos Jornaleiros do Paraná e lembra exatamente o que o trouxe ao ramo: um anúncio nos classificados dos próprios jornais.

“Quando comprei a banca, a venda dos jornais estava bombando. Foi o que me motivou a investir”, conta. Recém-chegado a Curitiba, Osni percebeu rápido o peso da Tribuna do Paraná na rotina da cidade. Nas segundas-feiras, depois das rodadas de futebol, a demanda era tão grande que a fila se formava antes mesmo da banca abrir. O volume de exemplares era tanto que ele sozinho não dava conta de carregar. Muitas vezes, amigos e jornaleiros precisavam ajudar.

“Quando a rotativa quebrava, eu trazia primeiro os outros jornais e voltava só pra pegar a Tribuna. Se a quantidade era grande, pedia ajuda pros meninos que trabalhavam de madrugada, os pequenos jornaleiros”, lembra.

No bairro Cajuru, a realidade não era muito diferente. Desde 1979, a Papelaria Bancho exibe a Tribuna do Paraná no balcão. No aniversário de 50 anos do jornal, o ponto chegou a ser premiado como campeão de vendas. A dona, Iolanda Bancho, também buscava as cópias de madrugada com o marido e as filhas para dar conta da demanda. Anos depois, a filha Aline Tschannerl assumiu parte da administração, junto com as memórias de infância, como o jornal empilhado ao lado do balcão.

Via de mão dupla

Os mesmos classificados que levaram Osni a comprar a banca foram também decisivos para impulsionar as vendas da Tribuna na Papelaria Iolanda. Eram páginas disputadas, onde se buscava de tudo: emprego, aluguel, oportunidades de compra e venda, anúncios curiosos. As capas dedicadas ao futebol, aos casos policiais e às notícias do cotidiano faziam o jornal sair rápido das prateleiras. “Os clientes estavam acostumados com o jornal”, lembra Aline.

O mesmo padrão se repetia na Maxi Pan, panificadora do bairro Hauer, onde a Tribuna ocupou o mesmo lugar por 25 anos: ao lado do caixa. A proprietária Thereza Cristina Koskodai sabia que o jornal puxa o freguês e o pão quentinho fechava a venda. “Quem vem comprar a Tribuna não leva só o jornal. Sempre acaba pegando alguma coisa”, conta.

Ela sabe exatamente quem entra na padaria para conferir se o time venceu no fim de semana, quem volta para checar a previsão do tempo e quem só quer descobrir se acertou os números da Mega-Sena.

Aos olhos, primeiro, de quem expõe, observando manchete por manchete, a Tribuna também foi um espelho do tempo. Durante a pandemia de Covid-19, ela viu o medo, a desconfiança e a espera pela vacina estampados em manchetes diárias. Para ela, um dos períodos mais marcantes de toda a cobertura do jornal.

Osni, da banca da Rui Barbosa, também guarda suas próprias páginas inesquecíveis. A primeira que lhe vem à cabeça é a capa seguinte ao dia 24 de dezembro de 2001, quando o Athletico conquistou o primeiro título brasileiro da história do clube. Depois, lembra da festa do Coritiba, dos títulos do Tetra e do Penta da Seleção Brasileira, da morte de Ayrton Senna, das duas visitas do Papa João Paulo II a Curitiba. Para ele, eram dias em que o jornal não era apenas um produto: era símbolo.

Por consequência, quem acompanha o mundo pelas manchetes da Tribuna também passa a reconhecer quem está do outro lado do balcão. Aos poucos, o jornaleiro identifica quem é atleticano, coxa-branca ou paranista só pelo jeito de pegar o jornal. “Além da amizade e da troca de informações, a Tribuna também aproximava as pessoas. Toda essa trajetória foi sucesso mútuo, para a Tribuna e para quem vendia o jornal”, resume Osni.

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