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Augusto Mafuz: a última lembrança do jornal Tribuna do Paraná

Em 1971, o diretor Peter Bogdanovich ofereceu à minha geração um presente precioso que se eternizou: o filme, A Última Sessão de Cinema. Bem resumido, em 1951, um grupo de estudantes em uma cidade isolada no norte do Texas, que sofre as modificações da modernidade. Quando elas alcançam a vida adulta, as pessoas desaparecem, só sobrando o Sonny, o único cinema da cidadezinha. Tudo em ambiente nostálgico e de sentimento.

O filme termina com as portas do cinema sendo baixadas depois da última sessão. Dá-nos juízo da certeza de que os círculos da vida um dia acabam.

É mais ou menos assim que ocorreu com várias gerações de jornalistas, que em um dado momento trabalharam na Tribuna. Não há nenhum deles que, com o tempo, por mais curto que seja, não adquiriu amor pelo jornal, transformando-o num valor de vida profissional, tamanho o fascínio que sempre exerceu.

Em 1969, iniciei a profissão de jornalista, trabalhando na Rádio Guairacá, no prédio da Barão do Rio Branco. Logo, desci dois andares e fui incorporado à equipe esportiva da Tribuna, comandada pelo imortal Albenir Amatuzzi.

De inicio, era setorista do Pinheiros, e a partir de 1970, passei a cobrir o Coritiba e o Athletico, que já me provocava paixão. Tenho o sentimento que criei um vínculo entre Athletico e Tribuna. Durante 50 anos, vivi mais na redação da Tribuna do que em minha casa. Eventuais saídas anunciavam a volta imediata. Tribuna e eu sempre foi um caso de amor. Sempre pareceu coisa única.

Como o cinema do filme Peter Bogdanovich, a Tribuna do Paraná real acaba aqui. Mas, ao invés de notícias e colunas, continuará a publicar lembranças através dos nossos corações que irão ser eternas.

Essa coluna é uma homenagem à memoria de Albenir Amatuzzi e Charles Tavares; a Francisco Camargo e Rafa Tavares, meus “chefes” de redação.

Mas é, em especial, uma homenagem ao doutor Paulo Pimentel, que vive como imortal, e à memoria de João Feder que abriram esse “cineminha” chamado Tribuna do Paraná, para que milhares de jornalistas ganhassem um sentido de vida.

Adeus, Tribuna.

“Estou só, e sonho saudade” (Fernando Pessoa).

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