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Mercado não tem espaço para funcionários com “Síndrome de Gabriela”

Andréa é especializada em workshops voltados para recolocação de profissionais no mercado de trabalho (Raquel Tannuri Santana).

Muita gente se acomoda na empresa aonde trabalha. Para a coach e diretora da Gauté Soluções em Recursos Humanos, Andrea Barcellos Gauté, este é o tipo de funcionário que tem o que ela chama de “Síndrome de Gabriela”, ou seja, assim como na música, repete o refrão: “Eu nasci assim, eu cresci assim e vou morrer assim” dentro da empresa.

“Não tem mais espaço pra isso no mercado. Tem que se reinventar”, avalia a coach. Mas, o que fazer para que isso aconteça? “Se reinventar é assim: o que estou fazendo hoje? Quando se fala em empregabilidade a pergunta é outra, ou seja, o que faço hoje que o mercado absorve? Estou agregando valor? Uma pergunta que às vezes choca é: você se paga? Porque a empresa não tem que ter um funcionário por causa de 10, 15 anos de trabalho ou de seus belos e lindos olhos. As pessoas têm que fazer essas perguntas pra si”, provoca.

Andréa lembra que vivemos a era da informação, do conhecimento. “Então não dá para parar de aprender. Mas não é só aprender por aprender. Tem um monte de gente que tem um currículo fantástico, tem dez mil cursos, tem pós, mestrado, doutorado e tem zero de aplicabilidade”, lembra. Especializada em gestão de carreira, a coach lembra que conhecimento não se joga fora. “Não adianta ficar lendo tudo e não conseguir colocar nada em prática. Se conseguir aplicar, 70, 80% do conhecimento, ótimo”, avalia.

Não importa a profissão, o importante é se especializar (Foto: Raquel Tannuri Santana).
Não importa a profissão, o importante é se especializar (Foto: Raquel Tannuri Santana).

Para ela, dá para se refazer processos estando dentro da mesma organização. “Tem como se desafiar o tempo inteiro. Basta parar, pensar e se reconectar e buscar. Não ficar oh, Deus, oh vida, não estou fazendo nenhum curso porque a empresa não está pagando, ou por conta da crise, o RH não me dá oportunidade de crescer na carreira. Quem é responsável pela carreira, o RH ou você?”, questiona.

Redes sociais

Para Andréa, não é só a empresa que escolhe o funcionário, mas o funcionário também escolhe a empresa que quer trabalhar. “Ninguém quer se associar a uma marca que não cuida do entorno, que não paga os seus impostos, ou que estão envolvidas em escândalos tipo Lava Jato”, cita. “Da mesma forma a empresa vai olhar e avaliar as redes sociais para avaliar o comportamento. Antes as pessoas eram admitidas pelas técnicas e muitas vezes desligadas por comportamentos. Hoje é admitido tendo um percentual xis de técnica, mas eles estão buscando muito mais atitude e comportamento”, complementa.

A técnica em Recursos Humanos avalia que o técnico sustenta, é o alicerce. “Mas hoje em dia o treinamento e a capacitação estão ao alcance de todos, existe treinamento. Agora, ninguém dorme centralizador e acorda descentralizador. Ninguém dorme não sabendo se relacionar em equipe e acorda sabendo. A pessoa precisa querer e fazer. Um erro de contratação custa caro. Não só financeiramente mas pelo desgaste”, finaliza.