Instituição já usava plataforma digital como apoio às aulas presenciais. Só foi preciso reforçá-la

Dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) revelam que mais de 1,3 bilhão de alunos estão sendo afetados pelo fechamento das escolas e universidades por causa da pandemia da COVID-19. É um momento atípico e que exigiu revisões de diversos setores, especialmente o do ensino superior. Sem as aulas presenciais, os professores tiveram que se adaptar para continuar passando seus conteúdos de forma on-line. As instituições, por sua vez, tiveram que recorrer a treinamentos do corpo docente e a investimentos em novas tecnologias ou reforço das já existentes.

Segundo o estudo Efeitos da Pandemia na Educação Superior Brasileira do Instituto Semesp, as instituições privadas de ensino brasileira – que representam 75% dos alunos de graduação – realizaram investimentos relacionados à novas tecnologias e métodos de ensino.

Lilian Pereira Ferrari, Reitora do UniBrasil, conta que o ensino superior já estava fazendo um maior uso dessas tecnologias e metodologias, mesmo porquê o perfil dos jovens mudou muito nos últimos anos e as instituições de ensino precisaram se renovar. “No UniBrasil já há mais de dois anos oferecíamos aos nossos professores, discussões e formações sobre novas metodologias de ensino, com o professor sendo o profissional que conduz o ganho de aprendizado do aluno, incentivando a autonomia e o protagonismo” explica.


Para os docentes do UniBrasil, as novas tecnologias também já vinham fazendo parte das atividades. A plataforma de ensino digital, AVA –Ambiente Virtual de Aprendizagem – permitia aos professores usá-la como apoio ao ensino presencial, com a disponibilização de materiais e atividades a realizar. Com a pandemia, além do AVA foi agregado o Teams, ferramenta de reunião on-line da Microsoft, que se tornou a principal para as aulas síncronas.


“Quando chegou a pandemia, já estávamos adiantados e com isso em um único dia viramos a chave de ensino presencial para ensino remoto. É claro que foi preciso intensificar as formações dos professores, ampliar e fortalecer os softwares, as licenças usadas e inclusive nossas ferramentas de TI”, avalia. 

Existiram ganhos?

Apesar do cenário de pandemia, a mudança nas aulas do ensino superior trouxe algumas vantagens, como o maior contato do aluno com o professor ou coordenador. E isso não se traduz, logicamente, em contato físico, mas em uma conversa, um acolhimento, uma atenção, explica a reitora.


Outro ganho foi o crescimento e autonomia dos alunos e professores. “O professor teve que se reinventar com as metodologias de ensino, com a forma de expor e trabalhar sua matéria. O aluno assumiu o protagonismo de direcionar e gerenciar seu aprendizado, contando sempre com a tutoria e o acompanhamento do seu mestre. São ganhos muito importantes e relevantes”, diz.

Lilian acredita que muitos cursos e carreiras se adaptarão melhor ao ensino híbrido (semipresencial), no qual o aluno tem autonomia para gerenciar seu trabalho e seus estudos definindo como, quando e de que modo cursará suas disciplinas.

E a partir de agora?

Uma revelação positiva do estudo do Instituto Semesp foi que a procura – com dados do Google – por termos relacionados às aulas on-line teve um expressivo aumento em março, enquanto que o termo trancamento de matrícula se manteve padrão. De acordo com o Instituto, isso seria uma tendência de que os alunos devem buscar alternativas para continuar estudando.

A reitora do UniBrasil fala em reinvenção, até mesmo para que o ensino superior privado continue sendo atrativo. “A reinvenção deverá cada vez mais ser uma constante em nossas vidas, precisamos nos adequar à “nova realidade” ao novo perfil de aluno/jovem, ao novo mundo do trabalho, mas nunca podemos perder o foco em nossa missão principal, que é o processo de ensino e aprendizagem” diz. Outra informação relevante é que as novas tecnologias e metodologias vieram para ficar. Na verdade, elas já estavam a caminho e a pandemia só acelerou o processo de instalação das mesmas.

E algumas ações relacionadas à nova tecnologia a instituição até já tomou. Além das aulas de todas as disciplinas dos 26 cursos presenciais de graduação, pós-graduação latu sensu e do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito (PPGD) terem sido adequadas e reprogramadas para o ensino remoto, ainda estão sendo trabalhadas as atividades complementares neste formato.

Foram realizados cerca de 60 eventos on-line – incluindo palestras internacionais –  sobre temas importantes nas diversas áreas de atuação dos cursos, o que propiciou aos acadêmicos a vivência e a possibilidade de acompanhar outros pensadores importantes, pessoas que participam da construção do conhecimento. Ainda foram organizados eventos internos — cerca de 140 encontros virtuais promovidos por todos os cursos de graduação, pós-graduação e PPGD.

Os alunos puderam defender seus TCCs (trabalhos de conclusão de curso) de forma on-line, não tendo prejuízo às conclusões de suas formações.

Da mesma forma, foi realizada a Acolhida aos Calouros de 2020 dando início ao segundo semestre em uma live no Youtube com a participação simultânea de mais de mil pessoas.

“Considero que estamos realmente em processo constante de transformação para melhoria do ensino. Mas algumas atividades precisam essencialmente e estritamente serem presenciais e para tal já obtivemos aprovação da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba para gradativamente retornar presencialmente com um pequeno percentual de aulas práticas, tomando todas as precauções recomendadas pelos órgãos de saúde, para consolidar a formação de nossos acadêmicos mesmo em tempos de pandemia”, esclarece.

Nesse primeiro momento, o objetivo é priorizar os alunos dos últimos períodos das Escolas de Ciências da Saúde, Escola Politécnica e outros cursos que precisam das aulas práticas para concluir a graduação. Os estágios obrigatórios, atendimentos da Clínica Integrada de Saúde e Projetos de extensão também estarão sendo retomados gradativamente.