O cooperativismo do Paraná tem se mostrado um verdadeiro motor para o desenvolvimento do Brasil. Em 2025, declarado pela ONU como o Ano Internacional do Cooperativismo, o estado se destaca como exemplo de sucesso no setor. Com resultados robustos e forte impacto social e econômico, as cooperativas paranaenses mostram como é possível crescer com responsabilidade e sustentabilidade.
Hoje, o Paraná tem 227 cooperativas ativas, mais de 4 milhões de cooperados e 146 mil empregos diretos. Só em 2024, o setor movimentou R$ 205,6 bilhões, com resultado líquido (sobras) de R$ 10,8 bilhões. Isso representa um terço de todo o faturamento das cooperativas do Brasil, que somaram R$ 757,9 bilhões no ano.
As cooperativas do estado produzem 65% dos grãos e 45% da carne e dos laticínios no Paraná.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, destaca alguns pontos do sucesso:
“Nós sempre tivemos um planejamento por região, desde o início. E esse modelo permanece até hoje. Outro ponto importante é a profissionalização. Hoje, quem faz a operacionalização das cooperativas são profissionais altamente especializados e preparados.”
O crescimento contínuo e acelerado no faturamento do setor é uma mostra clara da força das cooperativas do Paraná. Em 2015, o faturamento era de R$ 50 bilhões. Hoje, superou R$ 200 bilhões, e até 2030 o planejado é chegar a R$ 500 bilhões.
“O Paraná é o estado que mais evoluiu. Isso se converte em desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida para toda a população”, observa Ricken.
Investimento forte para crescer ainda mais
Só em 2025, as cooperativas paranaenses vão investir R$ 9,2 bilhões. Os recursos vão para agroindústrias, armazenamento, logística, produção de energia e outros serviços. A ideia é aumentar a competitividade, modernizar e tornar as cooperativas ainda mais sustentáveis.
“O nosso histórico demonstra crescimento consistente nos investimentos. Foram R$ 2,2 bilhões em 2019, R$ 3,5 bilhões em 2020, R$ 6,2 bilhões em 2022, R$ 6,8 bilhões em 2024 e, agora, em 2025, mais de R$ 9 bilhões.”
Outro foco é a capacitação. Em 2024, foram promovidos cerca de 15 mil eventos de qualificação, alcançando quase 400 mil pessoas, com apoio do Sescoop/PR. Os cursos foram voltados à formação técnica, lideranças, educação política e inovação.
A tecnologia e a inovação também são prioridade. O Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense incentiva novas tecnologias e práticas sustentáveis.
Paraná serve de modelo para o Brasil e o mundo
O cooperativismo no Paraná é reconhecido por sua organização, planejamento e responsabilidade social. Por isso, recebe visitas de outros estados e até de fora do Brasil, que querem entender como tudo funciona tão bem.
O setor é bem diversificado e está presente em áreas como agropecuária, crédito, saúde, infraestrutura, transporte, consumo, trabalho, produção de bens e serviços. Isso ajuda o modelo a ser mais forte e chegar a milhares de famílias no estado.
“No Paraná, nós temos trabalhado para fazer com que missão da cooperativa fique clara: organizar economicamente as pessoas para que elas tenham mais renda. E com mais renda, elas conquistem uma condição social melhor. Com esse princípio, o modelo será duradouro e sustentável, contribuindo para a construção de um mundo melhor, que é o tema do Ano Internacional das Cooperativas declarado pela ONU.”
Ocepar exerce papel fundamental na organização
O Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) é quem coordena, apoia e representa o setor no estado. Faz parte de um sistema com três entidades: a própria Ocepar, o Sescoop/PR (educação e formação) e a Fecoopar (federação das cooperativas).
“A Ocepar foi criada em abril de 1971 com essa missão: representar e defender os interesses do cooperativismo, fortalecer um modelo socioeconômico com base em princípios como cooperação, ética, transparência, participação e inclusão”, explica Ricken.
Além da representação, a Ocepar também ajuda as cooperativas se fortalecerem e se modernizarem, com programas de capacitação, inovação e educação. Desde 1991, acompanha mensalmente 42 indicadores econômicos, sociais e financeiros.
Desafios pela frente
Apesar do sucesso, ainda há obstáculos. Para Ricken, um dos principais desafios é agregar valor aos produtos e encurtar o caminho até o consumidor.
“Temos que colocar o produto lá na ponta, encurtar caminhos, porque daí você tem uma renda melhor para o cooperado e pode oferecer produtos a preços melhores à população.”
Outro problema apontado pelo presidente da Ocepar são os juros altos. A taxa básica de juros, a Selic, nas alturas, na casa dos 15%, dificulta e inibe a expansão do setor.
“Como é que você faz um armazém com 20% de juros ao ano? Você não consegue pagar. Então, nós temos que buscar alternativas, principalmente para a logística e infraestrutura.”
A infraestrutura ruim é apontada com um problema gravíssimo, que encarece os produtos brasileiros, reduz a competitividade com outros países e desestimula os investimentos.
“Hoje, nós somos modelo para os americanos, para os europeus, conseguimos produzir barato, mas nossa infraestrutura de transporte é arcaica. Como é que você chega aos portos com competitividade? O produto sai barato da propriedade, mas chega caro ao comprador”, lamenta Ricken ao afirmar que é urgente medidas para melhorar a infraestrutura.
O presidente do Sistema Ocepar cita ainda como desafios a sucessão nas cooperativas, com a preparação das novas gerações, a alta carga de impostos e a necessidade de maior integração entre os ramos do setor como pontos que precisam de atenção.
Brasil se destaca no cenário internacional
Com 4.384 cooperativas espalhadas por 3.586 municípios, o Brasil se tornou referência internacional. A importância do país no cenário mundial é reconhecida pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
“O Brasil apresenta um terreno fértil para o desenvolvimento e crescimento do movimento cooperativista, refletindo não apenas na economia, mas também na inclusão social e no desenvolvimento sustentável das comunidades”, declarou Ariel Guarco, presidente ACI.
Em 2024, o cooperativismo brasileiro alcançou 25,8 milhões de cooperados, o que representa 12,14% da população e 23,32% da população ocupada do país. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, o crescimento foi de 66% nos últimos cinco anos.
“Esse aumento representa milhões de brasileiros que decidiram fazer parte de um modelo baseado em confiança, solidariedade e desenvolvimento compartilhado”, diz Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
Em termos financeiros, o cooperativismo brasileiro movimentou R$ 757,9 bilhões em 2024, distribuiu R$ 51,4 bilhões em sobras e pagou R$ 41,5 bilhões em salários e encargos – tudo isso com crescimento acima de 30% em relação ao ano anterior.
As cooperativas brasileiras também geraram 578 mil empregos diretos em 2024, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Outro destaque é a participação das mulheres: 52% dos empregos nas cooperativas são femininos, e elas já são 42% dos cooperados.
“O mundo mudou, e os propósitos do cooperativismo, que se concentram no bem-estar das pessoas e na busca por um mundo mais sustentável, são exemplos que merecem ser reconhecidos e adotados de forma mais efetiva”, observa Márcio Lopes de Freitas.
ONU destaca cooperativas como solução para os desafios do mundo
A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas. O reconhecimento reforça que as cooperativas são negócios que promovem o desenvolvimento sustentável, capazes de enfrentar problemas como pobreza, fome e mudanças climáticas.
Os números globais mostram o que representa hoje o cooperativismo:
- 3 milhões de cooperativas
- 1,2 bilhão de membros cooperados
- 280 milhões de empregos gerados
- US$ 2,4 trilhões em receitas das 300 maiores cooperativas
- Presença em mais de 100 países
“As cooperativas demonstram a força da união para enfrentar desafios globais e impulsionam o desenvolvimento, combatem a pobreza, fortalecem a segurança alimentar, além de criar oportunidades econômicas em mais de 100 países ao redor de todo o mundo”, ressaltou o secretário-geral da ONU, António Guterres, por ocasião da declaração do Ano Internacional do Cooperativismo.
Para ajudar esse modelo a crescer, a ONU pede que os governos criem políticas públicas de apoio, facilitem o acesso a financiamento e tecnologia, e fortaleçam a cooperação entre países.
