Vista Alegre

Bosque abandonado

Escrito por Andrea Côrtes

A história do Bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre, começou em 12 de setembro de 1986. Quem passeia pelo local encontra algumas trilhas de observação e muitas árvores nativas. Mas apesar de toda a importância histórica do local e das belas atrações naturais que os frequentadores podem encontrar, o bosque está abandonado. “Moro ao lado do bosque há 65 anos e é uma pena vê-lo sem os devidos cuidados. Ele realmente está abandonado. Esses dias a prefeitura veio fazer algumas manutenções, mas o mato tinha tomado conta. Eles fazem medidas paliativas, mas precisava de mais atenção”, relata o aposentado Valdir Siba, 65 anos.

O que era para ser uma ótima opção de lazer para o curitibano, porém, caiu no esquecimento. Valdir também conta que além da quantidade de sujeira encontrada no bosque todos os dias, a segurança é um outro ponto negativo. “O local já foi seguro. Tem muita gente que evita andar por aqui porque tem medo e a Guarda Municipal simplesmente não aparece. Se a gente ligar eles até aparecem, mas precisava de uma ronda mais constante”, afirma o aposentado, que passeava com seu neto pelo bosque.

Valdir: muita sujeira e falta segurança. Foto: Felipe Rosa
Valdir: muita sujeira e falta segurança. Foto: Felipe Rosa

Usuários de droga e mendigos fazem do local um espaço para dormir e aproveitam a falta de segurança para infringir a lei. A falta de cuidado é evidente nas paredes pichadas e no lixo jogado pelo caminho. Até mesmo belas atrações estão sem funcionar, como a cachoeira encontrada dentro do bosque.

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a cascata não está funcionando porque a bomba que a abastece foi desativada no final de 2014 pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em virtude dos constantes raios e tempestades já que estes equipamentos podem ser queimados mais facilmente com a queda de energia. Não foi informada previsão para o conserto.

A gerente de parques e bosques da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Valquiria Lima, explicou à Tribuna que existe uma verba mensal para manutenção de parques e bosques em toda a capital, mas salientou que no verão a grama e o mato crescem quatro vezes mais do que no inverno. “Temos equipes terceirizadas que fazem a limpeza dos bosques a cada 20 a 25 dias e equipes volantes para vistoria, mas tudo tem um cronograma”, comenta. Segundo ela, estão previstas para o primeiro semestre deste ano a manutenção dos dormentes e das lixeiras no Bosque Gutierrez.

Fonte que atraía gente
Água da fonte que atraía gente da cidade inteira agora é considerada imprópria para consumo. Foto: Felipe Rosa

A fonte secou

Uma das grandes atrações do bosque era a fonte de água mineral logo na entrada do bosque. Moradores da região e até mesmo curitibanos de outros bairros costumavam ir ao local para buscar água. Hoje, no entanto, o que se vê é apenas uma fonte vazia e uma placa informando que a água é imprópria para uso. Um morador do bairro que não quis se identificar relatou que antigamente o bosque era um paraíso. “As pessoas vinham de longe para buscar água da bica e olha no que virou”, conta.

História
O bosque também abriga o Memorial Chico Mendes, inaugurado em 1989, em homenagem ao líder seringueiro morto no Acre em dezembro de 1988. Mas o que restou do memorial são apenas cerâmicas sujas e malcuidadas.

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Andrea Côrtes

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