Vila Izabel

Aula de tensão

Escrito por Giselle Ulbrich

De todas as tarefas que os alunos do Centro de Educação Infantil (CEI) Madre Carmela de Jesus têm para fazer, atravessar a rua para entrar ou sair da escola tem sido a mais difícil. Pais reclamam que os motoristas descem a Rua Estado de Israel, na Vila Izabel, em alta velocidade e não respeitam a faixa de pedestres em frente ao portão da escola. Sem contar que, no horário de entrada e saída, os pais precisam parar os carros em ambos os lados da rua e a passagem fica “apertada”.

Raquel Paiva, 30 anos, que tem duas crianças matriculadas na escola, explica que a Rua Estado de Israel vem desde o cruzamento com as Avenidas Sete de Setembro, Visconde de Guarapuava e Iguaçu. Muitos motoristas utilizam a Estado de Israel para não precisarem ir até a Avenida Presidente Arthur Bernardes, onde o trânsito é mais pesado, e cortarem caminho, já que a pequena via dá acesso ao bairro Portão.

Raquel diz que situação é crítica na hora da saída
Raquel diz que situação é crítica na hora da saída

Mas os motoristas já vêm embalados e, quando chegam na descida em frente à escola, muitos nem conseguem frear a tempo na faixa de pedestres, mesmo havendo placas indicativas de escola e velocidade de 30 quilômetros por hora. Esta situação é crítica entre 16h20 (quando parte dos alunos começam a ser liberados) e 17h. “É tenso”, diz Raquel. Depois disso, o trânsito engarrafa e a velocidade diminui um pouco.

Além do inconveniente da velocidade dos carros, há o problema de onde estacionar para pegar as crianças. Os pais acabam estacionando em ambos os lados da via, o que deixa a passagem ao meio apertada e veículos maiores têm dificuldade em passar. As raspadas de espelhos tornam-se comuns e ocorrem até batidas leves de traseira de veículos, aquelas em que geralmente os motoristas se acertam no local e não registram a ocorrência. “Não tem onde parar”, relata Raquel.

Desrespeito

Priscila reclama da alta velocidade dos carros
Priscila reclama da alta velocidade dos carros

Há pais que também não dão o exemplo. Estacionam em cima da faixa de pedestres para pegarem as crianças. “A escola ensina questões de trânsito para as crianças. Mas os próprios pais param em cima da faixa. Então que moral eles têm para cobrar respeito no trânsito e ensinar algo aos filhos?”, lamenta a empresária Priscila Favreto, 33 anos, que reclama também da alta velocidade com que os carros descem a Rua Estado de Israel.

Uma freira, que estava no portão da escola, explicou que já pediram providências à Setran, como a colocação de uma travessia elevada de pedestres e um recuo para as vans escolares, pelo menos. “Mas a resposta que recebemos da Setran foi de que a situação é igual em todas as escolas. O máximo que eles fizeram foi vir aqui e colocar estas placas”, comenta a freira, referindo-se às placas de “embarque e desembarque de escolares, escola e velocidade controlada”. A colocação das placas, diz ela, não resolveu em nada o problema da velocidade e da falta de espaço adequado para estacionar.

Na frente do guarda

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

No dia em que a Tribuna esteve em frente à escola, havia uma viatura da Guarda Municipal no local. Mas, segundo o supervisor Bridarolli, era apenas para fazer a segurança, como fazem rotativamente em várias escolas. Por decisão administrativa da prefeitura, eles não podem fazer autuações de trânsito, trabalho que é destinado somente à Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).

Os motoristas parecem não ter se intimidado com a presença dos guardas e da viatura com o giroflex ligado. Muitos desciam a rua em velocidade e não paravam antes da faixa de pedestres para dar a vez aos pais com crianças. Além de pararem em cima da faixa de pedestres, bem na frente da viatura da Guarda.

O que diz a Setran

Foto: Felipe Rosa
Muitos motoristas não se intimidaram com a presença dos Guardas Municipais. Foto: Felipe Rosa

Em nota enviada à Tribuna, a Setran informou que a sinalização no local foi reforçada recentemente, com implantação de sentido único na via e faixa amarela na quadra do CEI, que permite embarque e desembarque nos horários de entradas e saídas. “Não é possível a implantação de lombada ou travessia elevada porque a via no local tem declive acentuado (legislação de trânsito não permite a colocação nessas condições). Os remansos também não são possíveis por haver muitas árvores nas calçadas e não haveria espaço para a passagem dos pedestres, caso houvesse a colocação dos mesmos. A fiscalização da Setran deverá fazer operações programadas para coibir o desrespeito à faixa de segurança no local”, detalha o comunicado.

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Giselle Ulbrich

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